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Um Relato Estranho de um Processo Seletivo de Estágio

19/10/2017 às 21:57
Tempo de leitura
7 min

Em Novembro e Dezembro de 2016 participei de um processo seletivo de estágio em uma empresa que, senão for a maior do Brasil em seu ramo, está entre as 03 primeiras, e, após concorrer com 3 mil pessoas e chegar na fase final de entrevista, percebei algumas situações durante o processo que gostaria de compartilhar neste relato, pois pode ser que ajude algumas pessoas.

A dinâmica de grupo ocorreu em dois dias distintos, com grupos distintos de alunos, os melhores da etapa anterior que era de prova online e teste de inglês, em turnos diferentes. A minha dinâmica, na terça-feira de manhã, ocorreu com alunos do meu e de outros cursos (engenharia). Na quarta de manhã, houve a dinâmica com alunos de administração e, estranhamente em separado dos de engenharia na terça, também com um outro aluno de engenharia.

Pois bem, quem me conhece um pouco pessoalmente sabe que imagem pessoal é algo que eu prezo muito, principalmente se tratando de um processo seletivo em uma empresa de tal porte. Então me preparei muito, uma semana inteira, pensando nos mínimos detalhes da apresentação. Na minha dinâmica só havia mais um aluno do meu curso, os outros todos, de um total de aproximadamente 20 alunos, eram de outro curso, concorrendo a outras vagas que não a minha. Naquele momento eu acreditava que estava concorrendo com apenas uma pessoa, pois nos foi informado que havia uma vaga para o meu curso e que na fase de entrevista pessoal a entrevista seria feita por 04 gestores da empresa.

Após a dinâmica, recebi o e-mail de que estava na etapa final de entrevista com gestores, que aconteceria mais ou menos em 08 dias. Mais uma vez voltei a me preparar ainda mais durante esses 08 dias, quase sem dormir de ansiedade também, pensando nos mínimos detalhes, pois poderia ser a chance única da minha vida de iniciar a carreira de engenheiro em uma empresa top 3 do Brasil.

Chegando no local da entrevista, encontrei com o outro candidato do meu curso que participou da dinâmica comigo, e que já tínhamos até virado colegas, e se eu perdesse para ele estaria triste e feliz ao mesmo tempo pela sua vitória, pois o cara era muito “gente boa”. Porém, depois de nós dois chegarmos quase 01 horas antes do marcado (14 horas), não havia ninguém da empresa no local, pois nos foi informado que eles haviam ido almoçar. Estaria tudo normal se a primeira pessoa da empresa que seriam umas das que faria a entrevista com os candidatos não fosse uma das anunciadas na dinâmica e chegou as 14h30min sozinha, sem mais ninguém. Após ela ver que não tinha mais ninguém da empresa, ligou e foi informada que uma outra pessoa que apareceria estava internada, pois passou mal (??), e que ela ligou para a empresa solicitando que uma outra pessoa fosse ao local para realizar a entrevista com os candidatos junto com ela.

Nesse meio tempo chegou outro candidato, e nisso eu e o meu colega ficamos assustados, pois na nossa dinâmica só havia nós dois. Na espera pela segunda pessoa que iria fazer a entrevista, começamos a conversar com o candidato surpresa e ele havia nos dito que tinha feito a dinâmica com os alunos da administração e que “recebeu a ligação para a entrevista de hoje ontem a tardinha”, e que a entrevista dele foi marcada para 13h30, a primeira de nós três. Nisso meu colega já cochicha comigo relacionado o famoso “QI”, que ele já tinha uma certa experiência no mercado de trabalho e que já sabe como funciona.

Eu otimista preferi acreditar que foi sim uma coincidência.

Pois bem, chegado a segunda pessoa para fazer entrevista, percebemos que nenhum dos dois entrevistadores foram aqueles mencionados na dinâmica. Fui o último dos três a ser entrevistado. No final uma das entrevistadoras avisou que tinha pressa para contratação e que o resultado sairia no máximo até sexta-feira (em 03 dias). O e-mail com a negativa da vaga para mim e o meu colega chegou mais que 20 dias depois.

Depois disso me veio a cabeça aquilo que meu colega concorrente havia dito a respeito do QI, pos nenhum de nós dois foi o aprovado. Não estou colocando a capacidade do escolhido em questão, acredito que ele possar ser melhor do que nós dois e ter merecidamente ser o escolhido. Ele não tem culpa da falta de isonomia do processo ao qual passamos.

O que me incomodou mesmo é que a empresa, no período de inscrição coloca uma série de requisitos para os candidatos, responsabilidade, ética, blá blá blá, estar equivalente aos valores da empresa, além dos requisitos técnicos bastante exigentes, pra chegar logo num processo seletivo de estágio, que é algo que passa a primeira impressão aos futuros empregados, mostrar, caso tenha sido QI, falta de respeito com pessoas que gastaram tempo e dinheiro (as cidades da dinâmica e entrevista eram longe da minha) fazendo-as acreditar que estavam concorrendo a algo que não existia, que já havia um escolhido de antemão.

Não sendo QI, a empresa mostrou no mínimo um nível de amadorismo, falta de preparo e responsabilidade muito grande, por tratar, sem o mínimo de ISONOMIA, os concorrentes a uma mesma vaga. Ou seja, a empresa cobrava na inscrição algos dos candidatos que ela mesmo está longe de ter.

Eu acho que todas as empresas tem o direito de contratar quem elas quiserem, são elas que pagam o salário e seus impostos. Porém não usem de “perfumaria” para tal, fazendo pessoas que tem uma meta e sonho de vida sendo enganadas. Brincar com a esperança das pessoas é algo muito sério.

Depois disso me desmotivei por um tempo, recebi ligações de outras grandes empresas dizendo que eu havia sido aprovado nos testes iniciais, dizendo se eu estava interessado em participar das próximas etapas, neguei todas, já pensando na situação que eu passaria, do quanto eu iria me empolgar e no final sofrer uma frustração tão grande quanto a vivenciada.

Hoje quero concluir o meu curso, falta alguns meses, e estou abrindo a minha própria empresa, onde tenho prazer de investir meu tempo e dinheiro, e estou muito motivado em começar algo do ZERO e vê-la crescer futuramente. Percebi que ao invés de correr atrás e trabalhar em uma, posso fazer eu mesmo a minha, e se num futuro tudo der certo, fazer diferente e tratar com respeito e seriedade todas as pessoas que um dia estarão envolvidas comigo e a minha empresa.

O que mais me chamou atenção nisso tudo é que algumas empresas vivem por aí na mídia dizendo que o profissional chega despreparado para entrevista, no emprego, etc, que falta mão de obra qualificada, mas e as empresas? se a relatada, que é top 3 do Brasil, encontra-se num nível desses de recrutamento, como exigir tanto dos candidatos?

Se você está desempregado e tem alguma história interessante para ser publicada na nossa coluna “Trabalhador em Foco“, mande pra gente. Pode ser histórias de entrevistas de emprego que você passou como candidato, alguma injustiça na demissão, histórias em processos de seleção ou qualquer outro relato que você queira contribuir para este nosso espaço. Os textos serão publicados anonimamente. Envie sua história para [email protected] .

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Última atualização em 19/08/2022 às 12:08