Começando o mês de outubro com a discussão da prevenção do câncer de mama, a Clínica Veterinária Habitat vem também alertar para a mesma doença, que pode ocorrer em cães e gatos, tanto machos quanto fêmeas. De acordo com o Conselho Federal de Medicina Veterinária, cerca de 45% das cadelas são atingidas pela doença e 30% das gatas. Em ambos os casos, aproximadamente 5% deles são diagnosticados como tumores malignos e em 20% dos casos são diagnosticados de forma tardia, dificultando o tratamento e a recuperação. Vamos trazer aqui todas as informações que você precisa saber sobre essa doença.
Afinal, o que é câncer? Como ele surge?
Ouve-se muito falar sobre as doenças cancerígenas, mas a gente sabe o que são elas? A médica veterinária Amanda Lopes, da Clínica Habitat, traz algumas informações. Essas doenças podem acometer tanto humanos, quanto animais. O câncer é o termo que abrange mais de 100 doenças que estão ligadas ao crescimento desordenado de células, que podem alcançar tecidos adjacentes, ou até mesmo alcançar órgãos internos do corpo. A tendência é que essas células se dividem rapidamente e agressivamente, de forma descontrolada, até a formação de tumores, que podem se espalhar por todo o corpo.
Os diferentes tipos de câncer variam dos diversos tipos de células encontradas no corpo vivo. Podem começar a partir dos tecidos epiteliais, como as células da pele, ou das mucosas, ou também podem derivar de tecidos conjuntivos, como osso, músculo e cartilagem, conhecidos como sarcomas.
Esse crescimento desordenado de células começa a partir de uma mutação genética, que acontece no próprio organismo do animal. A alteração no DNA (conjunto de informações genéticas de cada ser vivo) é o ponto de partida para o surgimento de um câncer. Quando algum gene do ácido desoxirribonucleico (DNA), onde contém toda a informação genética do animal, é alterado, começa-se o processo de formação do câncer.
Como faço para perceber se meu pet desenvolveu a doença?
Amanda Lopes conta algumas características que podem ser notadas. Geralmente, são mais comuns o aparecimento de lesões nas mamas. Podem surgir como nódulos (caroços) variando de quantidade e tamanho, alguns podem ter milímetros, outros já podem ter centímetros de diâmetro. Como elas são muito pequenas, é necessário que seja feita a palpação das mamas do animal. Colocando-o de barriga para cima, para que seja avaliado cada uma das mamas. É importante que se acompanhe a saúde do pet periodicamente, para que possa ser diagnosticado com antecedência.
Diferente de outras doenças, o câncer de mama costuma ser silencioso. Portanto, o animal pode não apresentar nenhuma mudança de comportamento nos primeiros meses da doença. Por isso, é importante que seja levado periodicamente para uma consulta com um médico veterinário, ou que seja feito o acompanhamento de perto pelo tutor do animal.
Entretanto, quando a doença atinge estágios avançados, o animal pode apresentar o quadro clínico de dores no local. Principalmente em casos que já aconteceram a ulceração, ou a inflamação do tumor. Quando em estágio mais grave, onde já ocorreu a metástase pulmonar (quando as células cancerígenas atingem os pulmões), o animal pode apresentar dificuldades respiratórias. Em todos os casos, o recomendado é levar o animal imediatamente para uma clínica veterinária.
O meu animal de estimação é macho, preciso me preocupar?
De acordo com estatísticas divulgadas pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), os tumores das glândulas mamárias são mais comuns em animais de estimação do sexo feminino. Nas cadelas, esse tipo de câncer é a neoplasia mais comumente. Nas gatas, esses tumores são o terceiro tipo mais comum de neoplasia. Assim como acomete os humanos, os tumores das glândulas mamárias são raros em machos. Em geral, menos de 1% dos casos foram registrados em machos, mas ainda é válida a atenção para o pet.
Vi algo incomum no meu animalzinho. Já posso começar o tratamento contra o câncer?
Não. Muito cuidado. Diagnósticos feitos por conta própria não são os mais confiáveis. Busque sempre informações com o médico veterinário. Se foi percebido algo incomum no seu pet, a primeira coisa a se fazer é buscar o profissional de confiança do tutor. A partir da avaliação individual e presencial que o veterinário vai indicar fazer um exame para confirmar o diagnóstico.
O exame só pode ser realizado após a avaliação clínica feita pelo próprio médico veterinário e só pode ser feito caso o animal esteja em estágio clínico ideal para o mesmo. O mais comum é o exame de imagem, para a detecção de focos de metástase. No entanto, em outros casos apenas o exame citológico (coleta de material celular) pode confirmar o diagnóstico.
Após isso, o acompanhamento do pet é por via de exames de hematologia e bioquímica, para indicar se o animal está apto para uma cirurgia. Por fim, o exame de histopatologia, que define o grau do tumor, e o exame de imuno-histoquímica para determinação de fatores prognósticos e preditivos, que vão determinar o tipo de tratamento que o animal será disposto.
Existe outra forma de tratamento além da cirurgia? Meu pet vai ficar quanto tempo se recuperando?
O tratamento adequado para o câncer de mama no animal é a cirurgia. O método conhecido como quimioterapia pode ser utilizado como auxílio no tratamento terapêutico do pet. Principalmente quando os animais apresentam quadros graves, como quando em casos de metástase.
Após o procedimento cirúrgico é fundamental que o tutor faça o controle e a medicação do animal, a partir das indicações do médico veterinário, com o intuito de diminuir as dores do pet. Também é de extrema importância que o animalzinho esteja vestindo um colar elizabetano, ou uma roupa cirúrgica, impedindo o animal de infeccionar o local, ou de arrancar os pontos. Não existe uma regra em relação ao total de dias que um animal se recupera de uma cirurgia, mas dependendo da atitude do tutor e do organismo do pet, a recuperação pode vir de 10 a 14 dias.
Se eu perceber a doença com antecedência, qual a chance de sucesso? Existe uma forma de prevenção?
De acordo com dados divulgados pelo CFMV, é estatisticamente comprovado que, quanto mais cedo for percebida a doença, maiores são as chances de recuperação completa do animal. No entanto, como afirma Amanda Lopes, médica veterinária da Clínica Habitat, para que o desenvolvimento da doença seja percebido nos primeiros meses, é necessário que o tutor leve o animal periodicamente para consultas.
A principal forma de prevenção da doença é a castração adequada e segura do seu animalzinho de estimação. Os fatores relacionados ao surgimento de tumores nas glândulas mamárias são relacionados à ingestão de medicamentos hormonais, como anticoncepcionais ou suplementação. Animais não castrados têm maior chance de desenvolver neoplasia.
Outros fatores, como obesidade e idade avançada também podem ser determinantes para o desenvolvimento da doença. Portanto, a equipe médica veterinária da Clínica Habitat também reforça para uma boa dieta do seu pet, tanto quanto passeios e caminhadas, para estímulo de atividade física. Além disso, acompanhamento periódico com o médico veterinário de confiança do tutor.