No último domingo 13 de novembro, foi realizado mais uma etapa anual do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), porta de entrada para estudantes de todo o país para as mais diversas Faculdades e Universidades brasileiras.
Atacado diversas vezes pelo atual governo que finalmente se encerrará dia 31 de dezembro do presente ano, diversos especialistas aguardavam uma prova conteudista, conservadora e para alguns, até mesmo reacionária.
Puro engano. O que vimos ontem foi mais uma prova que dentro dos responsáveis pelas questões, gerenciados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), também existe resistência ao desmonte educacional feito por Bolsonaro, Temer e sua trupe nos últimos seis anos.
Uma das maiores provas disso a tão temida redação. Com o tema “Desafios para a valorização de comunidades e de povos tradicionais do Brasil”, quem atua ou conhece um pouco da luta dos movimentos sociais pela educação nadou de braçada! Pior para os puxa-sacos daquele que ainda é presidente, pois com certeza ficaram perdidos com tal temática!
Mas não só no tema da redação que vimos isso. Houve uma questão citando diretamente a luta do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) pela reforma urbana e o cumprimento constitucional da função social da propriedade privada. Tal pergunta fez até mesmo seu principal líder e deputado federal eleito pelo PSOL, Guilherme Boulos, comemorar em suas redes sociais.
Outros assuntos importantes que tem permeado os debates na atualidade também foram lembrados, como a desigualdade de gênero, sempre importante de ser apontada e o racismo estrutural, uma das mais nocivas heranças que temos em nosso desigual país.
Ter um exame que é aplicado em todo território nacional apontado temáticas tão importantes como estas que comentamos é fundamental quando pensamos na importância da educação para a destruição de estereótipos equivocadamente construídos pela sociedade, causa satisfação a qualquer profissional ver tudo isso ser abordado em meio a um período tão obscuro como o que vivemos!
Cada um pode e deve fazer sua parte na luta por uma sociedade menos desigual e mais justa e, como vimos no ENEM 2022, até mesmo na confecção de provas podemos dar o nosso recado.
Um brinde aos elaboradores de questão do INEP!