Fim de ‘Volta por Cima’: novela se despede com elenco forte e abordagem social

Por João Paulo Silva
Fim de 'Volta por Cima': novela se despede com elenco forte e abordagem social

As novelas são parte fundamental da cultura brasileira, servindo não só como entretenimento, mas também como espaço para discutir temas relevantes e estimular reflexões na sociedade. Neste sábado (26), encerra-se mais um capítulo dessa história com o fim de “Volta por Cima”, novela da TV Globo exibida desde setembro de 2024 na faixa das 19h. Ao longo de quase sete meses, a trama apostou em humor leve, diversidade e abordagens sociais contemporâneas.

— Enquanto uma novela faz sucesso, o BBB25 amarga um fracasso. Entenda o motivo.

Escrita por Claudia Souto, “Volta por Cima” abordou uma trama que uniu drama, humor e intensas cenas de ação ambientada no subúrbio carioca. A história seguiu o casal Madá (Jéssica Ellen) e Jão (Fabrício Boliveira), personagens negros cuja trajetória positiva foi vista como um avanço em representatividade na televisão brasileira, especialmente pelo conceito de “black joy”, que valoriza narrativas felizes e otimistas.

O núcleo humorístico, composto por personagens brilhantes como Osmar, “o Bruto” (Milhem Cortaz), Roxelle (Isadora Cruz) e Gigi (Rodrigo Fagundes), merece elogios pela leveza e autenticidade.

Um dos momentos mais marcantes e elogiados pela crítica especializada foi a abordagem cuidadosa de temas sociais como violência doméstica. A personagem Roxelle protagonizou uma cena na qual fez discretamente o “sinal universal de socorro”, utilizado por mulheres vítimas de abuso para pedir ajuda de forma silenciosa. A cena repercutiu amplamente nas redes sociais, destacando o papel educativo e conscientizador da novela.

Um outro aspecto positivo foi a conexão com o público jovem ao incorporar elementos da cultura pop global, como a onda do K-pop e das séries sul-coreanas, representada na novela pelo personagem Jin Kwon (Allan Jeon). Esses recursos ajudaram a ampliar a repercussão digital da trama, especialmente no TikTok e Twitter, onde cenas da novela frequentemente viralizaram. Outro ponto de destaque foi a abordagem do tema do uso de anabolizantes e suas consequências pelo personagem Nando (João Gabriel D’Aleluia).

“Volta por Cima” chega ao fim com a missão de um projeto bem desenvolvido tecnicamente, com uma trilha sonora elogiada por valorizar o samba e a música popular brasileira. O texto leve e criativo de Claudia Souto contribuiu para a construção de personagens realistas e carismáticos, deixando uma boa impressão especialmente pela representatividade positiva e a capacidade de tratar com naturalidade temas complexos.

Um dos grandes destaques da trama é a presença de um elenco consagrado que só contribuiu — e muito — para o sucesso da novela. Isabel Teixeira, Pri Helena, Amaury Lorenzo, Enrique Díaz, Drica Moraes, entre outros, compuseram um elenco sólido e versátil. Foi também um privilégio acompanhar as atuações marcantes de Iara Jamra, Betty Faria, Fábio Lago, Aílton Graça, José de Abreu e da sempre brilhante Lucinha Lins, que, mesmo entrando na reta final, trouxe densidade e sensibilidade à trama, agregando significativamente à narrativa.

O fim de “Volta por Cima” também consagra a autora Claudia Souto como uma das principais roteiristas da atualidade, capaz de transformar realidades duras em tramas acessíveis e humanas. Com uma equipe afinada e um elenco competente, a novela reforça que o sucesso nem sempre se mede apenas por números, mas também pelo impacto emocional, pelas discussões que provoca e pela lembrança que deixa. Uma despedida à altura do que a obra representou.

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