“Precisamos também de um pouco mais de ajuda das arquibancadas. Hoje, em determinado momento, esteve muito silenciosa. Torcer quando está 2 a 0, 3 a 0 a favor, aí eu também torço. Mas nós precisamos da ajuda, do empurrão nos momentos mais difíceis, e a torcida do Cruzeiro sabe da importância que ela tem para a equipe”. Foram com essas palavras que o treinador do Cruzeiro, Mano Menezes, iniciou a entrevista coletiva após o empate que deu a classificação para as quartas de final da Copa do Brasil à equipe celeste.
As palavras de Mano repercutiram rápida e negativamente por toda a torcida celeste e foram um prato cheio para os rivais que trataram de endossar o infeliz comentário do treinador, que além de recentemente prestar um desserviço ao clube dentro das quatro linhas, também tratou de fazê-lo fora delas.
O treinador celeste reclamou de suposta falta de apoio da torcida em alguns instantes, se mostrando incomodado também com as vaias a Thiago Neves e a si mesmo em certo momento da partida, afirmando que a torcida tem de empurrar nos momentos difíceis dos jogos, sendo primordial o apoio nesse tipo de situação. Mas Mano demonstrou, ao fazer tais declarações, ter memória muito curta, pois nos momentos mais complicados do clube nos últimos anos, em 2015 e 2016, quando o time brigou contra o rebaixamento, a torcida foi a peça importante daquela recuperação e dando apoio incondicional a um time fraco, treinado pelo próprio Mano, que comandou à reação da equipe em ambas as temporadas.
Além disso, será que Mano esqueceu dos shows da torcida celeste empurrando a equipe em jogos em que estávamos em desvantagem, como contra Palmeiras e Grêmio na Copa do Brasil passada? Será que ele não se lembra da partida contra o Atlético-MG nas finais do estadual desse ano? Ele parecia tão empolgado passando lado a lado com milhares de torcedores que, mesmo vindo de uma derrota acachapante para o maior rival e um empate em casa com o Vasco da Gama, empurraram a equipe até a conquista do caneco.
Mas mais incômodo que a falta de memória de nosso comandante é a sua falta de empatia. Mano simplesmente ignorou a presença de 44 mil torcedores que encheram o Mineirão, pasmem, numa noite de segunda-feira e enfrentaram um trânsito caótico (muitos torcedores só conseguiram chegar no estádio no segundo tempo) até chegar ao campo. As transmissões de TV e rádio eram só elogios à torcida celeste que dava mais um espetáculo de compromisso e apoio ao time. Só que nosso treinador preferiu criticar. Nem uma palavra positiva foi dita.
E além de todos esses fatores, o nosso excelentíssimo técnico queria empolgação de uma torcida que viu seu time finalizar pela primeira vez aos 43 minutos de jogo. Que aguentou mais um jogo sofrível da sua equipe, que já é um padrão na era Mano, com poucas finalizações, pouca entrega, pouca criatividade. Foram sete finalizações em toda a partida, em casa, contra um adversário fraquíssimo e atual vice lanterna do Brasileirão. Fica aí a dica Mano. Um futebol menos pífio causa entretenimento e consequentemente mais empolgação.
O que Mano fez não faz sentido algum, não agrega nada ao clube e só tumultua o ambiente. Após as declarações, se fortaleceu a teoria de que Mano estaria forçando uma saída para voltar ao Corinthians. Bom, se é este o motivo, faz sentido. E vá com Deus. Agora, se não é, se Mano achou por um instante que seria benéfico criticar publicamente sua torcida, que colocou, repito, 44 mil torcedores numa segunda-feira no estádio, e que chegou a sexta partida seguida sem vencer, contando os amistosos, apresentando um futebol patético, ele precisa urgentemente de um acompanhamento psicológico.
Desde 2013 a torcida do Cruzeiro é destaque no futebol brasileiro. Em 2013 e 2014, anos do bicampeonato brasileiro, melhor média de público disparada. Já 2015 e 2016, mesmo brigando para não cair e com elencos fraquíssimos, um apoio incondicional que deu forças à equipe para se livrar das situações complicadas em que esta se meteu. 2017, um início difícil, ingressos com valores absurdos, mas mesmo assim apoio e presença, e no fim um título para coroar o ano. Em 2018, recordes, alta média de público em todas as competições, número de sócios crescendo e uma torcida atuante. Mas não está bom para o senhor Mano Menezes. Estranha a declaração. Se for para prestar desserviços ao clube, pode pegar sua prancheta, sua retranca e ir para bem longe daqui.
Leia também: França campeã do mundo: nessa hora ninguém é contra a imigração