Quinta feira, 02 de agosto de 2018. Esta data, aparentemente simples, pode ser considerado um marco para a participação popular no município de Ouro Preto.
O motivo para tal afirmação, se deu por ter sido esta a data de um dos debates mais esperadas (e polêmicos) dos últimos tempos na cidade, a audiência pública para discutir a implantação do programa Escola Democrática, um Projeto de Lei (PL) de autoria do vereador Geraldo Mendes (PCdoB).
O tema, tão simples quanto fundamental de ser discutido no dia a dia das instituições de educação pública, não parecia causar tanta contestação por parte das entidades conservadoras, que, de maneira inesperada, apareceram no local do evento juntamente com os movimentos populares favoráveis a lei.
O cenário, curiosamente, foi o mais democrático possível. Mesmo com diversas interrupções ocorrendo, foi altamente interessante perceber a Câmara de Vereadores literalmente como a casa do povo. Seria um sonho se toda atividade do legislativo tivesse tamanho ibope! Com certeza a atual visão de negação da política não estaria tão em voga no país…
Passando propriamente para o conteúdo em si da proposta, não tem o menor cabimento os gritos contrários de alguns grupelhos acerca do PL. O texto não apresenta nada de mais, muito pelo contrário, ele literalmente garante na lei o que já acontece, na prática, nas instituições de ensino: a educação laica e respeitosa, ou seja: garante o respeito tanto às minorias como aos direitos humanos.
É realmente assustador pensar que existem pessoas em nosso município que não concordam em respeitar a diversidade, mas como Ouro Preto não é uma ilha, a ascensão conservadora nacional também lança suas garras contra a cidade patrimônio mundial, querendo fazer da terra da liberdade, a terra da censura.
O que estes protótipos de fascistas não contavam (e não contam), é com a mobilização social em defesa do Projeto. Sindicatos, entidades estudantis, feministas, associações de moradores e cidadãos independentes não só leram o PL, como se manifestaram a favor deste nos mais diversos locais, sinalizando como a Escola Democrática conta com simpatia popular.
Os que acusam o vereador, seu partido, a esquerda e os defensores do PL de querer doutrinar ou lecionar “ideologia de gênero”, nem fazem ideia do que significa esta expressão. Aliás, uma das características do fascismo é exatamente isso, a ode à ignorância, pois qualquer um que possua o mínimo de instrução, sabe que epistemologicamente nem existir tal expressão existe.
O que ocorre, na realidade, é a tolerância, o respeito e a sadia convivência entre todos e todas que pensam diferente, seja na cultura, na fé ou até na vestimenta. Um PL que garante o que já acontece na prática é tudo de bom, afinal de contas a escola não pode ser um local onde se aprenda a odiar, mas sim um local que se aprenda a amar!
Para os que defendem a democracia, o respeito e a tolerância, fica aqui meu profundo respeito e admiração, afinal de contas somos companheiros! Entretanto, os que preferem propagar discursos de ódio, contem com meu desprezo e repúdio, afinal de contas nada é mais indigno que alguém que não é capaz de solidarizar-se com a dor do próximo!
Até a próxima.
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