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Nos últimos anos, a tecnologia se tornou uma presença constante no dia a dia das crianças brasileiras, especialmente entre aquelas com menos de 8 anos. Dados recentes do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) revelam que o uso da Internet e a posse de celulares cresceram significativamente nessa faixa etária. Mas o que esses números significam para a infância no Brasil? Vamos explorar essa questão de forma clara e envolvente.
Infância conectada: um salto tecnológico
Entre 2015 e 2024, segundo o estudo, a proporção de crianças de 0 a 2 anos que acessam a Internet saltou de 9% para 44%. Já na faixa de 3 a 5 anos, o número subiu de 26% para 71%, e entre 6 e 8 anos, de 41% para 82%. Esses dados mostram que, em menos de uma década, a Internet deixou de ser um recurso distante para se tornar parte integrante da rotina das crianças. O celular, por sua vez, também ganhou espaço. Antes da pandemia, os números de posse de celular eram estáveis, mas, a partir de 2021, houve um crescimento expressivo, especialmente entre crianças de 3 a 8 anos.
Esse avanço, no entanto, não aconteceu de forma uniforme. A pandemia de COVID-19 acelerou a adoção de tecnologias digitais, mas também evidenciou disparidades socioeconômicas. Crianças de classes AB, por exemplo, têm acesso quase universal à Internet, enquanto nas classes DE, o acesso é mais limitado. Essa desigualdade digital reflete um desafio que vai além da tecnologia: garantir que todas as crianças tenham oportunidades iguais no mundo conectado.
Celulares em alta, computadores em baixa
Enquanto o uso de celulares disparou, o mesmo não pode ser dito sobre os computadores. De 2015 a 2024, o uso de desktops, notebooks ou tablets caiu entre as crianças. Por exemplo, na faixa de 3 a 5 anos, o uso de computadores diminuiu de 26% para 17%, e entre 6 e 8 anos, de 39% para 26%. Esse declínio está diretamente relacionado à redução da presença desses dispositivos nos lares brasileiros. Afinal, por que ter um computador se o celular faz quase tudo?
No entanto, é importante notar que crianças que têm computadores em casa tendem a usá-los mais. Isso sugere que o acesso ao equipamento ainda é um fator determinante para o tipo de tecnologia que as crianças utilizam. Enquanto o celular é prático e portátil, o computador pode oferecer experiências mais ricas e educativas, especialmente para atividades que exigem maior interação ou criatividade.
Desafios e oportunidades
Os dados do Cetic.br são um primeiro passo para entender como a tecnologia está moldando a infância no Brasil. Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br, destaca a importância dessas informações para o desenvolvimento de políticas públicas voltadas à proteção das crianças no ambiente digital. Afinal, não basta apenas conectar as crianças; é preciso garantir que esse acesso seja seguro, educativo e equilibrado.
Além disso, ainda há muitas perguntas sem resposta. Quais conteúdos as crianças estão acessando? Com que frequência usam a Internet? Como os pais e responsáveis estão mediando esse uso? Essas questões são fundamentais para compreender o impacto real da tecnologia na vida das crianças e para orientar ações que promovam um uso saudável e produtivo.
Um futuro digital em construção
O crescimento do uso da Internet e de celulares entre crianças brasileiras é um reflexo claro de uma sociedade cada vez mais conectada e digitalizada, impulsionado pela popularização dos smartphones e pela expansão do acesso à rede, o que transformou a maneira como as crianças interagem com o mundo ao seu redor. No entanto, esse avanço tecnológico não vem sozinho: ele traz consigo uma série de desafios que precisam ser enfrentados com cuidado, responsabilidade e planejamento. Além disso, é preciso assegurar que o acesso ocorra em um ambiente digital seguro, enriquecedor e adaptado às suas necessidades. Isso envolve desde a proteção contra riscos como exposição a conteúdos inadequados ou práticas de cyberbullying até a promoção de um uso consciente e equilibrado das telas. Afinal, a tecnologia pode ser uma aliada poderosa no desenvolvimento infantil, mas seu uso desregulado ou sem supervisão pode trazer consequências negativas para a saúde física, emocional e cognitiva das crianças. Vale lembrar que já existe, por exemplo, lei que restringe uso de celular em escolas de todo o país, justamente para prevenir que o tempo de tela não impacte a interação social e as habilidades emocionais das crianças e adolescentes.