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Cinco poemas para celebrar os 125 anos de nascimento de Florbela Espanca

Florbela d’Alma da Conceição Espanca (batizada Flor Bela Lobo), mais conhecida como Florbela Espanca, nasceu em 8 de dezembro de 1894, em Vila Viçosa, Portugal.

Ela foi uma escritora, poetisa e precursora do movimento feminista em Portugal.

Ela teve uma vida tumultuada e inquieta, transformando seus sofrimentos em poesia íntima carregada de erotização, feminilidade e panteísmo (crença religiosa ou atitude filosófica que identifica Deus com tudo o que existe no universo).

Filha de mãe solteira, seus pais eram Antónia da Conceição Lobo e João Maria Espanca, que só reconheceu Florbela como filha em cartório dezoito anos após a sua morte.

Em 1903, escreveu o poema “A Vida e a Morte”.

Em 1907, escreveu seu primeiro conto, “Mamã!”.

Confira os cinco melhores poemas de Florbela Espanca: 1) Fanatismo Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida Meus olhos andam cegos de te ver !

Não és sequer a razão do meu viver, Pois que tu és já toda a minha vida !

Não vejo nada assim enlouquecida … Passo no mundo, meu Amor, a ler No misterioso livro do teu ser A mesma história tantas vezes lida ! “Tudo no mundo é frágil, tudo passa …” Quando me dizem isto, toda a graça Duma boca divina fala em mim !

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E, olhos postos em ti, digo de rastros : “Ah !

Podem voar mundos, morrer astros, Que tu és como Deus : Princípio e Fim ! …”   2) Mistério Gosto de ti, ó chuva, nos beirados, Dizendo coisas que ninguém entende!

Da tua cantilena se desprende Um sonho de magia e de pecados.

Dos teus pálidos dedos delicados Uma alada canção palpita e ascende, Frases que a nossa boca não aprende, Murmúrios por caminhos desolados.

Pelo meu rosto branco, sempre frio, Fazes passar o lúgubre arrepio Das sensações estranhas, dolorosas… Talvez um dia entenda o teu mistério… Quando, inerte, na paz do cemitério, O meu corpo matar a fome às rosas! 3) Lágrimas ocultas Se me ponho a cismar em outras eras Em que ri e cantei, em que era q’rida, Parece-me que foi noutras esferas, Parece-me que foi numa outra vida… E a minha triste boca dolorida Que dantes tinha o rir das Primaveras, Esbate as linhas graves e severas E cai num abandono de esquecida!

E fico, pensativa, olhando o vago… Toma a brandura plácida dum lago O meu rosto de monja de marfim… E as lágrimas que choro, branca e calma, Ninguém as vê brotar dentro da alma!

Ninguém as vê cair dentro de mim! 4) Eu … Eu sou a que no mundo anda perdida, Eu sou a que na vida não tem norte, Sou a irmã do Sonho,e desta sorte Sou a crucificada … a dolorida … Sombra de névoa tênue e esvaecida, E que o destino amargo, triste e forte, Impele brutalmente para a morte!

Alma de luto sempre incompreendida!… Sou aquela que passa e ninguém vê… Sou a que chamam triste sem o ser… Sou a que chora sem saber porquê… Sou talvez a visão que Alguém sonhou, Alguém que veio ao mundo pra me ver, E que nunca na vida me encontrou! 5) A Vida e a Morte O que é a vida e a morte Aquela infernal inimiga A vida é o sorriso E a morte da vida a guarida A morte tem os desgostos A vida tem os felizes A cova tem a tristeza E a vida tem as raízes A vida e a morte são O sorriso lisonjeiro E o amor tem o navio E o navio o marinheiro Leia também: Triste fim de Policarpo Quaresma: da utopia à realidade