Super-heróis com falhas. Nós realmente precisamos deles? Ao que tudo indica, sim. Séries como “The Boys”, da Amazon Prime Video, já haviam testado esse terreno com sucesso. Agora, Thunderbolts marca a entrada da Marvel em uma narrativa mais sombria e emocional dentro de seu Universo Cinematográfico (MCU), apostando em um grupo de anti-heróis liderados por Yelena Belova (Florence Pugh).
Dirigido por Jake Schreier (“Cidades de Papel”) e com roteiro de Eric Pearson e Joanna Calo, o filme reúne personagens já conhecidos, mas emocionalmente esgotados, como Bucky Barnes (Sebastian Stan), Ava Starr / Fantasma (Hannah John-Kamen) e John Walker (Wyatt Russell). A trama gira em torno de uma missão forçada, na qual os protagonistas são obrigados a trabalhar juntos para sobreviver. No entanto, o foco está menos na ameaça externa e mais na batalha interna que cada personagem enfrenta.
Diferentemente da estética carregada de CGI típica dos filmes da Marvel, Thunderbolts* surpreende por priorizar efeitos práticos e acrobacias reais. A direção evita o espetáculo visual em favor de uma ação mais crua e fundamentada, com ecos de “Missão Impossível”. Isso dá ao longa um tom menos fantasioso e mais próximo da realidade — pelo menos emocionalmente.
O grande trunfo do filme está no desempenho de Florence Pugh. Sua Yelena é o coração da narrativa e conduz o público por um mergulho na dor, na dúvida e no luto. A abordagem da saúde mental, raramente vista com tanta ênfase em blockbusters de super-heróis, é o eixo que sustenta a história. A depressão, a estafa emocional e o vazio de propósitos são apresentados sem exageros ou romantização.

Apesar da força do conteúdo, o roteiro não é imune a tropeços. Há momentos de instabilidade no ritmo e a estrutura narrativa exibe sinais de múltiplas reescritas. Ainda assim, o filme entrega um clímax emocionalmente potente, que pode ser considerado um dos pontos altos do MCU desde Ultimato.
Thunderbolts* encerra a Fase 5 do Universo Marvel com uma proposta menos épica, mas mais significativa. Ao trocar a salvação do mundo por uma luta íntima contra demônios pessoais, o filme consegue se destacar não por sua grandiosidade, mas por sua honestidade. Não à toa, no Rotten Tomatoes, o filme está decolando e recebeu até o momento 88% (258 avaliações) dos críticos e 94% baseada em mais de 1.000 avaliações atribuídas pelo público.