O que significa monocórdia? Entenda a crítica a Fernanda Torres em Ainda Estou Aqui

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Em meio à campanha para o Oscar, o filme brasileiro “Ainda Estou Aqui” estreou em 200 salas de cinema na França nesta quarta-feira (15/1). Apesar de ter sido bem recebido por parte da crítica, a produção enfrentou duras avaliações, incluindo uma do influente jornal francês Le Monde. O crítico Jacques Mandelbaum deu apenas uma estrela ao longa e descreveu a atuação de Fernanda Torres como “passavelmente monocórdia”.

O que significa monocórdia?

O termo “monocórdia” tem origem no grego e é usado para descrever algo que apresenta pouca variação de tom, ritmo ou expressão. Em contexto artístico, especialmente na atuação, refere-se a interpretações que não demonstram mudanças emocionais significativas, mantendo-se em um mesmo registro ao longo de toda a obra.

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No caso de Fernanda Torres, a crítica de Mandelbaum sugere que a atriz manteve um desempenho uniforme demais, sem nuances que pudessem enriquecer a personagem. Essa avaliação contrasta com a de outros veículos franceses, que elogiaram a sobriedade e a profundidade emocional de sua atuação.

Divergência de opiniões

Embora a crítica de Jacques Mandelbaum tenha sido contundente, outros veículos importantes da França elogiaram o filme e a atuação de Fernanda Torres. A revista Le Nouvel Obs classificou “Ainda Estou Aqui” como “o melhor filme de Walter Salles” e destacou a abordagem intimista da memória e da ditadura. “Uma obra sobre a memória, sóbria e intimista, atravessada pelos fantasmas dos desaparecidos”, afirmou a publicação.

Essa divergência de opiniões reflete a subjetividade da crítica cinematográfica, especialmente em obras que abordam temas sensíveis como a memória e o autoritarismo. Enquanto Mandelbaum viu a “focalização melodramática” em Eunice Paiva como um ponto fraco, outros críticos valorizaram a escolha como um elemento que confere humanidade à narrativa.

Contexto da produção e impacto

“Ainda Estou Aqui” é dirigido por Walter Salles e narra a história de Eunice Paiva, viúva de Rubens Paiva, deputado federal cassado e desaparecido durante a ditadura militar brasileira. O filme busca retratar a luta de Eunice pela memória e justiça em um período marcado pela repressão e censura.

A atuação de Fernanda Torres, que interpreta Eunice, foi considerada essencial para transmitir a carga dramática da história. No entanto, a crítica de que seu desempenho seria “monocórdio” gerou debates sobre os diferentes estilos de interpretação e suas recepções pelo público e pela crítica.

Além disso, o filme enfrenta forte concorrência na corrida pelo Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. O longa francês “Emilia Pérez”, de Jacques Audiard, que já venceu o Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme em Língua Não Inglesa, é apontado como o principal concorrente de “Ainda Estou Aqui”.

Repercussão da crítica e discussão sobre monocórdia

A avaliação de Mandelbaum repercutiu não apenas pela baixa nota atribuída ao filme, mas também pelo uso do termo “monocórdia”, que não é amplamente conhecido. Nas redes sociais, espectadores e críticos de cinema debateram o significado da palavra e a validade da crítica.

“Classificar a atuação de Fernanda Torres como monocórdia é desconsiderar a proposta artística do filme, que exige uma interpretação contida e introspectiva”, argumentou um crítico brasileiro em uma rede social.

Outros, no entanto, defenderam que a crítica é legítima, já que a ausência de variações emocionais pode ser percebida como uma falha em determinadas obras, dependendo da expectativa criada pela narrativa.

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