Chuva deixa 174 pessoas desalojadas, 17 desabrigados e um óbito em Ouro Preto

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Assim como várias cidades do estado, Ouro Preto vive momentos difíceis por conta das chuvas. No último final de semana, entre os dias 8 e 9 de janeiro, 266 ocorrências foram contabilizadas pela Defesa Civil, totalizando em 466 ocorrências em todo o mês. São várias áreas afetadas no município, com deslizamentos e alagamentos.

O boletim mais recente da Defesa Civil de Ouro Preto aponta para 174 pessoas desalojadas, 17 desabrigados e um óbito.

Chuva deixa 61 pessoas desalojadas, quatro desabrigadas e um desaparecido em Ouro Preto
Foto: Facebook / PMOP

A Secretaria de Defesa Social de Ouro Preto registrou várias remoções na segunda-feira, 10 de janeiro, incluindo a rua da Lagoa, rua Hélcio Fortes, rua Platina, rua Perita, rua Francisco Isaque e rua Desidério de Matos. Também houve operações nos bairros Vila Aparecida, Santa Cruz, Padre Faria e Santa Cruz. Além disso, as equipes tiveram que remover pessoas em situação de risco nos distritos de Cachoeira do Campo e Miguel Burnier (16 pessoas foram removidas oito residências).

Três operações estão em andamento: na rua Águas Férreas, no bairro Taquaral, com probabilidade de remoção de 25 famílias; retirada de uma família na Barra, onde o rio descalçou a estrutura da residência; e sete famílias para serem retiradas na rua Santa Marta, no bairro Morro Santana.

Alguns pontos da cidade foram interditados pela Ourotran. Houve um deslocamento de terra, ocupando parte da via e apenas um veículo por vez consegue passar pela MG-129, em direção a Ouro Branco. No acesso à BR-356, em direção a Itabirito, há deslocamento de terra em alguns pontos, com passagem de apenas um carro.

Em Ouro Preto, o acumulado de chuva apenas em janeiro é de 355mm, ultrapassando a média histórica do mês. Portanto, o secretário de Defesa Social, Juscelino Gonçalves fez um alerta para a população, pedindo atenção durante este momento difícil.

“Nós orientamos que ninguém corra riscos, que saia antes da casa e busque abrigo em um espaço seguro. Também orientamos para que não entrem em contato com a água de enxurradas, evitem locais que possa acontecer alagamentos e, também, que todos verifiquem se há rachaduras, trincas, infiltrações e árvores inclinadas próximas às casas”, disse Juscelino.

A Secretaria de Defesa Social de Ouro Preto montou uma sala de operação especial e estamos contando com a participação de todos que podem dar uma contribuição efetiva. A força-tarefa conta com o professor Fred Sobreira e os técnicos da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), que auxiliam na questão geológica, ao lado do Charles Murta, que é o geólogo da Defesa Civil. Neri Moutinho coordena as equipes da Defesa Civil. A Defesa Civil Estadual enviou um grupo de apoio para o município. O Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar seguem os trabalhos em conjunto com a Guarda Municipal.

E ainda, as escolas estão abertas para acolher as pessoas desabrigadas, as equipes das Secretaria de Saúde estão dando assistência à Secretaria de Desenvolvimento Social. Além disso, a UFOP está recolhendo doações no Centro de Convenções.

“Nós precisamos manter essa atitude de coesão e coerência, união e unidade, para vencermos um dos momentos mais difíceis da história de Ouro Preto. Temos que ter calma e objetividade. Tem que haver planejamento e ação projetada com muita eficiência. Muitas vezes não podemos remover um barranco que deslizou, porque atrás dele vem mais terra. Então, é importante esperar uma estiagem para haver uma intervenção de maior porte. Nesse sentido, o fundamental é que todos fiquem em um local seguro até o tempo melhorar e as providências poderem ser tomadas de forma mais profunda. No momento, temos que ter segurança. Estamos preparados para dar assistência a todos, na cidade e nos distritos. Pedimos calma e compreensão, pois é um momento muito especial e é assim que vamos conseguir superá-lo, com fé e organização”, disse Angelo Oswaldo (PV), prefeito de Ouro Preto.

A Secretaria de Desenvolvimento Social mantém famílias abrigadas na escola Cirandinha, no bairro Morro Santana. As famílias que não quiseram ir para o abrigo foram realocadas para casas de amigos e parentes. “Todos abrigados estão sendo atendidos com alimentação, banho, acolhimento e cadastramento dos nossos técnicos sociais para que, futuramente, possamos incorporá-los à política pública de aluguel social, entre outras políticas de atendimento às pessoas em situação de vulnerabilidade social. Esse trabalho está sendo feito constantemente, em um monitoramento em conjunto com a Secretaria de Defesa Social”, declarou Edvaldo Rocha, secretário de Desenvolvimento Social.

Veja os registros dos danos causados pela chuva feitos pela Prefeitura de Ouro Preto:

Óbito

O Corpo de Bombeiros localizaram o corpo de Geraldo das Neves Alves, de 55 anos, conhecido como Lado Fuim, na manhã de segunda-feira, 10 de janeiro, por volta das 11h30. Ele foi encontrado por baixo dos escombros de sua casa, que desabou, no bairro Santa Cruz, em Ouro Preto.

A casa onde Geraldo morava foi atingida por um deslizamento na manhã do sábado, 8 de janeiro, por conta da chuva, e os Bombeiros iniciaram as buscas no dia seguinte, após familiares sentirem a falta do morador.

Situação de emergência

Angelo Oswaldo assinou, no domingo, o Decreto nº 6.354, que declara situação de emergência em Ouro Preto. A assinatura aconteceu na Sala de Situação e Posto de Comando, na sede da Defesa Civil, onde o prefeito conversou com as lideranças das equipes municipais que estão atendendo às ocorrências e acompanhou de perto as ações das forças de segurança.

O decreto, que tem o prazo de 180 dias, tem como justificativa as chuvas que caem na região nos últimos dias. Foram mais de 300mm de água caindo sobre Ouro Preto desde sexta-feira, o que causou centenas de ocorrências recebidas pela Defesa Civil em razão dos deslizamentos de terras, enxurradas, inundações e alagamentos.

Situação das vias

Em contato com o Mais Minas na manhã de segunda-feira, o superintendente de trânsito de Ouro Preto, Jorge Kassis, atualizou a situação das vias que foram interditadas na cidade por conta das chuvas:

  • Avenida Lima Junior (sem previsão) – interditada;
  • Rua Vereador José Teixeira – interditada;
  • Rua Desiderio de Mattos – interditada;
  • Rua Padre Rolim – interditada;
  • Rua das Mangabeiras – interditada;
  • Rua dos Violetas – interditada;
  • Rua São Miguel Arcanjo – interditada;
  • Rua dos Cravos – interditada;
  • Rua Amarantina – interditada;
  • Santa Rita de Ouro Preto está rodando meia pista

“Alguns motoristas estão removendo a sinalização, peço que não façam isso, por favor, é muito perigoso. A orientação é para que as pessoas evitem ao máximo saírem de carro, apenas em caso de extrema necessidade. Evitem estacionar, mesmo em locais permitidos. Se for estacionar que seja muito rápido, para desobstruir as vias, porque o trânsito foi jogado todo para a parte de baixo da cidade por causa da Padre Rolim”, declarou Jorge Kassis.

Na noite de segunda, Juscelino Gonçalves deu ao MM mais informações sobre interrupções nas vias. No momento as vias interrompidas são:

  • Vias de acesso a Santo Antônio do Salto;
  • Vias de acesso a Santa Rita de Ouro Preto;
  • Asfalto que liga a São Bartolomeu;
  • Via de acesso a Miguel Burnier, passando por Engenheiro Corrêa.

Barragens

Ainda de acordo com Juscelino, a adminsitração municipal conta com várias frentes de trabalho e todas as secretarias da Prefeitura de Ouro Preto estão à trabalhando, colocando todos os recursos à disposição do reestabelecimento da ordem e da resposta rápida na cidade.

“Temos recebido vários apoios de inúmeros empreendimentos e empresas ao redor da cidade. Até o momento, não há registro de rompimento e nem de anomalia nos instrumentos das barragens que compreendem o território de Ouro Preto. Temos as leituras dos instrumentos que, até o momento, garantem a tranquilidade das barragens de mineração da cidade, de maneira que a Defesa Civil continua os trabalhos de atenção e monitoramento, tanto das barragens quanto das encostas”, afirmou o secretário de Defesa Social.

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