A doença misteriosa que atingiu moradores da cidade de Belo Horizonte, e que começou a ser falada no último domingo (5), obteve novas informações durante a quinta-feira (9): a Polícia Civil e a vigilância sanitária divulgaram durante a noite de quinta, no Instituto Médico-Legal (IML), que em perícia foram encontradas substâncias tóxicas em amostras de cerveja Belohorizontinas, da marca Backer compatíveis com o quadro clínico desenvolvido por oito pessoas.
Durante as investigações o composto orgânico encontrado foi o dietilenoglicol, também conhecido como éter de glicol, responsável por refrigerar a cerveja. A substância foi encontrada em dois lotes da Belohorizontina, L11348 e L21348. De acordo com a empresa Backer, foram produzidos cerca de 33 mil produtos desses lotes, totalizando 66 mil garrafas. Em nota, a empresa explica que “por precaução, os lotes em questão (…) serão retirados imediatamente de circulação, caso ainda haja algum remanescente no mercado”.
Leia a nota na íntegra da cervejaria Backer:
“Após entrevista coletiva nesta tarde, a Polícia Civil divulgou laudo informando que a substância dietilenoglicol foi identificada em duas amostras recolhidas da cerveja Belorizontina na casa de clientes, que vieram a desenvolver os sintomas. Vale ressaltar que essa substância não faz parte do processo de produção da cerveja Belorizontina, fabricada pela Cervejaria Backer.
Por precaução, os lotes em questão – L1 1348 e L2 1348 – citados pela Polícia Civil, e recolhidos na residência dos consumidores citados, serão retirados imediatamente de circulação, caso ainda haja algum remanescente no mercado. A Cervejaria Backer continua à disposição das autoridades para contribuir com a investigação e tem total interesse que as causas sejam apuradas, até a conclusão dos laudos e investigação.”
A cerveja em questão afetou moradores do bairro Buritis, e os sintomas começaram a ser sentidos desde dezembro. Entre os sintomas estão náuseas, vômito, dor abdominal, insuficiência renal e alterações neurológicas, como paralisia facial, borramento visual e alteração sensorial.
O que é o dietilenoglicol encontrada na cerveja?
O dietilenoglicol é uma substância anticongelante bastante utilizando na indústria. Ele é de cor clara, viscosa, não tem cheiro mas tem um sabor adocicado. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a substância é um solvente tóxico que pode causar insuficiência renal e hepática, podendo levar a morte.
A intoxicação pela substância ocorre quando ela é usada de forma inapropriada durante sua preparação. De acordo com Carlo Lapolli, presidente da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), apesar do composto ser anticongelante, ele não é muito utilizado em cervejarias. O composto mais utilizado na produção da bebida é, na verdade, o propilenoglicol, que pode ser consumido por seres humanos.
Os intoxicados
Até agora, foram confirmados pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), oito pessoas com sintomas de insuficiência renal e problemas neurológicos. Sete delas estão internadas e uma morreu na última terça-feira (7).
Paschoal Demartini Filho, de 55 anos, era morador de Ubá e chegou a ficar internado em Juiz de Fora após sentir dores. Ele morreu na terça-feira (7), em decorrência da doença. Segundo informações, ele e o genro ingeriram a cerveja Belohorizontina, também no bairro Buritis, no fim de dezembro. O genro, de 37 anos, também está internado com a mesma doença.
Repercussão nas redes sociais
#backer afirma que a substância dietilenoglicol NÃO é usada na confecção das cervejas da marca. Se for verdade, porque alguém sabotaria lotes da #belorizontina? Concorrência entre cervejas? Entre supermercados, bares? Vai dar muito pano pra manga isso daí
— xambra (@xambrao) January 10, 2020
"A Backer produziu 66mil cerveja Belorizontina dos lotes L1 1348 e L2 1348, foram encontrados a substância dietilenoglicol."
Segundo a cervejaria: "A substância não faz parte do processo de produção da cerveja Belorizontina".66MIL PRODUZIDAS 6 PESSOAS "CONTAMINADAS"? ESTRANHO
— Gust?️vo Gripp (@GustavoGripp97) January 10, 2020
Comprei uma #backer Lay Back D2 na segunda feira. Mesmo não sendo belorizontina, bate aquela dúvida: tomar ou não tomar?
— Ronaldo Junior (@ronaldojuniormg) January 10, 2020
Tento o medo de que essa história da Belorizontina, da Backer, afete toda a cadeia produtiva de cervejas artesanais.
— Wallace Graciano (@wallacegraciano) January 10, 2020
Muito estranho isso sobre a Belorizontina adulterada! O lote de produção de uma cerveja dessas é muito grande e de rápido consumo, e tem “apenas” 9 casos! Fora que segundo a backer essa substância n faz parte do processo de produção da cerveja.Precisa ser investigado muito afundo
— Iza.bely (@izabelyestefani) January 10, 2020