Uma mulher de 31 anos foi presa em flagrante por injúria racial, na noite de véspera de Natal (24), em Contagem. Após uma discussão na portaria do prédio em que ela mora, a acusada chamou o porteiro de “macaco”, “fedorento” e “safado”. Ela foi liberada após pagar fiança nesta quarta-feira (25).
A confusão ocorreu por volta das 20h de terça-feira (24) e a causa teria sido um interfone quebrado. De acordo com o porteiro, pela falta de funcionamento do aparelho, o síndico solicitou que as liberações de entrada no prédio para as comemorações de Natal fossem feitas presencialmente, na portaria.
Sendo assim, quando a mãe da mulher chegou, o porteiro solicitou que ela ligasse para a filha para que ela pudesse descer à portaria e liberasse a entrada da senhora. Já por telefone a acusada se mostrou muito irritada e começou a usar palavras de baixo calão para ofender o porteiro. Mas, mesmo com raiva, a mulher desceu e já presencialmente, continuou brigando com o funcionário. Segundo a acusada, ela iria receber dez convidados e seria um absurdo ter que ir à portaria toda vez que um chegasse, pois seu bloco era longe da entrada.
Na confusão a mulher seguiu agredindo verbalmente o porteiro, até chamá-lo de “macaco”, “safado” e “fedorento”. Algumas testemunhas que viram as injúrias chamaram a polícia.
“Até gosta de negros” e “fã do Sassá”
Por sua vez, apesar das testemunhas, a mulher negou ter ofendido racialmente o porteiro, se limitando a dizer que “se estressou” com a situação, afirmando que somente xingou palavrões sem um direcionamento específico e que o porteiro podia ter se confundido. Ela falou ainda que “não tem preconceito com ninguém” e que “até gosta de pessoas negras”, citando seu padastro, o qual ela disse ser negro e ter boa convivência com ele, e o jogador Sassá, do Cruzeiro, de quem ela disse ser fã.
A mulher foi presa em flagrante e levada para a Delegacia de Plantão (Deplan) de Contagem, mas foi liberada após prestar depoimento e pagar fiança. O porteiro que sofreus as injúrias raciais também foi ouvido.
Infelizmente este não foi um caso isolado de racismo em Minas Gerais, nos últimos meses. Em novembro, dois torcedores do Atlético-MG foram filmados cometendo injúria racial com um segurança do Mineirão, durante o Superclássico entre Cruzeiro x Atlético. No mesmo mês, em Betim, durante as comemorações da consciência negra, quatro ocupantes de um carro promoveram injúrias raciais contra membros de uma manifestação que tratava de igualdade racial.
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