Hugo Calderano entrou para a história do esporte mundial ao conquistar a Copa do Mundo de Tênis de Mesa, torneio disputado em Macau, região administrativa especial da China. Ao vencer o chinês Lin Shidong, número 1 do ranking mundial. Na grande final, o carioca se tornou o primeiro atleta fora da Europa e da Ásia a erguer o troféu da competição.
A conquista ganhou ainda mais peso pelo simbolismo geopolítico e linguístico do local: Macau, ex-colônia portuguesa, ainda mantém o português como uma de suas línguas oficiais. Apesar de a língua não ser mais tão predominante entre os moradores, ela segue viva em placas de trânsito, fachadas de prédios públicos e nos nomes das ruas. Calderano, fluente em sete idiomas, fez história justamente onde a língua portuguesa resiste como herança cultural — mesmo que sutil.
A vitória de Hugo foi duplamente histórica. Não apenas derrotou Lin Shidong pela segunda vez na carreira, como o fez em solo chinês, algo considerado raríssimo no circuito internacional. A semifinal também foi contra outro chinês, reforçando a façanha do brasileiro: superar dois atletas locais, na Ásia, em uma modalidade tradicionalmente dominada por chineses.
Macau é o único local do mundo que mantém o português como idioma oficial, junto com o chinês. Essa característica a conecta diretamente à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), bloco formado por países que compartilham o idioma, como Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Timor-Leste, São Tomé e Príncipe e Guiné Equatorial; além de Goa, Damão e Diu, que fizeram parte do império ultramarino português e que também tem o português como segunda língua. Ainda que em Macau o uso cotidiano do português seja restrito a contextos administrativos, jurídicos e educacionais, sua permanência reforça a ideia de uma lusofonia global, presente em quatro continentes.
A vitória de Hugo Calderano, um atleta brasileiro fluente em diversos idiomas, em uma cidade que ainda carrega marcas da presença lusitana, revela muito mais do que um feito esportivo. É também um lembrete da longevidade e resiliência da língua portuguesa, falada por mais de 260 milhões de pessoas no mundo e mantida viva em diferentes formas e intensidades ao redor do planeta. Conheça um pouco de Macau: