Neste domingo, dia 06 de novembro, começa em Sharm el-Sheik, uma pequena cidade do Egito, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP27. O evento reúne lideres de todo o planeta para discutirem sobre questões relacionadas ao aquecimento global e conta com reuniões estratégicas que acontecem durante os dias, até 18 de novembro. O objetivo principal da conferência é finalmente concretizar metas e compromissos de clima, que foram estabelecidos no último evento em 2021, em Glasgow, na Escócia.
Temos vivido anos de muita desinformação e ceticismo científico, que têm deixado discussões importantes da nossa sociedade tomar rumos inacreditáveis. Portanto, a assessoria de comunicação da Clínica Veterinária Habitat vem trazer a discussão sobre as mudanças climáticas para o mundo animal. Será que existe uma relação entre a extinção de algumas espécies de animais com as mudanças climáticas? A resposta é sim. E abaixo, vamos trazer um pouco mais de informação, para quem tiver interesse em saber um pouco mais.
Por que é tão importante cuidar dos animais?
Nas últimas semanas a assessoria de comunicação da Habitat vem trazendo notícias sobre os mais diversos animais que são resgatados e tratados na clínica, para posteriormente serem reinseridos novamente na natureza. São corujas, gambás, outros diversos tipos de aves e até tamanduás já receberam tratamentos e foram devidamente entregues a órgãos responsáveis para a catalogação e reinserção desses animais de volta ao seu habitat natural.
A ação conjunta do corpo de bombeiros, da polícia militar de meio ambiente e de médicos veterinários tem sido significativa para a proteção de uma coisa que os biólogos chamam de ecologia. A proteção do ecossistema, na sua mais simples forma de ação, já causa resultados que podem alcançar longa escala. Proteger e cuidar de diversas aves, gambás e tamanduás é proteger o ecossistema. Esses animais são importantíssimos para controle de pragas e a superpopulação de outros animais, que muitas vezes são indesejados para o convívio com o ser humano.
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Aquecimento global x mudanças climáticas
Falar de mudanças climáticas muitas vezes nos remete à ideia de aquecimento global, o que é verdade. Mas o que pode ser confundido é que os dois termos significam a mesma coisa, portanto cuidado com a comparação. O aquecimento global, em si, é uma das discussões dentro das mudanças climáticas, que tem a ver com o aumento da temperatura no globo terrestre por conta da ação humana na natureza. São diversas as explicações para o aquecimento terrestre, mas a principal, já comprovada cientificamente, é a emissão de gases que causam o efeito estufa na atmosfera.
Já a discussão das mudanças climáticas abrange mais pontos, que não se referem apenas ao superaquecimento do planeta. Podemos, por exemplo, discutir sobre como essa alteração aumenta ou diminui a quantidade das chuvas, o elevado número de temporais, frequência elevada de desastres naturais, o aumento ou diminuição da umidade do ar, entre tantas outras questões.
Abaixo, um vídeo curto sobre aquecimento global, feito pela NASA (órgão estadunidense de administração aeronáutica e espacial)
Uma breve discussão sobre o aceleramento da extinção e as mudanças climáticas.
São diversos estudos científicos, tanto no Brasil, quanto ao redor do globo, que falam sobre mudanças climáticas e o impacto que elas geram na biodiversidade. Você pode procurar saber, pesquisando no google acadêmico sobre o que mais te interessar. Aqui, vou trazer apenas alguns exemplos, dados científicos e alguns artigos que comprovam que existe sim uma relação entre eles, como foi afirmado no início do texto.
Muitos fatores acarretam no aceleramento da extinção de espécies. A atividade humana é a principal entre elas, sendo inclusive estudada como fator determinante pela sexta extinção. A jornalista estadunidense Elizabeth Kolbert, em seu livro “A sexta extinção – uma história não natural”, conta com diversos cientistas de diferentes áreas do conhecimento, tais como geólogos, botânicos e biólogos marinhos, para nos mostrar diversas espécies já extintas atualmente. De acordo com estudos, o planeta Terra já passou por cinco grandes extinções em massa nos últimos 500 milhões de anos. Cientistas de todo o mundo preveem que a sexta grande extinção em massa será a maior, desde o impacto do asteroide que devastou os dinossauros. Porém, desta vez, a causa principal da extinção somos nós mesmos.
Um estudo realizado pelo biólogo Mark C. Urban, da Universidade de Connecticut, mostra como algumas espécies têm respondido às mudanças climáticas. O professor analisou cerca de 130 estudos diferentes para identificar o risco que mudanças climáticas acarretam nessas espécies. Uma das conclusões desse estudo mostra que as regiões que serão mais afetadas pela extinção de animais por conta das mudanças climáticas são a América do Sul, Austrália e Nova Zelândia. O objetivo desse estudo, que foi publicado em 2015, é o de descobrir um padrão e nos preparar para possivelmente prevenir a perda da biodiversidade, por conta de mudanças climáticas.
Outro estudo, este mais recente, publicado em 2022, escrito por diversos cientistas da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), aponta como algumas aves têm diminuído de tamanho ao longo das últimas três décadas. Os pesquisadores analisaram cerca de 105 espécies de aves e, na grande maioria delas, foi percebido uma diminuição na massa corpórea. Pode parecer pouco, mas de acordo com os cientistas, levando em consideração as mutações genéticas é uma mudança crítica.
O ecologista, e líder da equipe de pesquisadores, Morgan Tingley, disse que, por ter sido percebido um padrão de diminuição de massa corporal na grande maioria das aves, pode-se obter algumas conclusões. A evidência mais clara, até então, percebida pelos pesquisadores, é o aquecimento global. Corpos pequenos permitem que as aves lidem melhor com o calor. Em lugares mais quentes onde o estudo foi realizado, a massa corporal das espécies revela maior diferença, se comparado a aves de lugares mais frios.
A mudança climática vem afetando todo tipo de ser vivo.
Estamos apenas falando dos animais, mas a discussão fica ainda mais ampla se levarmos em consideração todos os seres vivos do planeta Terra. A lista vermelha da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza) conta com uma listagem detalhada de todas as espécies de seres vivos existentes no globo terrestre, tanto quanto animais terrestres, marinhos, aves, recifes de corais, crustáceos e espécies de cicas. Até o ano de 2022 foram cerca de 147.517 espécies catalogadas e mais de 41 mil espécies estão à beira da extinção.
Existe alguma solução para o problema da diminuição da biodiversidade?
Vamos ser honestos com nossas expectativas. É possível encontrar uma solução fácil para um problema que vem crescendo, junto com a evolução tecnológica e globalização? Acredito que a maioria tenha respondido que não. Não é possível que hoje o ser humano encontre uma solução fácil para a solução desse problema específico. Se por acaso você respondeu que sim, não deixe de compartilhar a sua ideia, pois existem muitas pessoas que buscam essa resposta.
Entretanto, mesmo que ainda não seja fácil, deve-se começar a agir. Uma das ações é se reunir com líderes globais e discutir possíveis melhorias. Já não estaria na hora de colocarmos em prática métodos mais inteligentes e eficientes de produção de energia? E que tal diminuirmos o consumo exagerado de itens obsoletos? Apostar em outra forma de movimentação econômica, que não tivesse moldes no alto consumo de combustíveis fósseis?
O homem conseguiu, em tão pouco tempo, provocar tais mudanças climáticas críticas. Será que também não conseguimos agir para a melhoria dessa situação calamitosa? Talvez seja a hora do ser humano começar a refletir e pensar mais sobre seus próprios atos. Talvez seja a hora do ser humano refletir sobre o que é viver no planeta Terra.