A cultura empreendedora no Brasil foi impulsionada, principalmente, pela crise econômica, que deixou milhares de pessoas sem emprego formal, obrigando muitos a se aventurarem por conta própria. Porém, quem deseja seguir uma carreira autônoma, dificilmente encontra em uma faculdade tradicional a preparação para isso.
A maioria dos cursos de graduação brasileiros forma estudantes para seguirem trajetórias em empresas ou investir na carreira acadêmica. “Se o empreendedorismo fosse considerado realmente uma alternativa profissional, aulas que tratem de assuntos essenciais para a sobrevivência de uma empresa seriam parte da grade curricular de todos cursos. Com tanta gente empreendendo, é necessário mostrar para a nova geração que esse caminho é uma opção de carreira sim, mas que sem os conhecimentos essenciais, ela não vai decolar”, afirma o vice-presidente de Micro e Pequenos Negócios da TOTVS, Eros Jantsch.
O problema da falta de preparo é que muita gente abre um negócio sem ter nenhuma noção de gestão e, assim, as chances de terminar dentro da estatística do Sebrae – que diz que a taxa de mortalidade nas microempresas é de 45% nos dois primeiros anos de existência – é muito grande. Para Alessandra Meira, Gerente de Produto da Solução Educacional Conquista, o empreendedorismo deve ser estimulado desde cedo, em casa e nas escolas, desde a Educação Infantil. No Brasil, são mais de 800 escolas e um total aproximado de 100 mil alunos que utilizam o sistema de ensino, que traz material específico sobre empreendedorismo e educação financeira, com o objetivo preparar os estudantes para a vida adulta, aptos a serem donos de seus próprios negócios.
Segundo Alessandra, o maior benefício da educação empreendedora é que os alunos passam a enxergar tudo que há ao seu redor como um campo aberto para experiências, um lugar onde há a possibilidade de inovar, de melhorar a sua realidade e também a da escola e comunidade em que estão inseridos. “Ensinar empreendedorismo é dar liberdade para a criança protagonizar seu futuro, sonhar e colocar suas ideias em prática. É também a forma de fazê-los compreender o valor das pequenas conquistas e ajudá-los a construir já na escola uma trajetória de vida de sucesso”, afirma a gestora.
As lições sobre empreendedorismo começam pequenas. Pode ser num problema simples do dia a dia que a criança queira resolver, como uma goteira que está sempre pingando ou uma horta sem cuidados. “Se ela receber apoio, vai começar a desenvolver soluções e a perceber a capacidade que ela tem de atuar como agente transformador da realidade. Quanto mais esse comportamento foi encorajado, mais ele vai se fortalecer”, garante Alessandra. A família também pode estimular o empreendedorismo em casa, desde os primeiros anos de vida. “Por mais que muita gente acredite que é muito cedo para começar a falar sobre o assunto com as crianças, existem algumas habilidades que, ao serem estimuladas e desenvolvidas, são capazes de contribuir para um futuro empreendedor de sucesso”, afirma a educadora. São elas:
1 – Persistência nos objetivos
Mesmo quando criança, os pequenos possuem objetivos. É essencial que os pais estejam atentos e os ajudem a persistir para alcançá-los. Mas vale lembrar que é também na infância que as crianças começam a demonstrar habilidades que podem definir sua vocação. Ao ajudar os filhos a desenvolver desde cedo essas habilidades, isso vai criar um espírito empreendedor, e eles consequentemente crescem mais bem preparados.
2 – Estabelecer metas
Para que se consiga chegar aos objetivos, é preciso estabelecer metas. Portanto, é importante que os pais, e também os professores, que possuem um papel fundamental nesse processo, estimulem as crianças a estabelecer metas que sejam alcançáveis. Por exemplo: almoçar com a TV desligada, dormir todo dia no mesmo horário, guardar os brinquedos antes de dormir, etc.
3 – Fazer amizades
Esse simples comportamento das crianças faz com que elas tenham um convívio social mais desenvolvido, ou seja, desde cedo vão começar a ter relações com outras crianças, o que desenvolverá o lado comunicativo. Isso porque é importante lembrar que um bom empreendedor é alguém que tem boas capacidades comunicativas, que sabe se relacionar e conviver com outras pessoas.
4 – Autoconfiança
Outra habilidade importante e que precisa ser trabalhada com as crianças é a autoconfiança. É essencial fazer com que elas acreditem em si mesmas, e principalmente, que são capazes de realizar tudo o que planejam e que são capazes de alcançar os seus objetivos, se tiverem persistência.
5 – Independência
Por fim, outra habilidade a ser trabalha com os filhos e com os alunos é a independência. Ensinar as crianças que existem tarefas que elas podem desempenhar sozinhas é uma boa forma de como ensinar empreendedorismo para os filhos ainda durante a infância.
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Empreendedorismo deve ser estimulado desde cedo
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