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Brasil, oficialmente denominado República Federativa do Brasil, maior país da América do Sul, um dos principais da América Latina. Situado na porção oriental do continente, é banhado pelo Oceano Atlântico a leste e faz fronteira com quase todos os demais países sul-americanos. Sua diversidade geográfica inclui biomas como a Floresta Amazônica, o Cerrado, a Caatinga, a Mata Atlântica, os Pampas e o Pantanal, tornando-o um dos territórios mais ricos em biodiversidade do planeta. Além disso, sua influência econômica e cultural o coloca como um ator fundamental na política da região. No entanto, apesar de sua grande e inegável relevância, o Brasil ainda enfrenta desafios na forma como é percebido internacionalmente.
Nós, brasileiros, estamos acostumados com certos mal-entendidos quando se trata de como somos vistos pelo resto do mundo. Mas poucos são tão persistentes quanto a confusão dos americanos sobre nossa identidade: somos ou não latinos? Essa dúvida reflete não apenas diferenças linguísticas e culturais, mas também a forma como a identidade latino-americana é percebida nos Estados Unidos. Para muitos norte-americanos, “latino” está quase exclusivamente associado à herança hispânica, vinculada à colonização espanhola e à língua espanhola como traço definidor.
Para entender essa questão, vale analisar a definição adotada por algumas instituições. De acordo com o Departamento do Censo dos Estados Unidos, “latino” se refere a pessoas de cultura ou origem espanhola. Ou seja, para eles, os latinos são aqueles ligados ao mundo hispânico. Como falamos português e temos uma cultura distinta da espanhola, o Brasil acaba de fora dessa classificação. Curiosamente, ao mesmo tempo, muitos americanos acham que falamos espanhol…
Entretanto, a verdade é que a origem linguística da nossa língua não se limita ao espanhol. O português é uma língua românica, assim como o espanhol, o francês, o italiano e o romeno. Todas derivam do latim e compartilham semelhanças estruturais e de vocabulário. Dessa forma, não faz sentido reduzir a identidade “latina” apenas ao mundo hispânico, ignorando o Brasil.
Mas por que essa visão limitada persiste? Talvez porque a maioria dos países da América Latina fale espanhol, e os americanos tenham adotado um raciocínio simples: se quase todos falam espanhol, então “latino” significa “hispânico”. Um erro reducionista, claro, mas que se perpetua. Além disso, a falta de visibilidade do português no cenário global também contribui para isso. Enquanto o espanhol é uma das línguas oficiais da ONU, o português ainda não conseguiu esse status. Porém, se fosse apenas uma questão de número de falantes, o hindi, uma das línguas oficiais da Índia, por exemplo, com cerca de 637 milhões de falantes, teria muito mais destaque global do que tem.
Ademais, o impacto da cultura pop também reforça essa distorção. Basta ver quantos artistas americanos têm ascendência hispânica: Jennifer Lopez, Selena Gomez, Cardi B, Bruno Mars, entre outros. Isso cria uma associação direta entre “latino” e “hispânico” na mente do público americano. E quando um artista brasileiro faz sucesso lá fora? Os americanos costumam se confundir. Se você assistir a vídeos de reação (“reaction”) no YouTube a clipes de músicas em português de artistas brasileiros, como Anitta, vai notar que muitos, num primeiro momento, acham que ela está cantando em espanhol.
Para compreender melhor essa questão, vale lembrar a origem histórica do termo “latino”. Historicamente, o termo surgiu no século 19, como explica a jornalista Erin Blakemore. Inicialmente, era uma abreviação de “latino-americano”, abrangendo todas as ex-colônias de países europeus de línguas de origem latina, como Espanha, Portugal e França. Ou seja, a própria origem do termo prova que os brasileiros são, sim, latinos. Mas parece que os americanos não receberam esse memorando.
No fim das contas, importa pouco como nos classificam. Como bem diz o título do livro do economista Paulo Nogueira Batista Jr., “o Brasil não cabe no quintal de ninguém”. Assim, seja latino ou não, continuamos sendo um país único, com uma identidade própria que vai muito além de rótulos simplistas.