Uma preocupação atual e bastante genuína se refere ao acesso à alimentação adequada durante esse período de isolamento social, visto que devido às medidas adotadas para o combate ao COVID-19 como restrição da movimentação de pessoas e bens, restrição do transporte, bem como o fechamento de fronteiras, ocorre a interrupção de várias atividades comerciais o que faz com que os trabalhadores, sobretudo autônomos, tenham uma drástica redução na renda acarretando na redução do poder aquisitivo, o que dificulta inclusive a compra de alimentos.
Como parte das medidas adotadas ocorreu também o fechamento das escolas, o que resulta na suspensão da alimentação escolar; por isso a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) pede que os governos adotem medidas em favor da população escolar cujas famílias têm mais dificuldades de acesso a alimentos, a fim de fornecer o apoio nutricional antes garantidos pelos programas de alimentação escolar, visto que para muitas crianças é a escola a principal forma de acesso a alimentos seguros diariamente.
Para evitar uma crise nos próximos meses, é preciso que os governos garantam acesso aos alimentos, sobretudo, para as populações vulneráveis. É necessário, ainda que ocorram avanços nas negociações entre o governo e o comércio, pois, por exemplo, se os governos estabelecerem taxas elevadas de importação isso contribuirá para a escassez de alimentos nos mercados.
Os métodos a serem utilizados para minimizar o impacto gerado pela suspensão da alimentação escolar devem ser definidos por cada país, porém a FAO aponta algumas das medidas possíveis que são:
- Distribuição de alimentos para as famílias mais vulneráveis, estabelecendo prazos de entrega nas escolas ou por meio de unidades móveis;
- Aumentar a alocação de recursos para os programas de proteção social provendo um valor correspondente ao custo das porções alimentícias fornecidas pelos programas de alimentação escolar;
- Isenção de impostos sobre alimentos básicos para as famílias com crianças em idade escolar, especialmente para os trabalhadores dos setores econômicos mais afetados; entrega em domicílio de alimentos frescos, se possível da agricultura local;
- Redistribuição dos alimentos dos programas de alimentação escolar por meio de doações a entidades responsáveis pela assistência alimentar (como bancos de alimentos, organizações sociais, organizações não-governamentais, igrejas) durante a fase de resposta a emergências, sob rigoroso monitoramento de protocolos segurança para impedir a propagação do vírus;
- Lançar mão dos instrumentos digitais como mídias sociais e aplicativos para melhorar a comunicação sobre pontos de acesso a entregas de alimentos, tempos de distribuição e recomendações para a boa utilização dos alimentos, bem como medidas para reduzir o risco de disseminação do COVID-19.
A FAO também desaconselha a corrida aos supermercados durante a pandemia da COVID-19, alegando que é necessário que se aja com responsabilidade, pois o estoque domiciliar de alimentos impede que outras pessoas tenham acesso a estes. Devido ao distanciamento social é interessante que se faça algum abastecimento na despensa de casa, a fim de evitar constante exposição às ruas, porém, nesse momento, segundo a FAO tudo indica que a situação dos mercados está controlada. Com o avanço da pandemia pode ocorrer um impacto no abastecimento dos mercados, porém medidas estão sendo tomadas a nível global com o objetivo de manter estável a disponibilidade de alimentos.
O mais importante nesse momento é manter a calma e pensar com empatia. Para enfrentar essa pandemia é preciso abandonar o egoísmo e considerar todas as diferentes realidades a fim de que ninguém seja prejudicado em favor do conforto de outrem.
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