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A cada nova edição do Big Brother Brasil, não são apenas os participantes que conquistam o público, mas também suas expressões e gírias. Na edição de 2025, a gíria “Tá mec” ganhou destaque dentro e fora da casa mais vigiada do Brasil. Mas o que torna certas expressões tão populares? E como as gírias refletem identidades e mudanças na língua portuguesa?
O termo “Tá mec”, originado no Rio de Janeiro, é sinônimo de tranquilidade, sossego e sucesso, conforme publicou a Prefeitura do Rio em seu perfil no Instagram. Constantemente usado pelos brothers e sisters do BBB 25, ele rapidamente se espalhou para outros estados, tornando-se parte do vocabulário de muitos brasileiros. O paulista Gabriel Yoshimoto, sexto eliminado do reality, adotou a expressão após conviver com diferentes pessoas no seu trabalho como promotor de eventos, conforme relatou em entrevista ao programa “Bate-Papo BBB”. Esse fenômeno ilustra como a interação social pode transformar gírias locais em tendências nacionais.
E esse processo não é novo. Termos como “top”, “suave” e “vacilão” também atravessaram fronteiras e se consolidaram no repertório linguístico de várias regiões. As redes sociais e programas televisivos aceleram essa disseminação, tornando as gírias uma forma dinâmica de expressão cultural.
Para além do entretenimento, as gírias desempenham um papel importante na comunicação de grupos marginalizados. Jovens privados de liberdade, por exemplo, criam códigos linguísticos próprios, não apenas para se diferenciar, mas também para se proteger e também para criar uma espécie de vínculo em um ambiente adverso, refletindo a necessidade humana de pertencimento e sobrevivência por meio da linguagem.
A gíria, nesse contexto, torna-se um meio de resistência e identidade. Assim como os jovens em situação de vulnerabilidade social, outros grupos também se apropriam de expressões específicas para criar laços e estabelecer limites entre “os de dentro” e “os de fora”.
Apesar de seu dinamismo, o uso de gírias ainda carrega estigmas. Muitas vezes, expressões informais são vistas como um reflexo de falta de educação ou refinamento, quando, na verdade, revelam a riqueza e a pluralidade da língua. Essa visão preconceituosa ignora que a língua está em constante evolução e que as palavras se moldam de acordo com o contexto social e histórico. Tomemos como exemplo a origem da palavra “você” e sua evolução até os dias atuais: “Vossa Mercê” > “Vossemecê” > “Vosmecê” > “Vancê” > “Você” > “ocê” > “vc” > “cê”. Depois disso, o que vem?
No cenário digital, esse fenômeno é ainda mais evidente. Redes sociais como Twitter e TikTok impulsionam novas expressões diariamente, reforçando que a língua é viva e se adapta às mudanças culturais. O que é considerado “modismo” hoje pode muito bem se tornar parte do vocabulário formal no futuro. A Academia Brasileira de Letras (ABL) desempenha um papel fundamental na atualização e oficialização do vocabulário da língua portuguesa no Brasil. Recentemente, a Academia incluiu, por exemplo, a palavra “dorama” no seu vocabulário, significando “substantivo masculino. Obra audiovisual de ficção em formato de série, produzida no leste e sudeste da Ásia, de gêneros e temas diversos, em geral com elenco local e no idioma do país de origem.”
O BBB pode não ser mais um fenômeno de audiência e repercussão como foi no princípio, mas ainda é uma fonte de entretenimento. As gírias que surgem no reality revelam tendências linguísticas e aspectos interessantes da comunicação humana. Seja no uso coloquial, na afirmação de identidade ou na criação de laços sociais, a gíria é uma peça fundamental na construção da nossa linguagem. Então, se o momento pede leveza, pode dizer sem medo: “Tá MEC!”.