Não é novidade para ninguém que o Paris Saint-Germain é um dos clubes mais ricos do mundo e conta com um elenco recheado de estrelas. A equipe francesa foi adquirida pelo fundo Qatar Investment Authority em maio de 2011, com os cataris adquirindo na época cerca de 70% do clube por algo em torno de €50M. De lá pra cá, o clube conquistou a Ligue 1 em oito de onze edições possíveis. Fora múltiplos outros títulos de copas domésticas. Entretanto, o grande objetivo do PSG sempre foi o primeiro título da Liga dos Campeões, que até hoje não chegou.
Projeto foi um enorme fracasso no cenário europeu nesses onze anos
Para se ter uma ideia, antes de se tornar uma superpotência financeira, o PSG tinha apenas dois títulos de Ligue 1 e era somente o 10° maior vencedor do torneio na era profissional. Na fase rica, conquistou mais oito títulos e empatou com o Saint-Étienne como o maior vencedor (10). Na atual temporada, conduz mais uma campanha tranquila, tem cinco pontos de vantagem para o vice-líder Marseille e deve conquistar seu 11° título, se isolando como o maior vencedor da Ligue 1. A disparidade para todo o resto da França é enorme.
Por isso, todas as ressalvas são feitas na hora de analisar o desempenho esportivo dos parisienses. É como se quase a Liga dos Campeões fosse a única coisa que importasse. Antes da grana chegar, o PSG havia participado da Champions apenas cinco vezes em 42 temporadas desde a sua fundação. De lá pra cá, participou de todas – de 2012/13 em diante. De início, chegaram nas quartas em quatro de quatro temporadas possíveis.
Mas o projeto degringolou e foram três quedas nas oitavas entre 2016/17 e 2017/19: a virada histórica sofrida para o Barcelona em 2017; a goleada por 5-2 sofrida pro Real Madrid em 18, na primeira temporada de Neymar pelo clube; a insólita virada sofrida pra um modesto elenco do Manchester United em 19. Em 2019/20, o time até conseguiu chegar na final, mas perdeu para o Bayern. Algo promissor parecia estar sendo construído em Paris, até que meses depois Thomas Tuchel foi demitido. De lá pra cá, queda nas semifinais pro Manchester City em 2021 e nova virada sofrida no ano passado – dessa vez, pro Real Madrid.
Novas mudanças no PSG são quase que inevitáveis
Na atual temporada, 2022/23, os parisienses mais uma vez se encontram nas cordas. O time está à beira de mais uma eliminação nas oitavas, dessa vez para o Bayern, carrasco de 2020. Para essa temporada, o PSG trocou o treinador Mauricio Pochettino por Christophe Galtier. E fez uma mudança ainda mais importante na sua estrutura, quando demitiu o dirigente brasileiro Leonardo, que era quem distribuia as cartas no projeto do clube, e o substituiu com o português Luis Campos. De início, pareciam boas escolhas, até que tudo começou a desmoronar após a Copa do Mundo.
Na última rodada da Ligue 1, o astro Neymar lesionou o tornozelo mais uma vez e deve ficar de fora do jogo contra o Bayern. Essa é a sexta temporada dele, que em 2017 foi contratado pelos parisienses pelo valor recorde de €222M, e essa pode ser a terceira vez que o PSG é eliminado na Liga dos Campeões sem Neymar disponível no jogo de volta (assim como em 2018 e 19). O brasileiro, agora com 31 anos, pode estar de saída na próxima janela. É o caso também de Lionel Messi, que começou a ‘dar pra trás’ em relação a sua renovação. Galtier é outro que não tem vaga garantida para a próxima temporada. Novas mudanças podem estar a caminho para o PSG. E mudanças grandes.
Como virar a eliminatória e eliminar o Bayern em plena Allianz?
Mas antes de lamentar mais um fracasso, é fato que o PSG ainda está vivo. Respira por aparelhos, sim, mas ainda tem suas chances. Perdeu por 1 a 0 na ida. Sem a regra do gol fora, qualquer vitória francesa por um gol de vantagem levará a partida para a prorrogação na Allianz Arena. Uma vitória por dois ou mais gols garantiria a vaga para as quartas. É difícil, mas não impossível, ainda mais para quem tem Messi e Mbappé, dois dos melhores jogadores do mundo e que impressionaram o mundo na última Copa do Mundo.
Com Neymar praticamente descartado, a virada francesa parisiense passa muito por essa dupla. Se estiverem em um dia bom, as chances aumentam e muito. Obviamente, o resto do time precisa contribuir, sobretudo no que tange ao sistema defensivo, que é bastante frágil. O PSG já esteve no outro lado da moeda em diferentes oportunidades. Em 2017, estavam a sete minutos de confirmar a vaga para as quartas. A vantagem era muito confortável. Mas como diria o outro, o impossível aconteceu. Sob a batuta de Neymar, o Barcelona marcou três gols em um espaço de sete minutos, solidificando a virada mais épica da história do esporte. Dessa vez, precisando de algo bem mais realista, o PSG pode dar a última risada.