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Prefeito de Ouro Preto critica interdição da Praça Tiradentes para shows: “população tem relação afetiva”

Prefeito de Ouro Preto questiona decisão sobre interdição da Praça Tiradentes para shows: "população tem relação afetiva"
Angelo Oswaldo disse que interdição da Praça Tiradentes tem motivação política — Crédito: Marcos Carvalho/Mais Minas

Durante coletiva de imprensa realizada na quarta-feira (2 de julho), no lançamento oficial do Festival de Inverno de Ouro Preto, o prefeito Angelo Oswaldo fez duras críticas à interdição judicial da Praça Tiradentes para a realização de grandes shows e eventos públicos. Em tom enfático, o chefe do Executivo questionou os fundamentos técnicos que motivaram o veto à utilização do principal espaço público da cidade durante a festividade.

Segundo Angelo Oswaldo, a estrutura da Praça Tiradentes oferece condições adequadas para abrigar grandes concentrações de público, inclusive no que diz respeito à segurança. “A Praça Tiradentes tem todas as saídas para uma rápida evacuação. Você pode ter uma concentração grande, mas se tiver um pane, as pessoas têm para onde sair”, afirmou. O prefeito ainda explicou que o espaço conta com planejamento logístico e controle de acesso, inclusive com suporte da Guarda Municipal e do Batalhão da Polícia Militar, sem registro de incidentes em edições anteriores.

Um dos pontos mais contestados por Angelo diz respeito à suposta sobrecarga elétrica durante eventos realizados na praça. Ele negou que a estrutura do festival utilize energia da Cemig, apontando o uso exclusivo de geradores próprios. “Nunca usamos a energia da Cemig para o show da praça. Usamos geradores”, esclareceu.

“Consta no processo que provocamos um curto-circuito da Cemig. Como é que provocamos um curto-circuito se não estávamos usando a energia da Cemig?”, questionou.

O prefeito também classificou como “equivocadas” as informações que circularam a respeito de um incidente elétrico no Museu da Inconfidência. “Disseram que houve um curto-circuito no museu. Não houve. O que houve foi uma queda de voltagem. O sistema de iluminação do museu era altamente precário, tanto que ele conseguiu o recurso do Ministério Estadual”, completou.

Em outro trecho da coletiva, Angelo Oswaldo sugeriu que a interdição da Praça Tiradentes teria motivações políticas. Sem citar nomes, afirmou que um grupo com “interesse político” estaria por trás das ações que resultaram na proibição de shows no local.

“Parece que são aquelas pessoas que já conseguiram interditar por um mês a Rua Direita e que vivem dizendo que vai ter incêndio na Praça Tiradentes”, disse o prefeito. “Eu já tenho medo de elas provocarem um incêndio para justificar. De tanto que estão insistindo que vai ter um incêndio”, ironizou.

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O prefeito reforçou que a Prefeitura manterá a programação do Festival de Inverno mesmo que os eventos não possam ocorrer na Praça Tiradentes.

“Podem fazer no seu lugar ou no outro. Não tem problema, porque nós vamos fazer. Mas é claro que a população tem uma ligação afetiva com a Praça Tiradentes”, declarou.

A fala de Angelo Oswaldo ocorre em um momento de debate acalorado entre diferentes segmentos da sociedade sobre o uso de espaços públicos no centro histórico de Ouro Preto. A Praça Tiradentes, por sua importância simbólica e localização estratégica, tem sido o principal palco de manifestações culturais da cidade. Nos últimos anos, no entanto, o local passou a enfrentar restrições impostas por órgãos de proteção ao patrimônio, que apontam riscos estruturais, ambientais e de segurança pública.

Ainda não houve manifestação oficial dos órgãos responsáveis pela interdição da praça em resposta às declarações do prefeito.

Polêmica vem desde 2023

Em 2023, uma situação semelhante ocorreu durante os preparativos para a gravação do DVD do cantor Dilsinho, que aconteceria justamente no principal cartão-postal de Ouro Preto. Na ocasião, os organizadores enfrentaram dificuldades relacionadas a autorizações e exigências de segurança patrimonial impostas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e demais órgãos reguladores.

Apesar de o evento contar com apoio da Prefeitura de Ouro Preto e representar uma oportunidade de grande visibilidade turística e cultural para o município, a gravação foi impedida de ocorrer na Praça Tiradentes. Conforme reportagem do Mais Minas publicada à época, o veto resultou da não autorização por parte do Iphan, que alegou ausência de requisitos técnicos adequados para garantir a proteção do conjunto arquitetônico. O artista acabou realizando seu show em outro local, adaptando a proposta original para um ambiente fechado.

A repetição desses impasses reforça a insatisfação do poder público municipal, que argumenta em favor da compatibilidade entre preservação do patrimônio e realização de eventos culturais. Para o prefeito Angelo Oswaldo, o excesso de rigidez pode comprometer o dinamismo da vida cultural e afetar diretamente o turismo local, que tem nos festivais uma de suas principais vitrines.