Itatiaia, distrito de Ouro Branco, é conhecida por belas cachoeiras e paisagens incríveis do Parque Estadual da Serra, e durante o período de pandemia, o lugar tem causado problema de aglomeração de turistas, o que tem trazido incômodo para a população local. Além disso, de acordo com denúncias, bares e restaurantes também estão tendo aglomerações e causa apreensão com a comunidade.
Mesmo com placas alertando o fechamento do Parque Estadual da Serra de Ouro Branco, visitantes insistem em descumprir o aviso e continuam a visitar a o lugar. Recentemente, as visitas causaram problemas, como um carro de passeio que pegou fogo e destruiu 37,2 hectares de vegetação.
Com isso, a cardiologista Julimara Ribeiro, residente do distrito de Itatiaia, mas que trabalha em Ouro Branco, através de uma carta à imprensa, relata o drama vivido pelos moradores pela invasão de turistas e visitas em tempos de pandemia. “ Nossa pequena comunidade tem um alto índice de pessoas idosas e de pacientes hipertensos e cardiopatas graves . Posso citar pelo menos 80 pessoas que são meus pacientes diretos e que se enquadram neste risco. Como médica Cardiologista, venho alertar com a autoridade de quem vivencia diariamente os cuidados com pacientes cardíacos e idosos, que são o grupo de risco principal para complicações e morte relacionadas ao contágio do coronavírus”, relata a moradora.
Prefeitura de Ouro Branco
Segundo a Prefeitura de Ouro Branco, o município distribuiu equipes mobilizadas nas Barreiras Sanitárias instaladas nas entradas da cidade, assim como na entrada do Parque Estadual da Serra, que segue em fechamento à visitação. Ainda de acordo com a administração municipal, será aumentado o vigor da fiscalização dos turistas entrando na cidade.
Leia na íntegra a carta:
“Vejo com bastante preocupação a reabertura precoce de bares e restaurantes no distrito de Itatiaia/Ouro Branco MG,onde resido. Estamos com 20 casos de coronavírus em Ouro Branco, onde 1 paciente encontra-se internado e passamos pelo momento onde a curva de contágio só tem crescido em nossa região. A estimativa de que, em agosto, haverá 5.000 mortes diárias no Brasil, de contaminados pelo coronavírus, é um alerta importante a todos nós.
Nossa pequena comunidade tem um alto índice de pessoas idosas e de pacientes hipertensos e cardiopatas graves . Posso citar pelo menos 80 pessoas que são meus pacientes diretos e que se enquadram neste risco. Como médica Cardiologista, venho alertar com a autoridade de quem vivencia diariamente os cuidados com pacientes cardíacos e idosos, que são o grupo de risco principal para complicações e morte relacionadas ao contágio do Coronavírus.
É preocupante a reabertura de bares e restaurantes, pois nestes ambientes, onde comemos , bebemos e confraternizamos não temos como usar máscaras com eficiência, nos sentamos lado a lado e a emissão de gotículas de saliva durante a fala e a alimentação pode espalhar pelo ambiente esse vírus altamente contagioso .
Os funcionários desses bares e restaurantes, mesmo que não estejam no grupo de risco, atenderão diretamente aos turistas que vem de cidades onde a contaminação é ainda mais preocupante. Esses funcionários poderão transmitir o vírus e levar esse contágio as suas casas, aos seus pais, avós e bisavós que residem em nosso distrito.
Em todos os locais onde há um planejamento em saúde eficiente, os bares e restaurantes são os últimos a serem liberados para funcionar, já que o risco de contaminação é maior nesses locais.
Precisamos acreditar na Medicina, precisamos nos cercar de conhecimento científico, pois é com ele que podemos nos proteger. Num momento onde há terraplanistas e contrários a vacinação-pratica incontestável em todo o mundo, precisamos nos manifestar e dizer que é com o planejamento científico que vamos sair desta situação com menos perdas.Vidas humanas importam.
Com imensa preocupação, faço um apelo a todos os comerciantes do distrito, solicitando que não abram seus estabelecimentos para permanência de clientes se alimentando dentro desses ambientes. Sabemos que o fechamento dos bares e restaurantes trás também grande insegurança financeira aos funcionários e como o momento é de solidariedade e responsabilidade social, tentem manter os proventos dessas pessoas.
Peço aos meus colegas da área de saúde e a todas as pessoas que são sensíveis a esta causa, que também se manifestem para que possamos juntos, enfrentar essa grave situação. Precisamos proteger nossos vizinhos, amigos e pacientes.”
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