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Coincidência? Conheça a relação entre o sobrenome de Dinho, do Capital Inicial, com Ouro Preto

A história começa ainda na época do Brasil Imperial.
22/02/2022 às 16:59
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5 min
Foto: Facebook/Dinho Ouro Preto
Foto: Facebook/Dinho Ouro Preto

“Se um dia eu pudesse ver meu passado inteiro e fizesse parar de chover…” Essa letra parece familiar? Essa é uma música que se chama “Primeiro Erros”, de autoria de Kiko Zambianchi e um dos grandes sucessos da renomada banda de rock brasileira Capital Inicial. Presente na televisão, internet e nos palcos, o vocalista do grupo, Dinho Ouro Preto, é um dos artistas mais famosos do país. Mas você sabe a origem do sobrenome do cantor? Não é apenas mera coincidência com a cidade mineira tricentenária.

Fernando de Ouro Preto, também conhecido como Dinho, nasceu em Curitiba, no Paraná, no dia 27 de abril de 1964. Ele é filho do embaixador Afonso Celso de Ouro Preto e da embaixatriz Marília de Ouro Preto, que é historiadora. Dinho também é bisneto do Conde de Afonso Celso, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, e trineto de Visconde de Ouro Preto, último primeiro-ministro do Império do Brasil.

Confira a história que liga a cidade mineira ao famoso cantor de rock e entenda tudo sobre a relação entre Dinho e Ouro Preto.

História

A origem dessa história começa no início do século XIX. Afonso Celso de Assis Figueiredo, nascido em Ouro Preto, era professor de Direito Civil e Comercial da Faculdade Livre de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro. Foi um dos políticos mais importantes do Segundo Reinado do Império do Brasil e grande amigo de D. Pedro II.

Afonso Celso de Assis Figueiredo foi eleito senador pela província de Minas Gerais e tomou posse em 26 de abril de 1879. Também ocupou os cargos de secretário de Polícia, inspetor da Tesouraria Provincial e procurador da Fazenda. Foi também deputado provincial em dois mandatos e deputado geral por Minas Gerais por quatro vezes.

E ainda, o trisavô de Dinho Ouro Preto foi ministro da Marinha e da Fazenda, membro do Conselho de Estado e presidiu o último Conselho de Ministros do Império. Ainda no Império, o Visconde abraçou a causa abolicionista. Como senador, criou um imposto de 20 réis sobre o preço das passagens de bonde, o que gerou a “Revolta do Vintém”, em janeiro de 1880, no Rio de Janeiro.

Entre outras obras, o Visconde de Ouro Preto publicou “A esquadra e a oposição parlamentar” e “Advento da ditadura militar”. Foi agraciado com o título nobiliárquico de visconde em 13 de junho de 1888.

Assis Figueiredo foi preso em 15 de novembro de 1889 no Quartel-General do Campo de Santana, no dia da proclamação da república, com todo o ministério, tendo sido exilado em seguida. Ele morreu em fevereiro de 1912, no Rio de Janeiro, aos 76 anos.

Conde de Ouro Preto

Afonso Celso foi casado com Francisca de Paula Martins Toledo e Ana Margarida de Graça Martins, com quem deu a luz a Afonso Celso de Assis Figueiredo Júnior, que colaborou por mais de 30 anos no Jornal do Brasil.

Nascido em 1860, na então capital da Província de Minas Gerais, Ouro Preto, o filho de Visconde se formou em Direito em 1880 pela Faculdade de Direito de São Paulo, defendendo a tese “Direito da Revolução”.

Afonso Celso de Assis Figueiredo Júnior foi eleito por quatro mandatos consecutivos deputado geral por Minas Gerais e deixou a política para acompanhar o pai durante o exílio, em Portugal.

Afastado da política, o ex-deputado da Província de Minas Gerais dedicou-se ao jornalismo e ao magistério. Divulgou durante mais de 30 anos seus artigos no Jornal do Brasil e Correio da Manhã. No magistério, exerceu a cátedra de economia política na Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro.

O jornalista foi um católico devoto, recebendo o titulo de Conde de Afonso Celso pelo Papa Pio X. Em 1892, ele ingressou no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Após a morte do barão do Rio Branco, em 1912, foi eleito presidente perpétuo desta instituição, cargo que ocupou até 1938.

Afonso Celso de Assis Figueiredo Júnior morreu em 11 de julho de 1938, aos 78 anos, no Rio de Janeiro.

Embaixador

Chega-se, então, no filho do Conde, Affonso Celso de Ouro Preto, que foi:

  • Embaixador em Bissau (1983);
  • Chefe na delegação brasileira na Conferência Técnica sobre a Institucionalização do Parlamento Latino-Americano (1987);
  • Embaixador em Estocolmo (1990-1993);
  • Chefe do Gabinete de Ministro de Estado (1993-1995);
  • Embaixador em Viena (1995-1999);
  • Embaixador em Pequim (1999-2003);
  • Representante Brasileiro para Assuntos do Oriente Médio na Secretaria Geral das Relações Exteriores (2004-2010);
  • Diretor do Instituto de Estudos Brasil-China (IBRACH).

O Diplomata morreu aos 77 anos, em 2016.

Dinho Ouro Preto

Assim, chega-se a Dinho Ouro Preto. Músico de sucesso que, além de já ter tido uma outra banda chamada Vertigo e sua carreira solo, é o líder do Capital Inicial que já lançou 14 álbuns de estúdio e está próximo de completar 40 anos de carreira.

Com o Vertigo, o cantor tem um disco lançado, de 1994, com o mesmo nome da banda. Em carreira solo, Dinho Ouro Preto tem três discos lançados: “Dinho Ouro Preto (1995)”, “Black Heart (2012)” e “Roque em Rôu (2020)”.

Em 2019, o Capital Inicial se apresentou em Lavras Novas, distrito de Ouro Preto. Dinho aproveitou para fazer alguns passeios na cidade de seu bisavô e trisavô. Veja fotos:

O trabalho mais recente do Capital Inicial é a música “Pensando em Você”, com participação da cantora Mariana Volker. A canção é de autoria de Paulinho Moska. Confira:

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Última atualização em 25/02/2022 às 14:41