Estação de Engenheiro Corrêa

Feijão ou fuzil?

Franciele Santana
Feijão ou fuzil?
Fotos: Biblioteca de imagens do Canva

De acordo com o relatório do Fundo da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), divulgado em julho deste ano, a insegurança alimentar grave atingiu 7,5 milhões de brasileiros entre 2018 e 2020.

Entre 2014 e 2016, esse número era de 3,9 milhões de pessoas no país.

Segundo a FAO, insegurança alimentar se refere ao acesso limitado que uma pessoa ou uma residência possuem à comida, seja por falta de dinheiro ou outros recursos.

Quando uma pessoa não possui disponibilidade de alimentação durante um dia ela já vive uma situação de insegurança alimentar grave.

- PUBLICIDADE -
Ad image

Em 2020 houve um considerável aumento na fome mundial, provavelmente por consequência da pandemia da COVID-19 que trouxe consigo uma crise econômica que possivelmente ainda gerará impactos na segurança alimentar por tempo indeterminado.

Na última sexta-feira (27), no Palácio da Alvorada, em conversa com apoiadores, o presidente Jair Bolsonaro ao estimular a compra de armas de fogo pela população, aconselhou a compra do fuzil 762, sob a justificativa de que “Povo armado jamais será escravizado”, descrevendo, ainda, como idiota quem defende que é preciso comprar feijão em vez de fuzil.

Se colocarmos em números ambas as opções temos que:

O fuzil 762, o qual foi recomendado pelo presidente, não sai por menos do que R$ 12 mil.

Além disso, para adquirir um fuzil, o comprador antes de tudo precisa de um Certificado de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC), o que demanda tempo e dinheiro.

Em contraponto, conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor – Amplo 15 (IPCA-15) do mês de agosto, o setor de alimentação e bebidas teve variação de 1,02%, ficando acima do registrado em julho: 0,49%, o que faz com que o brasileiro tenha dificuldades para adquirir até mesmo os alimentos componentes da cesta básica. Com o valor necessário para a aquisição de um fuzil seria possível que uma família garantisse os produtos básicos de alimentação por mais de 1 ano e meio.

Por questões financeiras e de saúde, e sob respaldo da lógica de uma matemática básica, garantir a compra do arroz e feijão do dia a dia seria mais lucrativo e útil; afinal, quando se fala em segurança, a alimentar sempre deveria ser tida como prioridade, sobretudo durante o visível aumento da situação de fome em nível mundial.

Compartilhar essa notícia
Nutricionista, natural de Ouro Preto/MG, e uma admiradora da arte da escrita, almejo proporcionar saúde compartilhando meus conhecimentos de modo a agregar melhorias na vida do maior número de pessoas possível.