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A internet transformou radicalmente a forma como nos relacionamos, consumimos e, principalmente, trabalhamos. Atualmente, não é exagero afirmar que o número de seguidores nas redes sociais pode definir quem consegue – ou perde – uma oportunidade profissional. Uma situação recente trouxe novamente essa questão à tona: a escolha da atriz Bella Campos para interpretar Maria de Fátima no remake da novela “Vale Tudo” reacendeu a discussão sobre até que ponto os seguidores nas redes sociais influenciam decisões profissionais importantes.
De fato, a escolha de Bella Campos para o papel que originalmente consagrou Gloria Pires em 1988 gerou controvérsia. Rumores apontam que a decisão pela atriz não se limitou ao talento, mas também ao alcance expressivo de suas redes sociais, onde soma milhões de seguidores. Embora nem a emissora nem a atriz tenham confirmado essa versão, o debate em torno do assunto permanece aquecido. Afinal, seria justo um talento artístico ser preterido ou favorecido apenas com base em seguidores?
Essa discussão não é recente nem exclusiva da televisão brasileira. No mundo do entretenimento internacional, artistas renomados já relataram situações semelhantes. A atriz Elle Fanning (“Malévola”), por exemplo, admitiu ter perdido um papel importante por não possuir seguidores suficientes no Instagram. Sophie Turner, famosa pela personagem Sansa Stark na série “Game of Thrones”, revelou que conquistou um papel justamente por ter mais seguidores que uma concorrente considerada melhor tecnicamente pelos próprios produtores.
Mas por que essa preferência acontece? Na visão de investidores e produtores, artistas com maior alcance digital são vistos como apostas seguras devido à sua base fiel de seguidores, garantindo retorno financeiro e publicidade. Entretanto, o ator e diretor Ethan Hawke (“Boyhood: Da Infância à Juventude”) classificou essa prática como uma “loucura”, argumentando que popularidade digital não deveria prevalecer sobre a qualidade artística ou experiência.
Fora do universo artístico, o fenômeno também é evidente em outras áreas, especialmente em marketing, mídia e relações públicas. Nesses setores, a presença digital é quase uma pré-condição para vagas estratégicas. Recrutadores frequentemente solicitam números de seguidores, portfólios digitais ou exemplos de engajamento. Afinal, um candidato influente nas redes pode potencializar o alcance da marca, gerando negócios ou fortalecendo a imagem institucional.
No entanto, há o outro lado da moeda. Algumas empresas receiam contratar pessoas com muitos seguidores, principalmente influenciadores digitais, por medo de exposição negativa ou conflitos de interesses. Em certos casos, candidatos populares demais podem representar um risco à reputação corporativa, especialmente quando suas opiniões ou postagens divergem dos valores empresariais.
É essencial questionar: seguidores garantem competência? Uma audiência expressiva não significa necessariamente domínio técnico ou competência prática. Um influenciador pode saber conquistar atenção, mas isso não garante que tenha as habilidades técnicas necessárias para desempenhar bem uma função específica. Encontrar um equilíbrio torna-se, portanto, essencial. As redes sociais são ferramentas úteis e válidas para avaliação complementar de um candidato, mas jamais deveriam ser o critério decisivo e único na contratação. Por outro lado, os profissionais precisam estar atentos à sua presença digital, certificando-se de que o que publicam reflete positivamente suas competências e habilidades.
Nesse contexto, fica uma reflexão necessária: seguidores e popularidade digital podem abrir portas, mas o talento e as habilidades efetivas são o que realmente mantêm um profissional em destaque no mercado de trabalho. Afinal, popularidade atrai atenção, mas competência ainda é o melhor caminho para construir uma carreira sólida e duradoura.