O Mais Minas conversou com Marcus Yazbek, cantor e compositor de João Pessoa. A entrevista girou em torno do mais recente trabalho do cantor, o álbum “Preciso de um Abraço”.
Em 1992, explodiu o Mangue Beat. Nunca um movimento cultural se espalhou tão rápido.
Na época, a internet começava a se popularizar. A partir da grande exposição de Chico Science e a sua Nação Zumbi na mídia, os manifestos do movimento eram difundidos nos velhos fóruns de discussão.
Já pensou se o YouTube existisse? Em 2005, assim que entrou no ar, músicos de todo o planeta começaram a produzir e a publicar vídeos e, muitos, conquistaram o seu espaço.
Marcus Yazbek encontrou um mundo que já vê esse caminho alternativo com naturalidade.
Para ele, a música nordestina atual está aberta a todas as influências possíveis. Como compositor, ele não se prende a regionalismos.
O músico define a sua obra como uma mistura de MPB e Rock. Paralelamente, Marcus integra um grupo de rock pesado chamado Conclave.
O disco, ele lançou recentemente. Misterioso e se revelando um artista cheio de zelo e critérios, ele pouco revela sobre a obra em gestação. Mas o que vem por aí, decerto, terá muita qualidade. Basta considerar as apresentações de cover que ele vem postando no YouTube. Destaque para Terminal Alvorada do carioca Cícero Rosa Lins.
“Preciso de um abraço” é um álbum que proporciona ao ouvinte algumas lições através de suas letras, mas também pode tocar em sentimentos.
Com nove faixas, todas elas compostas por Marcus, o álbum inicia com a faixa-título que traz solos de guitarra, zabumba, triângulo e agogô numa letra saudosista, mas encorajadora. “Hoje” é a segunda do disco e apresenta uma narrativa mais calma e com uma letra que complementa a faixa-título, parece falar de uma pessoa que não corresponde à essência.
“Um dia” traz uma perspectiva mais otimista e “Pra dizer” fala sobre incertezas, mas a letra deixa acontecer até o “Carnaval”, que traz consigo a alegria de encontrar o amor. A guitarra e a bateria dão emoção à voz de Marcus em “Nosso tempo passou” ao falar sobre o amor que acabou e deu lugar a um novo amor.
“Quando tudo já foi dito”, em voz e violão, expõe um sentimento que ainda vive, mas que não tem mais o que fazer para mantê-lo vivo, a não ser se calar e aguardar: “Que caso complicado, não sei mais o que fazer. Acho melhor ficar calado, pois não quero mais sofrer”.
“Te fazer feliz” foi lançada em novembro de 2017 e é um mergulho completo na melancolia, contudo é perceptível a entrega do cantor na interpretação da canção. Agora, a música ganhou uma nova roupagem, ela está mais feliz. “Inverno” encerra o álbum repleto de letras de natureza adulta e com uma produção brilhante, sem falar nas ótimas composições.
Mais Minas: Você começou como Marcus Machado, hoje é Marcus Yazbek. A que se deve essa mudança? Há alguma espécie de transformação pessoal (ou profissional) que conduziu o Machado ao Yazbek?
Marcus Yazbek: Na verdade essa mudança de nome se deve ao fato de ter um cantor de brega chamado Marcus Machado, ele é bem conhecido em Portugal, sempre que amigos ou fãs buscavam ouvir coisas minhas, davam de cara com o material desse cantor que não tem nada a ver com o meu trabalho e isso acabava confundindo o pessoal, sabe? Por isso, resolvi usar meu último nome hoje não tenho mais esse problema, pois quem digita meu nome já me acha de cara.
MM: Você participou ativamente da construção do seu álbum, o “Preciso de um abraço”, como composição e arranjos. O que o álbum tem de seu? Fale um pouco sobre ele.
MY: Esse álbum tem muito de mim, eu sempre quis trabalhar sobre essa estética de misturar rock com música brasileira. O Victor Hugo Targino (produtor do álbum) sacou isso de cara e me ajudou a organizar as idéias, a gente escolheu uma galera da pesada para gravar e no final saiu do jeito que imaginávamos: nove faixas que são diferentes entre si e cada uma com a sua própria identidade.
MM: Por falar em composição, qual a sua visão sobre a importância dos direitos autorais no meio musical? Constantemente vemos conflitos de opiniões sobre esse tema na nossa sociedade e, ao que parece, estamos distantes de um consenso sobre o assunto.
MY: Para ser honesto, ainda não tenho uma opinião formada sobre esse assunto, preciso pesquisar mais para falar sobre isso.
MM: Como a música entrou na sua vida?
MY: Minha família sempre foi muito musical, meu avô tocava baixo, meu tio toca guitarra, o outro cantava, minha mãe canta também, inclusive ela tem uma voz parecidíssima com a minha (risos) e eles sempre ouviam muita música boa em casa, meu avô por exemplo ouvia muita música brasileira tipo Djavan, Elis, Gal, Bethânia e minha mãe já gostava mais de Rock, tipo Cássia Eller, Cazuza, Rita Lee, Lobão, talvez por isso meu primeiro álbum tenha essa mistura de música brasileira com rock. Eu sempre tive contato com a música desde cedo, quando eu tinha 16 anos, comprei um violão e comecei a aprender sozinho, daí veio a minha primeira composição que é “Preciso de um Abraço” e a música foi fazendo parte cada vez mais da minha vida até hoje.
MM: Nossa evolução é constante, bem como aquilo que produzimos. A música de hoje, já não mais aquela de ontem. Muitos acreditam que os tempos do meio físico ficaram para trás. Estamos na era da música digital e será assim por um bom tempo. Como você encara essa nova era? E esses aplicativos de streaming de música existentes hoje, facilitam ou atrapalham?
MY: Eu acho que hoje em dia é mais democrático fazer música, qualquer pessoa pode gravar e colocar nas plataformas digitais. Antes tinha todo aquele lance de ser contratado por gravadora e isso acabava dificultando muito a vida de quem queria fazer música e não era contratado, hoje em dia é diferente e isso é muito positivo, mas tem o outro lado da moeda, como tá mais fácil produzir material, tem muita coisa nova saindo e o ouvinte acaba não prestando atenção direito ou até mesmo não ouve por causa de tantas opções para escolher ouvir. Outra coisa que eu não gosto dessa época é esse lance de singles, eu adoro ouvir álbuns completos e não gosto muito de ouvir singles soltos (apesar de ouvir) porque não me dizem muita coisa, o álbum pelo menos tem uma história a ser contada, mais músicas e talvez nesse aspecto eu seja um pouco retrógrado e acho que preciso mudar minha visão sobre isso, visto que é raro as pessoas pararem para ouvir um álbum completo nessa época.
MM: Esta entrevista é para um portal de notícias de Minas Gerais. Você conhece o estado? Já se apresentou por lá? Convide os mineiros para conhecerem sua música.
MY: Eu ainda não fui à Minas, mas acho lindo o sotaque dos meus amigos mineiros e espero poder conhecer esse estado maravilhoso em breve. Quero convidar vocês para ouvirem o meu álbum “Preciso de um Abraço” que está disponível nas principais plataformas digitais.
MM: Por fim, o Mais Minas agradece a oportunidade de entrevistá-lo e pergunta: o que podemos esperar do Marcus Yazbek pós-lançamento do seu primeiro álbum?
MY: Eu que agradeço a oportunidade de poder falar sobre o meu trabalho no Mais Minas, muito obrigado. No momento estou ensaiando para começar a fazer os shows com uma banda bem legal e pretendo lançar clipes de algumas músicas em breve amanhã.
“Preciso de um abraço”, álbum de estreia de Marcus, está disponível nas seguintes plataformas digitais:
Spotify: https://spoti.fi/2zjczS3
YouTube: http://bit.ly/marcusyazbek
Deezer: http://bit.ly/2zi7ppr
Apple Music: https://apple.co/2MYxpYD
Google Play: http://bit.ly/2zhnRGe
Blog: https://wp.me/p8dGa4-7uN
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