Ouro Preto: retirada da terra que caiu do Morro da Forca deve durar até abril

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Na segunda-feira, 28 de fevereiro, começa a retirada dos taludes e rochas que desmoronaram do Morro da Forca no dia 13 de janeiro, soterrando dois imóveis históricos da cidade. O local segue interditado para o trânsito e a obra visa liberar o acesso. A execução das obras é de responsabilidade da empresa contratada por R$ 4.860.845,25, Destroy Desmonte Técnicos do Brasil.

De acordo com o secretário de Obras de Ouro Preto, Antônio Simões, o prazo para a retirada da terra é de 45 dias trabalhados. Portanto, a princípio, o trânsito na Praça da Estação seria liberado apenas no dia 13 de abril, exatos três meses após o deslizamento. “Não estamos trabalhando com prazo corrido, temos um cronograma de atividades”, explicou ao Mais Minas.

Ouro Preto: retirada da terra que caiu do Morro da Forca deve durar até abril
Foto: Wandrei Drone

Antônio Simões também contou que a Prefeitura de Ouro Preto entrou em contato com as quatro maiores empresas do ramo de suporte técnico de Minas Gerais para saber o preço do serviço da cada uma e, assim, a Destroy foi a escolhida. A empresa que fará a remoção da terra que deslizou do Morro da Forca tem mais de 20 anos de existência e, segundo o secretário municipal de Obras, ela executou a demolição de várias arenas esportivas do Brasil que tiveram reformas e executou o desmonte técnico de todos os deslizamentos no Anel Rodoviário, em Belo Horizonte.

No entanto, o que causou desconforto na maioria dos vereadores de Ouro Preto foi a respeito do prazo para que haja a liberação do trânsito na Praça da Estação. O congestionamento de veículos já é gigante no local, principalmente nos horários de pico, e a cidade está perto de receber os alunos do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG) e Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), que retornarão com as aulas presenciais no dia 15 de março.

“Daqui uns dias começam as aulas no IFMG, na UFOP, são mais de 10 mil pessoas. Vai dar conta? Ouro Preto já está todo travado, quando começar as aulas dessas duas instituições, vai colapsar”, disse o vereador Júlio Gori (PSC).

“Tem hora, que eu acho que esse povo não está andando dentro de Ouro Preto. Imagina quando voltar o IFMG e a UFOP? A prefeitura tem que pensar um paliativo para a Praça da Estação, não podemos esperar essa ideia de retirar tudo para liberar o trânsito, acredito que há outras possibilidades. Vai dar um nó e vai travar”, declarou o vereador Geovanni Mapa (PDT).

O superintendente de trânsito de Ouro Preto, Jorge Kassis, também manifestou sua preocupação quanto ao trânsito da cidade, mas também salientou ao MM que a Ourotran não tem o que fazer enquanto não houver uma liberação da Defesa Civil.

“Eu fico muito apreensivo com toda essa situação, principalmente por estar na linha de frente da questão do trânsito, mas eu dependo do aval da Defesa Civil. Então, não posso fazer nada. Já cogitei com eles várias vezes, mas tenho que esperar. Eu sei que o trânsito ali está colapsado. Ouro Preto, até numa situação normal, pela quantidade de carros que tem e o espaço físico da cidade ser muito limitado, já tem um trânsito muito intenso. As aulas vão voltar em março, UFOP com 10 mil alunos e IFMG com 5 mil alunos, então são 15 mil pessoas a mais nesse trânsito, usando transporte coletivo. É uma situação muito preocupante”, disse Jorge Kassis.

O secretário de Defesa Social Social, Juscelino Gonçalves, corroborou com a posição de não liberar o trânsito enquanto não há a remoção da terra que caiu do Morro da Forca: “Dependemos da remoção da terra. Penso que até o trabalho de remoção com caminhões passado carregados será uma complicação.

Reutilização da terra

De acordo com Antônio Simões, o material removido no Morro da Forca será utilizado numa compactação na avenida Lima Junior, conhecida como Volta do Vento, onde também houve desmoronamento. “Nós vamos retaludar o Morro da Forca, remover o material e fazer um aterro compactado e controlado na avenida Lima Junior. Assim, com uma obra, vamos liberar duas vias”, disso secretário ao MM.

A Secretaria de Cultura e Turismo de Ouro Preto também ratificou que acompanhará as obras para salvar todos os artigos históricos que estão soterrados.

Reutilização da área do Morro da Forca

Na terça-feira, 22 de fevereiro, durante a sétima reunião ordinária da Câmara de Ouro Preto, foi aprovado, com 11 votos, o Requerimento Nº 37/2022, que questiona a prefeitura se há algum planejamento por parte do poder Executivo para que o espaço do Morro da Forca seja ressignificado, dando outras atribuições ao local.

“Sabemos das dificuldades que o Morro da Forca trouxe e sempre traz a nossa cidade. Pensando em tornar a área de risco em um lugar útil à população ouro-pretana, é notório que a cidade é carente de áreas de uso comum e estacionamento. Solicitamos saber quais intervenções o Município estuda para o referido local e se é possível criar uma área útil”, diz a justificativa do requerimento.

O autor do requerimento é Geovanni Mapa, que pediu a um amigo engenheiro civil para criar um projeto de possibilidades para o Morro da Forca. O vereador disse que conversou com geólogos e engenheiros para elaborar a ideia, mas reforçou que sabe das dificuldades da execução de um projeto desse tamanho.

“O Morro da Forca, hoje, é um transtorno no centro da cidade, não soma em nada, pelo contrário. Ele tem uma história, mas que só traz problemas e tragédias. É um projeto gigantesco. Eu não vou ver isso enquanto vereador neste mandato, provavelmente os outros também não, mas eu acho que temos que começar a pensar Ouro Preto de uma forma diferente. Por isso, trazemos, às vezes, projetos futuristas, que pensam ‘fora da caixinha’, mas é o que a cidade precisa para crescer e desenvolver”, disse o vereador.

No projeto, consta as seguintes ações: fazer os taludes, separar o Morro da Forca e abaixá-lo literalmente, retirando seu volume todo de terra. Num primeiro platô seria criado um estacionamento para turistas e as pessoas de Ouro Preto que usam o centro histórico. No terceiro platô seria criado um bosque com área verde e uma praça de convivência com local específico, banheiro público, parquinho para as crianças, uma fonte de água feito em pedra sabão. Veja imagens:

“Às vezes, eu estou sonhando demais, é um pensamento que não possa se concretizar por algum motivo, mas eu gostaria de deixar essa sugestão, porque eu penso que isso é um marco para melhorar a qualidade de vida da nossa população, trazer uma área útil, eliminar riscos e, se possível, no final, que reconstrua o casarão. Eu acho que essa não é uma prioridade. Enxergo que teve sua história, mas temos outras prioridades para gastar milhões. Podemos buscar recurso federal e até internacional”, finalizou Geovanni Mapa.

Sobre a ideia do vereador, Antônio Simões disse que teve conhecimento, mas que vê possíveis resistências, já que se trata de um local histórico. Além disso, o secretário revelou que já viu várias sugestões de projetos para o aproveitamento do Morro da Forca, se tratando de uma pauta frequente da pasta.

De acordo com a secretária de Cultura e Turismo de Ouro Preto, Margareth Monteiro, para realizar o projeto de Geovanni Mapa, seria necessária uma autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), por se tratar de um local em uma área tombada.

“Há o interesse do Município em aproveitar melhor aquela área, mas ainda não há uma definição do que fazer. São várias proposições e ideias. De qualquer modo, primeiro, tem que resolver a situação da encosta até para avaliar a questão de risco do lugar”, disse Margareth ao MM.

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