Com dificuldades em contratação de técnico, Galo precisa ser inteligente

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Em momento mais que delicado na temporada, após perder o Campeonato Mineiro e ser eliminado na fase de grupos da Copa Libertadores, o Atlético-MG sofre para encontrar um técnico que aceite comandar o time até o fim da temporada. O clube mineiro chegou a fazer propostas para Tiago Nunes, do Athletico Paranaense, e Rogério Ceni, do Fortaleza, mas ambos as recusaram.
Para entender o problema do Atlético, é preciso olhar para o passado. Desde a saída de Levir Culpi, não a atual, mas a de 2015, após ser vice-campeão brasileiro, sete treinadores passaram pelo alvinegro. Diego Aguirre, Marcelo Oliveira, Roger Machado, Rogério Micale, Oswaldo de Oliveira, Thiago Larghi e novamente Levir Culpi, último a ser demitido, treinaram a equipe em pouco mais de três temporadas. Para se ter uma base de comparação, o rival Cruzeiro teve, num período quase idêntico, apenas um treinador. Mano Menezes. O que já trouxe frutos, em forma de conquistas, para o time celeste.
Assim torna-se possível entender o porque de nomes como Tiago Nunes e Rogério Ceni não aceitarem deixar dois clubes de menor expressão e tradição nacional para vir para o Galo. Hoje o treinador busca estabilidade e possibilidade de colocar em prática um trabalho contínuo, não apenas focado no imediatismo. E o Atlético, hoje conhecido por ser uma “máquina de moer treinadores” é totalmente pouco atrativo para os profissionais.

Inteligência

Mesmo com a falta bons nomes no mercado de treinadores e a clara demonstração de que dificilmente um técnico já empregado irá abandonar o barco para assumir o time, o Atlético não pode se desesperar. Contratar algum nome agora, apenas por contratar, pode significar ainda mais sofrimento para o torcedor no decorrer do ano. Primeiramente é preciso descartar nomes de alguns medalhões que já se sabem que não darão em nada. Qual havia sido o último trabalho vitorioso de Oswaldo de Oliveira, quando este foi contratado para dirigir o Galo em 2017? É um tiro no pé buscar esse perfil de treinador, que está sempre a espreita. Vanderlei Luxemburgo, Celso Roth, Paulo Autuori e companhia já deram o que tinham que dar.

Projeto

O segundo passo é encontrar um nome que consiga oferecer um projeto. Que defina estilo de jogo, forma de trabalho. Pois assim fica mais fácil contratar jogadores que serão realmente úteis e agir com base naquilo que o técnico pensa e quer para a equipe. Não montar um time pedido por um técnico, que será utilizado por outros dois com estilos totalmente diferentes durante o ano. Imagina um treinador que priorize um jogo de velocidade com o elenco atual do Cruzeiro. Ou um que goste de valorizar a posse de bola com o atual Palmeiras de Felipão. É pedir para dar errado.

Paciência

E por fim, é preciso ter paciência. Hoje o Atlético tem um time inferior que alguns dos seus principais rivais nacionais e pratica política de austeridade financeira, ou seja, grandes nomes não deverão desembarcar na Cidade do Galo. Então não se pode cobrar, pelo menos por hora, um desempenho equivalente aos de times milionários como Flamengo e Palmeiras e de equipes que mantém um trabalho contínuo, como Grêmio e Cruzeiro.
Um treinador que chegasse agora, precisaria de tempo para se adequar a um elenco já montado e a uma situação de pressão enorme. Para a próxima temporada, uma reformulação já seria possível. É primordial para o sucesso do clube um projeto a longo prazo, que permita ao treinador passar aos atletas suas ideias sem precisar tomar certos rumos duvidosos em busca de um imediatismo que vise resguardar seu emprego.

Demissão de Larghi

E por ignorar esses fatores a diretoria do Atlético cometeu um grande erro no ano passado: demitir Thiago Larghi. O jovem treinador assumiu o clube interinamente após a queda de Oswaldo de Oliveira e após bons resultados foi efetivado. É verdade que o time caiu em todas as competições de mata-mata que disputou comandado por Thiago, mas o bom desempenho no Brasileirão, após assumir o técnico assumir um elenco que não montou e que era sabidamente mais fraco que de seus principais concorrentes devia ter sido levado em conta.

Com dificuldades em contratação de técnico, Galo precisa ser inteligente

Thiago Larghi treinou o Atlético Mineiro de fevereiro a outubro de 2018 (Foto: Geraldo Bubniak / AGB)


Thiago Larghi despontou como uma das principais promessas entre os treinadores no Brasil e talvez, uma pré-temporada, reforços com seu aval e tempo de implantar sua filosofia, com treinamentos, além de claro, mais experiência, fossem o suficiente para que o Atlético voltasse aos trilhos. Mas o imediatismo cego dos dirigentes do Galo tirou aquele que era o mais bem cotado para colocar o clube nos eixos. O G6 não era suficiente. E o clube paga por isso até hoje. É melhor que o erro não se repita. Ou uma hora realmente não virá mais ninguém.

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