Quem achou que a disputa para Governador em Minas estava com o quadro definido: Errou!!!!

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A disputa eleitoral de 2022 foi antecipada, seu início se deu ainda em 2021. Isso fez com que essa eleição aparente ser interminável, trazendo a ânsia dos cidadãos por sua conclusão. Os atores com maior projeção na sociedade, junto com as pesquisas eleitorais quase que diárias, fazem aparentar que tudo está decidido, mesmo antes de o período eleitoral se iniciar. Com isso, os cargos majoritários (Senador, Governador e Presidente) são colocados com um caráter plebiscitário, ou seja, o eleitor deve escolher entre dois candidatos, pois somente eles teriam “chances” de vitória, sendo que os demais são meros figurantes.

Neste cenário que se encontra a disputa pelo Governo de Minas Gerais, como nos revelam as pesquisas eleitorais. Na última pesquisa eleitoral vemos Romeu Zema (NOVO) atual governador aparecendo em primeiro lugar com 42% dos votos e Alexandre Kalil (PSD) em segundo com 28% deles, de forma que o governador seria reeleito em primeiro turno. A maior parte das análises políticas eleitorais para o governo de Minas levam em consideração somente esses dois pré-candidatos como “viáveis”, estimulando a ideia de um voto útil.

Aécio e Bolsonaro podem mudar panorama da disputa em MG
Senador Carlos Viana - Foto: Pedro França/Agência Senado

Esse quadro aparece desde as primeiras pesquisas eleitorais, ainda no primeiro semestre de 2021. Fato que fez com que Kalil (PSD) se movimentasse e fosse eleito como presidente da Frente Mineira de Prefeitos possibilitando que, o então prefeito de Belo Horizonte, viajasse para o interior e tivesse encontro com políticos locais, o tornando menos desconhecido, como político, no interior do estado. Além de trabalhar nos bastidores da política mineira na capital, alinhavando vários acordos com atores importantes, o tornando um forte candidato.

Enquanto Kalil (PSD) já formou sua possível chapa, com Agostinho Patrus (PSD) de vice e Alexandre Silveira (PSD) para senador, Zema (NOVO) deixa seus aliados aflitos com sua aparente inércia e indefinição. Zema (NOVO) teve de se concentrar em uma disputa dentro do próprio partido, pois o estatuto partidário impede a reeleição, a coligação partidária e o uso do fundo partidário e eleitoral. O governador conseguiu a autorização para se coligar e tentar se reeleger, além de abrir a possibilidade de utilizar o dinheiro público de campanha, caso seja necessário. Mas continua sem se movimentar por uma razão simples, todas as pesquisas mostram que essa estratégia está funcionando. Ao deixar as vagas de vice-governador e de Senador abertas, cria ao mesmo tempo uma ansiedade dos aliados políticos e uma maior possibilidade de manobra eleitoral futura. Mas como a eleição nem se iniciou de fato, muitas mudanças ainda irão ocorrer e essa aparência de situação consolidada, que se pretende vender, pode se mostrar falsa.

 Alguns movimentos podem mudar o jogo, certamente a declaração, no dia 31 de março, do Deputado Federal Aécio Neves (PSDB) que seu partido irá ter um candidato, por conta de como Zema (NOVO) vem agindo, é um fato político muito importante. Não se pode cair na armadilha de simplificar a política de forma a não levar em consideração a força da estrutura partidária do PSDB em Minas, tampouco acreditar que as falas de Aécio são irrelevantes. Vamos lembrar que três dos últimos cinco governos de Minas foram do PSDB. Outa lembrança é que Aécio mostrou sua força nacional ao se opor a Dória, oposição que o Geraldo Alckmin (PSB) não conseguiu exercer o fazendo sair do partido, de forma que tornou a vida dele tão difícil que o fez pensar em desistir de concorre a presidência.

Sem dizer que Zema (NOVO), após vencer o Anastasia (PSDB) no segundo turno, teve de se aliar ao PSDB para conseguir governar, ao ponto de entregar o vice-governador e várias secretarias e postos estratégicos para o antigo rival. Outro indício da possibilidade de o PSDB romper com Zema (NOVO) foi a desfiliação do Deputado Estadual Gustavo Valadares, que é líder do governo na assembleia, que trocou o PSDB pelo PMN após a fala de Aécio (PSDB).

Outro movimento ocorrido no dia 01 de abril, foi a troca de partido do Senador Carlos Viana, que saiu do MDB e se filiou ao PL. Como Zema (NOVO) não garantiu ao presidente Bolsonaro (PL) o palanque em Minas, Viana agarrou a oportunidade para ser o candidato de Bolsonaro (PL) no Estado. Esse fato novo vai dificultar a reeleição de Zema (NOVO), pois boa parte de seu eleitorado é do espectro político bolsonarista, que possivelmente irá migrar para o senador.

Outras variáveis ainda influenciam o resultado eleitoral, como o apoio do ex-presidente Lula (PT). A última pesquisa mostra que, com apoio de Lula (PT), Kalil (PSD) salta de 28% para 49%, enquanto Zema (NOVO) cai de 42% para 35%, fazendo com que o prefeito da capital vencesse no primeiro turno. Ocorre que esse retrato foi antes do apoio de Bolsonaro (PL) à Viana (PL) e ainda sem a possível candidatura do PSDB. O apoio dos presidenciáveis é importante, de forma que, segundo a pesquisa, 41% dos eleitores mudariam o voto se outro candidato fosse apoiado por Lula (PT), enquanto 28% mudaria de fosse por Bolsonaro (PL). Demonstrando como o movimento de Viana (PL) pode embaralhar a disputa eleitoral.

Kalil (PSD) flerta com Lula (PT) por um apoio mútuo, de forma que o prefeito já se reuniu com o ex-presidente e com o presidente nacional do PSB para discutir a campanha. Mas Lula (PT) condiciona o apoio a vaga de senador para Reginaldo Lopes (PT). Sem uma definição sobre esse fato, para evitar possível desgaste, o presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Agostinho Patrus, no final da janela partidária, saiu do PV, partido que era filiado há 17 anos, e se filiou ao PSD, partido de Kalil. Essa saída pode significar que Kalil não irá compor com Lula (PT) e como o PV é um dos partidos da federação petista, Patrus não poderia ser vice de Kalil. Ou pode significar uma composição onde o PSD ficaria com as vagas de Governador e vice e a federação do PT/PCdoB/PV ficaria com a vaga ao senado.

A escolha de Agostinho Patrus (PSD) para vice-governador não foi aleatória, ela significou a união de dois opositores de Zema (NOVO). Patrus (PSD) como presidente da ALMG fez oposição e conseguiu segurar muitos projetos do governador. Zema (NOVO) não se mostrou hábil em lidar com o Legislativo estadual. Ocorre que Kalil (PSD) foi ainda pior no manejo com a Câmara de Vereadores Municipal de Belo Horizonte, muito por seu perfil que foi entendido como autoritário pelos vereadores. Fazendo com que o prefeito tivesse ainda mais dificuldades com o Legislativo municipal que o Governador com o estadual. De forma que no meio político Kalil (PSD) começa a ser conhecido por ser uma pessoa que se irrita ao ser contestado, ao passo que Zema (NOVO) começa a ser conhecido como um político que não cumpre os acordos feitos.

Sobre as administrações, os únicos candidatos que tem governos para serem avaliados são Zema (NOVO) e Kalil (PSD). Neste requisito temos alguma semelhança entre eles. Ambos tiveram CPI’s que os desgastaram e mostraram problemas administrativos importantes. Kalil (PSD) sofreu com a CPI da BHTrans, onde os vereadores revelaram muitas práticas que não condizem com os princípios da boa administração pública. Já Zema (NOVO) sofre com a CPI da CEMIG, que mostra uma pessoalidade na gestão da estatal e da administração pública por parte de Zema (NOVO) e de seu partido, o que é o contrário do que se preceitua a boa gestão pública. Em relação aos servidores, os dois administradores públicos estão sofrendo com greves. Kalil (PSD) se afastou do cargo de prefeito em meio a greve dos servidores, que pedem recomposição salarial, melhoria na carreia e melhor tratamento por parte da Prefeitura Municipal. Os grevistas alegam que a Guarda Municipal de Kalil age com violência para reprimir e intimidar os grevistas. Já Zema (NOVO) vê todos os setores do serviço público estadual em greve, pedindo recomposição salarial. O governador não reprimiu fisicamente os grevistas, mas os ameaçam com corte de salário. Os grevistas o acusa de não cumprir com sua palavra, principalmente os servidores da segurança pública quem havia feito um acordo com o governador em 2019, que não foi cumprido.

Para quem acreditou que as eleições já estava se definindo, trago um ensinamento da cultura popular mineira e que meu pai me passou desde muito cedo: “Jogo é jogado e Lambari é pescado”. Ou seja, as eleições só terminam e tem um resultado após a apuração dos votos pelo TSE. Vamos ficar de olho nos próximos capítulos deste pleito eleitoral.

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