O que explica a freguesia do Brasil para seleções europeias na Copa do Mundo?

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Terça-feira, 13 de dezembro de 2022. Enquanto Croácia e Argentina se enfrentam pela semifinal da Copa do Mundo do Catar, milhões de brasileiros se perguntam, confusos, como o Brasil deixou escapar das mãos a vaga para o duelo contra os hermanos. Mais uma derrota contra uma seleção europeia foi a barreira para o sonho do hexa, e alguns motivos podem explicar a situação.

A última vez que o Brasil superou um time europeu em mata-matas de Copa do Mundo foi em 2002, quando a equipe bateu Bélgica, nas oitavas, Inglaterra, nas quartas, Turquia, na semifinal, e Alemanha, na grande final. Daí em diante, a Canarinho caiu de joelho para todos os países europeus que enfrentou nos Mundiais.

O que explica a freguesia do Brasil para seleções europeias na Copa do Mundo?
Brasil perdeu nos pênaltis para a Croácia - Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Bola aérea frágil

Gols sofridos em bolas aéreas foram constantes nas eliminações brasileiras desde 2002. Com exceção da recente queda para a Croácia, em todas as outras o Brasil sofreu com lances na sua área. Em 2006, Zidane cobrou falta e Henry, livre no segundo pau, marcou para a vitória francesa. Depois, contra a Holanda, os dois gols foram feitos em jogadas aéreas, com Felipe Melo marcando contra e Sneijder empurrando para as redes após desvio na primeira trave.

Contra a Alemanha, no balaio de sete gols, o primeiro foi proveniente de um escanteio, com Thomas Muller completando para as redes. A tensão voltou a se repetir na Rússia, com Fernandinho marcando gol contra diante da Bélgica, após tiro de canto.

Fernandinho mandou contra o patrimônio
Fernandinho mandou contra o patrimônio – Foto: Reprodução

A defesa, historicamente, sempre esteve em segundo plano no futebol brasileiro, por conta da ofensividade presente no DNA do estilo de jogo do país. Aliado a isso, o crescimento do número de jogadas ensaiadas em lances pelo alto nos últimos anos equipara, de certa forma, equipes, e pode decidir jogos.

Psicológico abalado

A cada nova derrota, a pressão sobre os jogadores brasileiros aumenta. Afinal, é inadmissível aos olhos do torcedor que uma seleção pentacampeã fique 24 anos sem vencer a Copa do Mundo tendo, nesse meio-tempo, passado por humilhações como a goleada sofrida de 7 a 1 e eliminações para seleções sem tanta tradição, como Bélgica e Croácia.

O psicológico cobrou seu preço contra a Holanda, em 2010. Após belo primeiro tempo, o Brasil tomou a virada e não teve cabeça para reverter. A expulsão de Felipe Melo, após lance desleal em Robben, foi um retrato do desespero sul-americano. 

Felipe Melo foi tido como o vilão de 2010
Felipe Melo foi tido como o vilão de 2010 – Foto: Reprodução

Quatro anos depois, a situação aumentou durante toda a Copa do Mundo. Episódios como o choro de Thiago Silva, a supervalorização da lesão de Neymar e o descontrole contra a Alemanha mostraram um Brasil sem a menor força mental.

Agora, no Catar, o desespero reapareceu. O time sofreu o inesperado empate faltando cinco minutos para o fim, e não conseguiu se manter forte para as penalidades. Vale lembrar que a comissão técnica foi duramente criticada por não levar um psicólogo para o Mundial.

Mesmo com o histórico de eliminações para seleções europeias nos últimos quatro Mundiais, as principais casas de apostas esportivas davam como pequena a probabilidade do Brasil ser eliminado em 2022 para um seleção sem tanta tradição no futebol.  

Falta de projeto

O último motivo é o mais batido por todos. A cada nova derrota brasileira, a história do projeto e o amadorismo da CBF reaparecem. O poder de um bom planejamento é justamente colocar países com possibilidades diferentes em pé de igualdade dentro de um mesmo esporte. Foi dessa maneira que Bélgica e Croácia trabalharam, na base, para formar jogadores. Anos depois, o resultado de ambos foi eliminar a Seleção Brasileira.

Para os próximos anos, o Brasil terá de repensar seu modo de fazer futebol, caso queira voltar a bater de frente contra europeus e, claro, vencer uma Copa do Mundo.

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