Fala mole, mente dura, tanto bate até que fura

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Durante essa semana, participando da Conferência Nacional da Indústria, o Presidente da República, Jair Bolsonaro, em tom de exaltação, questionou os espectadores sobre o porquê da necessidade de transitar no supremo o julgamento do marco temporal, que em tese defende uma alteração na política de demarcação das terras indígenas. Também colocou em dúvida a questão da exigência do passaporte de vacinação aos estrangeiros que chegam ao Brasil, alegando que isso poderia acarretar prejuízos para o setor de turismo.

Para quem acompanha com atenção esse tipo de discurso repetitivo, cansativo e “mole”, percebe que o negacionismo pode atingir um nível que ultrapassa qualquer barreira, até mesmo os limites de uma mente dura. Foi através da fala mole que o ex-presidente Lula conseguiu se consagrar inocente, apesar de todos os escândalos da Operação Lava Jato. Foi através da fala mole que milhões de pessoas se reuniram no último sete de setembro, a fim de derrubar o supremo destruindo um dos pilares da nossa democracia.

Fala mole, mente dura, tanto bate até que fura

Ao que tudo indica, a fala mole está em pauta no Brasil, ultimamente o discurso evasivo virou moda, é a mais nova forma de controle social. Karl Marx acertou quando disse que, “Não é a consciência do homem que lhe determina o ser, mas ao contrário, o seu ser social que lhe determina a consciência”.

É fato que não podemos viver isolados, como também é fato que muitas vezes não temos opinião própria e somos bombardeados a todo o momento com informações, que entram nas nossas mentes e fazem com que agimos de forma contrária a nossa própria índole. O que não pode ser considerado fato, é a maneira como alguns negam sua própria realidade, como se fosse possível dizer que a terra é quadrada, que a lua é feita de queijo ou que a chuva não é molhada.

Quando a emoção ultrapassa a razão, o óbvio é negado, a realidade deixa de existir e os fatos viram mentiras. Foi também através de uma fala “mole”, que na noite de 16 de março de 1990, o então Presidente da época, Fernando Collor de Mello, conseguiu confiscar o dinheiro da caderneta de poupança de todos os brasileiros que tinham um valor acima de 50 mil cruzados, alegando que somente dessa forma seria possível barrar a inflação que atingia níveis altíssimos.

Temos que tomar cuidado, pois a negação da realidade através da repetição continua, acaba fazendo com que a fala mole sobre a mente dura, tanto bate até que fura.

Olhando por cima de Flavio L. Barbosa

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