Viver é a expressão máxima da finitude, do diluir-se ao sabor dos segundos e categorizar o esvaziamento do ser. E como diria Schopenhauer, “viver é sofrer”, um padecimento, um martírio do saber que no hoje somos sim e no amanhã seremos não.
Mais uma vez, a Filosofia nos faz pensar através da seguinte expressão: “A morte é uma quimera: porque enquanto eu existo, ela não existe; e quando ela existe, eu já não existo”(Epicuro), especialmente porque não sabemos lidar com as emoções, sentimentos, convivências e partilhas que nos enraízam no agora e não permitem um olhar transcendental, uma visão metafísica.
Apenas “supomos” ou nos iludimos, que ela não nos acompanha, mas está a todo momento, intrinsecamente, na nossa realidade humana.
A vida nos aproxima da morte e elas caminham paralelas nas andanças cronológicas. Há uma tensão escatológica que nos fez refletir se ganhamos ou perdemos o sopro, o ânima, que permite o pulsar do coração e o correr da rubra cor nas nossas veias.
“A raiva do homem dirigida à inescapável finitude causada pelo tempo reflete-se, como não poderia deixar de ser, na repulsa da morte, o acaso mais radical”. (Nasser)
Perda de tempo lutarmos contra o inevitável, contra aquilo que é natural e faz parte da existência, queiramos ou não. O que está implícito é o medo da dor e do desconhecido, fatores que levam ao desespero e a luta incansável pela vida, seja ela da forma que for, do respiro que atesta o meu pertencimento a um clã, a algo ou a alguém.
Isto nos faz lutar e persistir pela eternidade corpórea, uma briga que travamos com o nada, com o vazio.
A verdadeira construção da vida é saber que somos seres dotados de uma alma imortal, este sim, é o verdadeiro estado de eternidade.
“Meditar sobre a morte é meditar sobre a liberdade” (Montaigne), é meditar sobre a vida, sobre quem nós somos, o quanto somos finitos e o quão pouco nos permitimos sermos nós mesmos, na plenitude do ser.
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