Entre 2015 e 2016 vivemos dias de sofrimento com equipes que não mereciam ser chamadas de times de futebol. E muito dessa falta de qualidade se deveu ao alto número de apostas, algumas caras, outras baratas, feitas pela diretoria da época, um jeito alternativo de recorrer ao mercado. Quem não se lembra de Pará, Gino, Rafael Silva, Douglas Grolli e mesmo alguns que deram relativamente certo como Ariel Cabral. Aquela época o torcedor só queria um jogador temível para a equipe. Aquele que o adversário olha e se amedronta. Até porque, convenhamos, nem eu teria medo de marcar o Pisano.
Hoje nós vivemos outra realidade. Temos um elenco que, apesar de muitas vezes não encantar, é consistente e cascudo, não à-toa é considerado um dos melhores do país. Diferentemente dos tenebrosos anos de 2016 e 17, a diretoria do Cruzeiro focou na contratação de jogadores experientes e vitoriosos, como foi o caso de Edilson, Egídio, Thiago Neves e Barcos. E tendo tanta experiência e “cancha” ao redor, esse é o momento de desenvolver jogadores que ainda não tiveram grande destaque. Sejam eles da base, sejam contratações pouco conhecidas. Uma coisa é você ser um jovem meia e ter que tabelar com Marquinhos, Bruno Nazário e Rafael Silva. Outra é você ter Arrascaeta e Thiago Neves te ajudando a armar uma jogada.
E tenho sentido falta desse tipo de aposta no Cruzeiro. Futebol é exatidão, mas também é improviso. O único jogador que o Cruzeiro trouxe num molde parecido foi David, que ainda assim veio por um valor alto e com expectativa de assumir a titularidade. E não se enganem. Não quero novos Douglas Coutinhos, Marcieis e Fabianos. As contratações de jogadores sem tanta mídia podem ser feitas e estudadas com mais calma, por geralmente despertarem pouco interesse de envolverem cifras mais baixas. O que espera é um bom trabalho de prospecção e observação de jogadores de séries inferiores e do mercado sul-americano. Afinal, o clube tem olheiros para isso, não é? Sinto falta de tiros mais certos do time em situações como essa. De tentativas. Quem não lembra de Ramires e Moreno, por exemplo?
Aproveite o ambiente que você tem, Cruzeiro, com o treinador mais longínquo do Brasil, clima bom no vestiário e jogadores cascudos e vitoriosos. Analise bem as possibilidades e seja ousado. Quem sabe não encontramos um Arthur, como fez o Grêmio.
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