Um dos mais tradicionais blocos do carnaval de Belo Horizonte, o “Então, Brilha!”, fez a galera acordar cedo, às 5h da manhã, para sua concentração na rua Curitiba, no Centro. Cerca de 100 mil foliões acompanharam o bloco e não deixaram nada os abalar, nem a chuva, nem o atraso na saída do bloco e muito menos o sono.
Regidos pela banda do bloco, que fazia um animado show em cima do trio elétrico, e da bateria do “Então, Brilha!”, os que acompanharam o bloco puderam pular e dançar muito ao som de clássicos do Axé nacional, como “Arerê”, de Ivete Sangalo.
O folião Thiago Pessoa, que acompanha o Então, Brilha! desde que o carnaval belo-horizontino começou a crescer, falou do bloco.
“O ‘Então, Brilha!’ é um dos blocos mais tradicionais de Belo Horizonte. Posso dizer que é o melhor de BH. Acontece de manhã e todo mundo acorda cedo e ele já dá o ritmo para o dia inteiro de carnaval”, disse Thiago, antes de se juntar a outros foliões com cânticos referentes ao bloco.
Muito conhecido por ser um dos blocos que revitalizaram o carnaval de BH, o Então, Brilha! traz em sua essência muito do caráter plural e político da festa realizada na capital mineira. Sempre respeitando as diferenças e incluindo a todos, cada qual com sua diversidade.
Sara Alberti, que fez parte da bateria do bloco e hoje acompanhou o então brilha pelo projeto “Casa de Gentil”, falou com a reportagem do Mais Minas sobre a importância política do bloco e do carnaval de BH.
“O Então, Brilha! traz toda a alegria do carnaval, mas ele consegue trazer todas as lutas para rua e aproveitar esse espaço que o bloco já tem para falar sobre essas coisas e dar visibilidade para quem é invisível”, disse Sara.
Ela falou ainda da mudança de sua relação pessoal com a cidade após se envolver mais no carnaval de BH.
“Eu acho que o carnaval tem um alcance muito grande, de muitas pessoas. Eu mesma quando comecei a participar do carnaval de BH, tocando na bateria, eu resinifiquei muito meu olhar pela cidade. Eu me senti mais pertencente desse espaço público. Eu acho que quando traz o pertencimento desse espaço público pra gente, a gente consegue ampliar nossa visão para essas outras causas, para esse grande encontro da diversidade”, finalizou.
Homenagem
O carnaval foi oficialmente inaugurado com um momento de emoção e homenagem às vítimas do rompimento da barragem da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, na grande BH, em 25 de janeiro deste ano. Um toque de sirene foi ouvido na abertura do bloco, seguido por um minuto de silêncio que homenageou as vítimas.
“Que a gente nunca se esqueça. Que gente é para brilhar e não para ficar debaixo de nenhuma lama”, falou o regente do bloco na abertura do desfile.
Atraso
Um fato no mínimo inusitado aconteceu no início do dia, quando o Então, Brilha! começaria sua concentração. Os freios do trio elétrico que acompanharia o bloco amanheceram cortados, sem que ninguém saiba quem ou porquê o ato teria acontecido. O problema acabou atrasando a saída do bloco, que já tradicionalmente acontece no início do dia. Mas nada que desanimasse os foliões, que seguiram o cortejo com muita festa e alegria.
A vocalista da banda do bloco Michelle Andreazzi, falou sobre o que o Então, Brilha! represente para ela.
“Apesar do carnaval ser tido como uma festa profana, para mim é um dos momentos mais sagrados do ano, porque quando as pessoas abrem espaço para viver um sonho e todas se conectam com o sentimento de liberdade e amor, tem uma potência incrível. Então é muito emocionante, é muito forte, é muito maravilhoso”, disse a cantora.
Segundo Michelle, o atraso ao invés de abalar os carnavalescos, trouxe ainda mais emoção para o desfile.
“Não abalou porque o trio chegou né, foi mais emocionante ainda”, finalizou.