A utilização da Cava Alegria Sul foi proposta pela Samarco após o rompimento da barragem de Fundão (2015).
A estrutura possui um sistema de contenção de rejeitos mais seguro e com menos impactos ambientais.
As obras tiveram início em outubro de 2018 e foi dividida em duas etapas.
A primeira está 80% concluída, com o fim previsto para maio.
A segunda fase consiste na montagem eletromecânica do sistema de bombeamento.
A sua conclusão final está calculada para setembro de 2019.
A obra é o primeiro passo para a retomada das atividades da mineradora e conta com força de trabalho local.
A Cava se diferencia do tipo a montante por se tratar de uma estrutura que já existia no solo, proveniente da extração de minério.
Além disso, ela se encontra em um espaço confinado que permite a contenção de rejeitos de forma natural e segura.
Segundo informações da assessoria da Samarco, serão utilizadas novas tecnologias na estrutura. “A retomada inclui um sistema de filtragem dos rejeitos, que permitirá o processamento da parte arenosa, que representa 80% do volume total de rejeito gerado.
Com isso, o rejeito arenoso será disposto em pilhas.
Já o adensamento da lama, que corresponde a 20% do volume total de rejeitos, reduzirá a quantidade de água presente neste material”.
Além de aumentar a segurança e diminuir os efeitos no meio ambiente, a nova tecnologia vai ser importante para aumentar o tempo útil de vida da Cava Alegria Sul.
Com esse tipo de filtragem a durabilidade da estrutura passa de 20 meses, para sete anos.
A empresa já estuda novas alternativas para depois do esgotamento da Cava Alegria Sul.
Só a Cava Alegria Sul garante o retorno da Samarco?
Desde 2016, a Samarco estuda alternativas para retomar suas atividades.
Mas para isso, ela precisa estar de acordo com alguns órgãos reguladores.
Para iniciar a preparação da Cava, primeiro a empresa precisou da autorização da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (SEMAD).
As licenças prévia (LP) e de instalação (LI), que permitem a preparação do local, foram concedidas pela Semad em dezembro de 2017.
Mas além da conclusão da obra, a Samarco ainda precisa do Licenciamento Operacional Corretivo (LOC) do Complexo de Germano, localizado em Mariana e Ouro Preto (MG), para voltar a produzir.
Resquícios de uma tragédia A história da Samarco vai ficar manchada para sempre pelo rompimento da barragem de Fundão.
A tragédia matou 19 pessoas e cobriu de lama o distrito de Bento Rodrigues (MG).
Sem mencionar os impactos ambientais, os rejeitos atingiram os afluentes e o próprio Rio Doce.
Que era fonte de renda e sobrevivência de milhares de moradores da região, que com a tragédia, ficaram sem água e sem trabalho.
Esse foi o maior desastre ambiental do Brasil.
Porém, o que ficou para a Samarco foram as lições para que uma nova tragédia não volte a ocorrer.
Por isso, a empresa reforçou suas estruturas geotécnicas em atendimento às normas brasileiras e aos requisitos internacionais de segurança. “Com todo o aprendizado adquirido, a Samarco incorporou novas práticas baseadas em avançadas técnicas de monitoramento e tecnologia.
Atualmente, o monitoramento das estruturas geotécnicas extrapola as exigências legais”.
Informou a assessoria da mineradora.
Para aumentar a segurança a empresa ainda conta com um Centro de Monitoramento e Inspeção (CMI), em operação 24 horas por dia, sete dias por semana.
Além desse Centro, as barragens são monitoradas e acompanhadas por uma auditoria independente.
Relatórios sobre as condições dessas estruturas, que segundo a empresa, estão estáveis, são remetidos periodicamente aos órgãos competentes.
Como no rompimento da barragem de Fundão a sirene de segurança não tocou, a Samarco tomou providências quanto ao fato.
Foram instaladas sirenes nas áreas das barragens e entre os municípios de Mariana e Barra Longa.
Para preparar a população, são aplicados exercícios de simulação, que buscam instruir os moradores e garantir uma evacuação efetiva em situações de emergência.