Vereador de Ouro Preto questiona se vale a pena arriscar o ano letivo de 2022 da cidade por causa de carnaval

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No dia 9 de novembro, em uma entrevista coletiva, o prefeito de Ouro Preto, Angelo Oswaldo, junto da secretária municipal de Turismo, Margareth Monteiro, confirmou o planejamento do carnaval na cidade de 2022. A decisão gerou polêmica entre os ouro-pretanos, com alguns se posicionando contrários à realização do evento.

Vários ingressos já foram vendidos e atrações foram confirmadas no carnaval privado de Ouro Preto, promovido pela Liga dos Blocos de Carnaval, que organiza o Caixão, Cabrobró, da Praia e Chapado. Artistas como Pedro Sampaio, Denis DJ e Léo Santana são alguns dos artistas que se apresentarão nos eventos privados.

"Pode ser um tiro de bazuca no pé", diz vereador de Ouro Preto sobre carnaval em 2022
Foto: Reprodução / CMOP

Ouro Preto se encontra na Onda Verde, a mais flexível do plano Minas Consicente, em que permite eventos, ainda que seguindo alguns protocolos sanitários. Segundo Margareth Monteiro, uma das principais mudanças pela prefeitura será o cartão de vacina. “O passaporte para participar do carnaval de Ouro Preto será o cartão de vacina. Apresentando o cartão, você tem livre acesso a todas as atividades do carnaval”, afirmou a recém nomeada secretária de Turismo.

Na 76ª reunião da Câmara de Ouro Preto, o vereador Júlio Gori (PSC) apresentou a Representação 399/2021, que solicita um posicionamento das autoridades médicas competentes da cidade em relação ao anúncio da possibilidade de realização do carnaval em 2022. O documento questiona especificamente aos especialistas do Hospital Santa Casa de Misericórdia se é seguro promover grandes aglomerações na cidade, qual a probabilidade de um novo pico de casos e se houver uma contaminação em massa no município, se é possível realizar o controle completo da situação epidemiológica.

“Essa Representação tem o intuito de conseguir um parecer de um infectologista, médicos e profissionais da ciência para a gente ver o que eles estão comungando das opiniões e números que estamos vendo em alguns países, porque o Brasil ainda está nessa situação de vacinação, mas os países que começaram a vacinar tem 10 meses ou um ano, como a China, agora estão com cidades fechadas. O Reino Unido e Alemanha são exemplos. Nós não sabemos, de fato, a eficácia do prazo dos anticorpos no ser humano”, disse Júlio Gori sobre sua Representação.

O vereador salientou que gosta de festas, incluindo o carnaval, e destacou o fomento na economia local que tal evento proporciona, mas citou outras prioridades da cidade que podem ser afetadas em caso de um novo pico de casos.

“Eu sou apaixonado com festa, eu adoro, o carnaval de Ouro Preto fomenta mais de R$ 25 milhões, é muito dinheiro. Mas nós não podemos ir contra os números e a ciência. Não adianta recebermos turistas de vários locais, carnaval, blocos com mais de 15 mil pessoas, e, no ano que vem, termos mais um ano letivo cancelado. Isso pode ser um tiro de bazuca no pé. Isso precisa estar em debate, só o cartão de vacina não serve de parâmetro para ser passaporte de carnaval. A discussão tem que ser pautada em números.”

O vereador Matheus Pacheco (PV) pediu para assinar tal Representação junto com Júlio Gori. O documento foi aprovado na reunião por 10 votos.

De acordo com o Boletim Epidemiológico divulgado pela Prefeitura Municipal, oito novos casos de Covid-19 foram confirmados nas últimas 24h em Ouro Preto, totalizando 6.502 casos. Desses, 6.464 se recuperaram, 132 pessoas morreram, sete pacientes estão internados (sendo dois ouro-pretanos) e a taxa de ocupação de leitos na cidade é de 35%.

O “Vacinômetro” do boletim consta 70.197 pessoas parcialmente imunizadas (87,94%) em Ouro Preto e 65.517 ouro-pretanos estão completamente imunizados (82%).

A enfermeira a Prefeitura de Ouro Preto, Luiza Polliana Godoy Paiva, foi até a Câmara Municipal na manhã desta quinta-feira, 18 de novembro, representando a Secretaria de Saúde. Ela disse que a pasta ainda não tomou um posicionamento sobre a realização do carnaval na cidade em 2022.

“Há uma comissão na prefeitura e da saúde, quem representa isso é o pessoal da Vigilância. Então, tem a infectologia, a epidemiologista… Eles estão avaliando. Não temos uma resposta em relação a um posicionamento. Provavelmente, isso será divulgado posteriormente assim que for estabelecido qual o posicionamento da prefeitura”, disse Luiza.

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