Quem é Ana Maria Gonçalves, escritora mineira que pode se tornar imortal da Academia Brasileira de Letras
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
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A escritora mineira Ana Maria Gonçalves voltou ao centro das atenções após, segundo informações do jornal O Globo, se candidatar à Academia Brasileira de Letras (ABL), concorrendo à vaga deixada pelo filólogo Evanildo Bechara. Nascida em Ibiá (MG), Ana construiu uma trajetória sólida na literatura, no teatro e no audiovisual, sendo considerada uma das vozes mais relevantes da ficção brasileira contemporânea.

Formada em publicidade, Ana Maria Gonçalves atuou como empresária e agente cultural antes de se dedicar exclusivamente à escrita. Seu romance “Um defeito de cor”, publicado pela Editora Record em 2006, é seu principal trabalho. A obra venceu o Prêmio Casa de Las Américas (Cuba, 2007) e foi classificada recentemente pela Folha de S.Paulo como o melhor livro da literatura brasileira no século 21, em consulta com 100 profissionais do setor editorial.

Com mais de 900 páginas, o livro narra a trajetória de Kehinde, uma mulher africana escravizada que reconstrói sua própria história em primeira pessoa. Em 2024, a obra ganhou ainda mais projeção ao ser homenageada pela escola de samba Portela, no Rio de Janeiro, resultando em Estandarte de Ouro e destaque no Desfile das Campeãs.

Além da literatura, Ana Maria também atua como roteirista, dramaturga, professora de escrita criativa e palestrante. É sócia fundadora da Terreiro Produções e assina roteiros para televisão, cinema e teatro. Em 2022, foi co-curadora da exposição “Um defeito de cor”, eleita a melhor mostra do ano, com passagens por Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo.

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Em entrevista ao programa “Provoca”, da TV Cultura, Ana explicou que o título de seu livro vem de uma antiga exigência do período colonial em que pessoas negras precisavam pedir ao imperador a dispensa do chamado “defeito de cor” para exercer cargos religiosos ou públicos. “Esse termo é tirado de uma lei do período colonial brasileiro, em que as pessoas negras que quisessem — ou que até fossem convidadas — pra participar da administração religiosa, da administração do exército, ou das artes ou da igreja… um emprego público ou religioso… precisavam escrever ao imperador dizendo que tinha bons antecedentes e pedindo dispensa do ‘defeito de cor’. Ele abria mão da própria cor, que era tida como um defeito, e a reconhecendo como um defeito, pedindo licença e perdão por isso.”, explicou a escritora.

Caso eleita, Ana Maria Gonçalves será a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira na ABL. A data da eleição ainda não foi definida.