Após passar pela pior enchente de sua história, Itabirito começa a contabilizar os estragos e recuperar a cidade. Algumas pessoas perderam suas casas, não conseguindo resgatar nada. Foi o caso do motorista José Ramos, de 42 anos. Ele é morador da rua Alameda Padre Carlos, no bairro Quinta dos Inconfidentes, e viu sua residência ser tomada por um grande deslizamento de terra na madrugada de sábado, 8 de janeiro, por volta das 3h.
“Eu e minha esposa já havíamos nos deslocado para a casa de um parente próximo, porque estávamos com receio do muro cair. Viemos dormir na casa da minha sogra. Houve um deslizamento de terra com muita pressão e passou por cima da casa. Não deu para salvar nada, o que estava dentro da casa, ficou lá, tudo perdido”, relatou José ao Mais Minas.
Na residência moravam José, sua esposa e seu filho. Até a terça-feira, 11 de janeiro, ainda não houve nenhum suporte por parte da prefeitura, porque ainda há muitas áreas sendo atingidas em Itabirito, já que a chuva não cessou. A prefeitura, inclusive, decretou o estado de calamidade pública. Por enquanto, a família de José segue na casa de parentes.
“O centro de Itabirito, hoje, é só barro. A Defesa Civil tem dado prioridade para outros acontecimentos, porque no meu caso não teve vítima. A casa caiu, não tem mais o que fazer. Estamos aguardando a Defesa Civil para irmos até o local, fazermos um boletim de ocorrência”, finalizou José Ramos.
Veja imagens de como ficou a casa de José Ramos:
O Bendito Bar, localizado na rua Euríco Rodrigues, no centro de Itabirito, foi completamente tomado pela água. O estabelecimento estava fechado há dois meses por problemas com a prefeitura, devido a conflitos com a vizinhança, além do fato de terem colocado mesas e cadeiras em frente ao bar. Porém, havia equipamentos de som, iluminação, televisão e freezer com alimentos perecíveis e bebida, além de bebidas em estoque.
Natural de Uberlândia, Jovane Ferreira Macedo de Souza, de 34 anos, é o proprietário do bar. Ele estava na sua cidade natal até a sexta-feira, 7 de janeiro, e no sábado, já em Itabirito, ele viu sua principal fonte de renda ser tomada pela chuva.
“Acompanhando pelas câmaras no sábado, vi que estava começando a encher. Fui até o local, a água ainda estava na canela, subi meus materiais para prevenir cerca de 1,50 metro de altura de água, por precaução. E aí, vi pelas câmeras que iria acontecer uma catástrofe. Encheu mais de 1,80 metro de água no bar e virou um redemoinho lá dentro. Tudo foi tomado pelo barro, os freezers estavam em cima dos balcões, rodou tudo lá dentro. Então, eu perdi bebida, freezer com mantimento perecível, estoque de cerveja, bebida gelada, equipamentos, televisão, tudo o que tinha no bar. O barro estourou o meu muro, então o meu estoque de mesa e cadeira também foram parar perto da quadra”, relatou Jeovane, que estima ter perdido mais de R$ 100 mil com a enchente.
Na terça-feira, 11 de janeiro, com a ajuda das equipes de garçons, cozinhas, músicos, amigos e utilizando equipamento disponibilizado pela Vale, Jovane limpou o bar. Veja imagens:
“Como eu não sou daqui, eu fiz muitas amizades através do bar. Então, eu agradeço muito as minhas equipes, parceiros de bar de Cachoeira do Campo e meu fornecedor de tendas. Praticamente todos os músicos de Itabirito foram lá me ajudar”, disse.
Morando há um ano e meio na cidade, Jovane mora em um apartamento no bairro Saudade, junto de sua esposa, que é de Itabirito, e seu filho de quatro anos que está prestes a completar aniversário, porém, com tamanho prejuízo, não será possível realizar a festa para o pequeno, que completa cinco anos de vida no próximo dia 17 de janeiro. “É tirar o sonho de uma criança de ter um aniversário, já estava tudo organizado, mas o gasto eu não vou poder cobrir.”
O prefeito de Itabirito, Orlando Caldeira (Cidadania), disse, através das redes sociais da prefeitura, que está dialogando com o Governo de Minas Gerais para adquirir recursos para as pessoas que tiveram perdas com as chuvas.
“Lamento por aqueles que perderam todos os seus bens móveis e ao nosso comércio. Estivemos reunidos com o CDL e o governador vai buscar alternativas para que possamos ter, junto ao BDMG, recursos para sustentar esse momento difícil que estamos atravessando”, disse.