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O Monopólio Futebolístico Brasileiro infelizmente começou

01/08/2018 às 17:22
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De uns anos para cá, vem se tornando mais comum as pautas e comentários sobre a possibilidade de centralização de poderio financeiro nas mãos de um ou dois clubes do futebol brasileiro. Tal efeito seria consequência da diferença absurda das cotas de TV e patrocínios entre alguns times e outros, com isso gerando uma espécie de “espanholização” da prática mais amada em nossas terras.

Esse termo, “espanholização”, vem do que aconteceu no futebol Espanhol, mas não exclusivo do país, onde dois times se tornaram totalmente hegemônicos no futebol e passaram a controlar praticamente sozinhos tudo o que se refere a conquistas, médias de público e torcedores e poderio financeiro, sendo estes raramente incomodados por outras equipes.

Mas como muitas coisas no país, enquanto não acontecia, esquecemos do perigo e vendamos nossos olhos ao que o futebol brasileiro estava próximo de virar. Essa demora de se cumprir o que era iminente se deve muito ao amadorismo dos próprios clubes com maior aporte financeiro das empresas patrocinadoras e TV. Estes, Flamengo com seguidas administrações desastrosas, e Corinthians, que após um período de tranquilidade começou a chafurdar nas dívidas, principalmente após a construção de seu estádio, tiveram por muito tempo a faca e o queijo nas mãos, mas jamais chegaram naquela hegemonia que era prometida.

Só que observando os últimos movimentos dessa janela de transferências, posso dizer que, infelizmente, essa hora chegou.

Desde que chegou ao Flamengo, o questionado Eduardo Bandeira de Melo adotou uma política para resolver as questões financeiras do clube, para hora ou outra ter mais receitas anuais que gastos e elevar, e muito, o patamar do time perante aos das outras equipes. E foi o que aconteceu. Nos últimos dias o Flamengo desembolsou impressionantes 10 milhões de euros para contratar o ponta Vitinho, que estava atuando no futebol russo e tem passagens por Botafogo e Internacional. Num momento em que a grande maioria dos clubes brasileiros passa por sérios problemas financeiros e precisam de se desfazer de jogadores para manter as contas em dia, o Flamengo torra com tranquilidade 10 milhões de euros em um jogador, que arrisco dizer que até hoje não foi aquilo que prometia (após o excelente surgimento no Botafogo, algumas temporadas no futebol russo, do segundo escalão europeu e uma passagem pelo Inter no ano de seu inédito rebaixamento). Se compararmos com o Cruzeiro, o valor de Vitinho equivale ao dobro do desembolsado por nós em todas as nossas contratações no ano, sendo que a mais cara, por exemplo, nem fomos nós que pagamos. É uma discrepância absurda e que promete ser a tônica do futebol brasileiro nos próximos anos.

Já não bastava o Palmeiras, aportado numa parceria com uma empresa contratar destaques dos rivais, surge o Flamengo que nem desse aporte de terceiros precisa. O Corinthians para nossa sorte ainda não conseguiu se acertar consigo mesmo.

Mas aí entra o pensamento do torcedor imediatista e que gera críticas à políticas como o do mandatário flamenguista: “Ah, mas não adianta ter dinheiro e não ganhar nada”. Sendo assim, ignoramos muito o fato desse poderio crescente pela falta de títulos relevantes do time rubro-negro (o último foi em 2013). Mas isso também parece perto de mudar. No ano passado o Flamengo foi vice duas vezes. Esse ano já sustentam a liderança do Brasileirão desde seu início e ainda estão vivos nos mata-matas, com uma equipe que mescla o talento de jovens como Lucas Paquetá, com a experiência de atletas como os Diegos, o meia e o goleiro, e Éverton Ribeiro.

Enfim, ou as equipes se unem para pedirem uma revisão da divisão dessas cotas, formas mais justas de separação desses valores, ou teremos um Bayern brasileiro em alguns anos. E se as cotas são tão diferentes pelo número de torcedores e estados dos times, a culpa dessa diferença é de quem paga, a TV, assunto que tratarei em texto posterior.

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Última atualização em 19/08/2022 às 10:59