Moradores da comunidade de Botafogo, em Ouro Preto (MG), realizaram no último sábado (12) uma manifestação em apoio à mineração legal e ao desenvolvimento econômico da região. O ato, organizado pela Associação de Moradores, Proprietários e Trabalhadores do Botafogo (AMPT), ocorreu ao lado da Capela de Santo Amaro e reuniu dezenas de pessoas, incluindo moradores antigos, trabalhadores e representantes locais.
O presidente da AMPT, Florêncio Juliano Cotta, liderou o discurso principal, reforçando a posição da associação como legítima representante dos interesses da população local. Em tom firme, ele criticou grupos externos que, segundo ele, tentam influenciar o debate sem conhecer a realidade da região:
“Quem representa o Botafogo somos nós — os moradores, trabalhadores e proprietários que vivem, constroem e cuidam deste lugar todos os dias. Não aceitaremos que terceiros, que nunca pisaram no barro da nossa estrada, falem em nosso nome”, declarou, sob aplausos.
Florêncio destacou que a mineração licenciada na região — em uma área de menos de 30 hectares — tem gerado empregos diretos e indiretos, melhorando a qualidade de vida de famílias locais.
“Somos nós que conhecemos a realidade da nossa terra. Queremos trabalho, dignidade e um futuro melhor para nossos filhos”, afirmou.
Rebatendo críticas e fake news
A AMPT negou veementemente as acusações de que a mineração destruiu uma caverna na região. Dois moradores antigos, José Roberto Moreira (72 anos) e Joaquim Cesário Cotta (85 anos), presentes no ato, testemunharam que a formação geológica em questão era apenas uma pequena reentrância rochosa, sem valor espeleológico.
“Era um espaço tão pequeno que mal dava para se abrigar da chuva. Nunca foi uma caverna como estão dizendo”, afirmou José Roberto, ex-trabalhador da mineração local.
A associação também rebateu alegações de que a atividade se expandirá para a Serra do Botafogo, ameaçando o patrimônio histórico e ambiental.
“A área licenciada tem limites claros e não há minério na serra. Quem espalha essas mentiras está agindo por interesses políticos”, disse Florêncio.
Tensão entre desenvolvimento e meio ambiente
O evento ocorre em meio a um embate judicial sobre a suspensão das atividades da Patrimônio Mineração LTDA, acusada de destruir uma gruta na região. A Justiça de Minas Gerais manteve a paralisação, citando “graves irregularidades ambientais”. Enquanto isso, a AMPT argumenta que a comunidade não foi ouvida adequadamente e que a decisão prejudica famílias que dependem dos empregos gerados pela mineradora.
A associação condenou atos violentos ocorridos em protestos anteriores contra a mineração, como a agressão a um guarda municipal.
“Nossa luta é pacífica, baseada no diálogo e no respeito. Queremos progresso, mas com responsabilidade ambiental e social”, afirmou Florêncio.
Próximos passos

A AMPT enviou à Câmara Municipal de Ouro Preto um documento formal (anexo) reafirmando seu posicionamento e pedindo que as decisões sobre a região considerem a voz dos moradores. Enquanto isso, o futuro da mineração em Botafogo segue indefinido, com a Justiça, o Ministério Público e órgãos ambientais analisando o caso.