Em entrevista exclusiva, Mais Minas conversa com Walter Montillo, ex-camisa 10 do Cruzeiro

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Walter Montillo é o novo camisa 10 da Universidad de Chile. Após grande passagem no Tigre-ARG, o argentino retorna ao clube onde explodiu para o futebol sul-americano, atraindo a atenção dos principais times do continente. O meia chegou ovacionado pelo lado azul de Santiago, que o recebeu com festa no aeroporto. Com passagens por Cruzeiro, Santos e Botafogo, Montillo tem história no futebol brasileiro, onde atuou entre 2010 e 2014, e em 2017.

Em entrevista exclusiva, o camisa 10 conta ao colunista João Victor Pena detalhes de sua saída do Cruzeiro, sua volta ao Chile, a importância de sua passagem pelo Tigre e mais. Confira.

Rebaixamento do Cruzeiro

Jogando no Tigre da Argentina, Montillo acompanhou de longe o rebaixamento do Cruzeiro, seu ex-time. O meia nos contou um pouco sobre isso:

“Eu acompanhei (a campanha) pelo telefone. É difícil ver um jogo aqui, os jogos do Brasileirão não passam na Argentina. A única partida que eu assisti foi a última contra o Palmeiras, que procurei em um site e consegui ver. É difícil, é um time que gosto, que tive uma grande passagem e que nunca havia caído. Acontecer isso não é bom não, foi triste demais”, disse o ex-camisa 10 celeste.

Relação com ex-companheiros

Léo e Fábio, ídolos do Cruzeiro, jogarão a Série B pelo clube. Eles foram companheiros de Montillo durante sua passagem pela Toca da Raposa. O argentino falou um pouco sobre a sua relação com os ex-colegas de equipe:

“Com eles não mantive contato. Eu sou muito amigo do Henrique, que acabou saindo agora, pro Fluminense, mas com Léo e Fábio não converso não”, contou Montillo.

Durante a entrevista o meia também lembrou de quando visitou o hotel da delegação do Cruzeiro, quando se hospedaram em Buenos Aires, para o confronto com o Boca, na Libertadores de 2018, na Bombonera.

Em entrevista exclusiva, Mais Minas conversa com Walter Montillo, ex-camisa 10 do Cruzeiro

Montillo e Fábio apresentam uniforme cruzeirense – Crédito da foto: Washington Alves/Vipcomm

Volta à La U

“Eu sempre falei que iria voltar para jogar meus últimos anos aqui, mas infelizmente não tinha dado certo até agora. Entre idas e vindas, nunca aconteceu de eu voltar, mas agora o treinador me ligou e eu já havia jogado com ele, o conheço muito. Ele me falou pra vir pra cá, pra tentar jogar meus últimos anos aqui. Eu acho que no Tigre eu já tinha feito tudo o que podia fazer, fomos campeões. Foi isso que me motivou a voltar. Eu sempre quis voltar, é um clube que eu e minha família gostamos muito e acho que foi uma oportunidade muito linda para mim”, disse Montillo, exaltando seu retorno à Universidad de Chile, que deu a ele visibilidade continental.

O treinador da La U, mencionado pelo camisa 10, é o ex-goleiro Hernán Caputto. Durante sua carreira profissional, ele atuou em diversos clubes, incluindo a Universidad de Chile, onde foi companheiro de Montillo entre 2008 e 2009.

Em entrevista exclusiva, Mais Minas conversa com Walter Montillo, ex-camisa 10 do Cruzeiro

Montillo retornou ao clube que o deu projeção continental – Crédito da foto: Marcelo Hernandez/Photosport

Momento e expectativas

O argentino também falou sobre o momento que vive o clube, as expectativas para a temporada e a derrota da La U para o Colo-Colo na final da Copa do Chile. Confira:

“Eu cheguei aqui para tentar ajudar o time. A equipe tá numa situação complicada com rebaixamento, no ano passado acabou muito abaixo na tabela. Esse ano vou tentar ajudar, junto com meus companheiros, a tirar o time dessa situação. Um novo torneio está começando. A gente tinha essa final, que ano passado, por conta da causa social, não acabou. O time jogou bem, mas não conseguimos vencer. Tivemos erros que levaram a gente a perder, mas eu estou confiante que o time vai começar bem. A Libertadores é um prêmio também. A gente vai jogar contra um time muito difícil, mas vamos tentar. Num jogo são 11 contra 11 e tudo pode acontecer. Agora temos dois jogos pela frente, tomara que consigamos duas vitórias, pra chegar com muita confiança no jogo contra o Inter”, disse o meia.

Apesar da confiança de Montillo, o time estreou com derrota no Campeonato Chileno. O primeiro jogo da sequência mencionada no texto, foi contra o Huachipato, que ocorreu no dia 26 e a La U perdeu por dois a um. O segundo, ocorrerá no dia primeiro de fevereiro, e será contra o Curicó Unido. Ambos os jogos são válidos pelo torneio nacional. Já o confronto contra o Internacional, ocorrerá no próximo dia quatro, válido pela partida de ida da segunda fase da Copa Libertadores. Esse jogo será disputado no Estádio Nacional, em Santiago.

Relembre algumas pinturas de Montillo com a camisa do Cruzeiro:

Conflitos no Chile

Durante a matéria, Montillo foi questionado sobre sua visão sobre a difícil situação política que tem vivido o Chile e afirmou:

“É difícil eu falar de fora. Eu fiquei morando muito tempo longe daqui e o pior que aconteceu foi ano passado. É uma situação muito complicada pra eu falar alguma coisa. Tomara que tudo melhore para o povo chileno, mas é muito difícil eu dizer algo”, disse o meia.

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Retorno da aposentadoria e sucesso na Argentina

Em 2017, quando atuava no Botafogo, Montillo anunciou sua aposentadoria após uma série de lesões. No início de 2018, acertou seu retorno ao futebol, assinando com o Tigre, sua primeira equipe argentina após ficar mais de dez anos fora do seu país natal. Durante a matéria, perguntei ao camisa 10 se quando ele retornou aposentadoria, ele achou que algum dia conseguiria voltar a atuar em alto nível, e ele respondeu:

“Eu sempre penso o melhor para mim, mas às vezes é difícil. Eu fiquei parado seis meses, mas seis depois quando machuquei o joelho. Eu sempre acredito nas minhas condições, no meu futebol, mas no Tigre deu tudo certo. Eu fiquei muito feliz de conseguir o primeiro do clube, ser reconhecido como melhor meia, o melhor jogador da competição. Para mim foi muito especial, mas sempre acredito no meu futebol”, declarou o jogador.

Walter Montillo

Montillo ajudou o Tigre a bater o Boca Juniors e ser campeão da Copa da Superliga Argentina – Crédito da foto: Getty Images

Durante sua passagem no Tigre, o meia conseguiu conquistar o título da Copa Argentina, feito que o clube nunca havia conseguido. Lá ele também reencontrou o caminho das glórias individuais. Entrou para a seleção do Campeonato Argentino, onde foi líder de assistências, além de ser eleito o melhor jogador da copa local. O meia ressaltou a importância dessa passagem na sua carreira.

“Voltar ao meu país após dez anos jogando fora, e voltar a ser reconhecido na Argentina, foi muito importante para mim. Jogar lá era uma dívida que eu tinha. Eu saí muito de novo de lá, tinham muitas pessoas que nem me conheciam. Ter saído campeão e voltar a ser o melhor do torneio, no meu país, para mim tem uma importância muito grande”, contou.

Saída polêmica do Cruzeiro e relação com Gilvan

A saída de Montillo rendeu muitas discussões na comunidade cruzeirense. O meia acabou saindo brigado com Gilvan de Pinho Tavares, ex-presidente da Raposa. Na época, o dirigente disse que o meia teria forçado a saída para o Santos. Tais declarações deixaram muitos torcedores bravos com o argentino, que foi vendido ao clube paulista por mais de R$ 16 milhões, mais o retorno do volante Henrique. O argentino nos contou a sua versão dos fatos, confira:

“Eu já tinha falado sobre isso. O problema foi que quando eu saí para o Santos, ele tentou jogar a torcida contra mim. Eu não faço isso aí. Quando vou a um time, eu tento ser o mais profissional possível. Falar dentro do campo. Eu acho que o Cruzeiro naquele momento precisava do dinheiro da venda, era bom para o clube e era bom para mim. Mas ele tentou jogar os torcedores contra mim e isso não se faz. Acho que tem torcedores que compraram e outros que não. Mas ele pegou o dinheiro para montar o time que depois veio e saiu campeão. No Cruzeiro eu joguei com meu filho internado e nunca fui cobrar de um presidente, nem nada. Acho que ele tem que ter mais respeito antes de falar de um jogador que passa por um clube, uma instituição tão grande, como é o Cruzeiro”, desabafou o craque.

Gilvan de Pinho Tavares

Gilvan de Pinho Tavares entrou em atrito com Montillo durante a venda do meia ao Santos – Crédito da foto: Washington Alves/Light Press

O ano de 2010

Em 2010, no primeiro ano de Montillo no Cruzeiro, clube fez uma excelente campanha no Brasileirão, disputando o título até a última rodada. Apesar do bom futebol, a equipe acabou o torneio apenas na segunda colocação, e viu o troféu ir para as mãos do Fluminense, de Muricy Ramalho e Conca. O treinador da Raposa, naquela época, era Cuca, que permaneceu no clube até o meio do ano seguinte. Fábio e Montillo eram os principais destaques celestes, e acabaram entrando na seleção do campeonato. Perguntado sobre aquele time, Montillo nos contou o motivo pelo qual, acredita que aquele time não foi campeão.

“Eu acho que, naquele momento, o time foi se montando no decorrer do campeonato. Se eu não me engano, eu cheguei na 17ª rodada. Não lembro exatamente em qual rodada eu cheguei, mas foi em agosto. O torneio já havia começado. Vários companheiros estavam chegando. Acho que quando eu cheguei o time estava na décima colocação, foi uma arrancada muito grande. Mas faltaram três pontos e o Fluminense não ter ganho do Guarani”, disse.

Futuro da carreira

Com 35 anos, Montillo vive uma nova fase na carreira. Após retornar da aposentadoria, em 2018, viveu uma grande passagem na sua terra natal, e agora o retorna à liga onde foi destaque e ganhou visibilidade internacional. Contudo, a idade e o tempo de carreira fazem dele um veterano, status diferente do que tinha em sua primeira passagem. Perguntado sobre os rumos de sua carreira e até quando pretende continuar, ele respondeu:

“Não sei, por enquanto eu assinei por um ano só. Não quis assinar mais de um ano, porque primeiro quero que eles vejam como estou, como estou jogando, como está minha parte física. E no final do ano a gente vê se eu vou continuar jogando. Por enquanto, até o final do ano, eu vou. Depois eu vou ver como foi minha temporada e vou decidir com a minha família. Mas, por enquanto, eu vou jogar mais um ano”, contou.

Walter Montillo

Montillo com a taça da Superliga Argentina – Crédito da foto: Arquivo Pessoal

De volta à La U, Montillo poderá retornar aos gramados brasileiros em breve. Caso esteja apto, é provável que o meia seja titular no jogo de volta entre Internacional e Universidad de Chile, que ocorrerá no estádio Beira-Rio, no dia 11 de fevereiro. Caso passe pelas fases preliminares, e avance para a fase de grupos, a equipe chilena cairá no grupo E, que tem o Grêmio como cabeça de chave. 

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