Após quase 99 anos de história, a Raposa foi rebaixada à Série B do Brasileirão. Foi isso que o sombrio ano de 2019 reservou ao time cruzeirense. Como se não bastasse, ademais, outros episódios vexatórios foram rotineiros na instituição. Páginas policiais, crise financeira e capítulos vergonhosos. Tudo isso em um ano que manchou a extensa e vitoriosa história do Cruzeiro Esporte Clube. Relembre a terrível temporada.
No início, as expectativas eram de títulos e boas campanhas. Teoricamente, o elenco se fortaleceu, mesmo com a saída de Arrascaeta. Ilusão. No fim das contas, o Cruzeiro se afundou em dívidas e foi rebaixado à segundona.
O início
Guerra por Arrascaeta
Logo na reapresentação do clube, uma notícia abalou as estruturas da Toca. Procurado pelo Flamengo, o uruguaio Arrascaeta não compareceu aos treinamentos de pré-temporada. Após uma verdadeira guerra contra o time carioca, o antigo camisa 10 azul deixou a equipe com o status de Judas.
Contratações que não renderam
Após a venda do uruguaio, o dirigente Itair Machado foi ao mercado trazer reforços. Jadson, Dodô, Marquinhos Gabriel, Orejuela e Rodriguinho chegaram. O último, por sua vez, tinha a missão de substituir Arrascaeta, mas não conseguiu.
Posteriormente, Pedro Rocha e Ezequiel desembarcaram em Belo Horizonte, assim como os outros, sem sucesso.
As contratações, principalmente de Rocha e Rodriguinho, foram muito custosas ao Cruzeiro, e não renderam praticamente nada em campo. Mais uma vez, o dedo de Itair Machado na tragédia celeste.
Começo fulminante
Apesar de tudo, o Cruzeiro iniciou muito bem o ano. Na Libertadores, o time foi dono da segunda melhor campanha da fase de grupos do torneio. Pelo Campeonato Mineiro, foi campeão invicto, batendo o rival Atlético, na grande final.
Vale lembrar que a Raposa ficou mais de 20 jogos sem perder, no início da temporada.
O princípio da derrocada
Tal invencibilidade chegou ao fim contra o Emelec, no Mineirão. Na ocasião, uma derrota por 2 a 1, que não fez diferença para o Cabuloso, mas foi simbólica. Dali pra frente,o mundo celeste nunca mais foi o mesmo.
Escândalos de corrupção da diretoria e reportagem no Fantástico
Eleito em 2017, Wagner Pires tinha como homens fortes na gerência do clube, Sergio Nonato e Itair Machado. A gestão, marcada por irresponsabilidades e incompetências financeiras com o Cruzeiro, aumentou a dívida do clube e deixou o tradicional time azul na Série B.
Contudo, pelos títulos, a diretoria tinha as atrocidades escondidas. Apenas depois da produção investigativa de um dos principais programais jornalísticos da TV Globo, o Brasil e a torcida azul conheceram a verdadeira face da gestão Wagner Pires de Sá.
Na reportagem do Fantástico foram escancarados atos que ajudaram a endividar, ainda mais o clube, além de episódios lamentáveis, como o caso do garoto Estevão William.
Alegria em meio ao caos
Em julho, o Cruzeiro eliminou o Atlético, nas quartas de final da Copa do Brasil. Com um sonoro 3 a 0 na ida, a Raposa perdeu na volta por 2 a 0, mas mesmo assim despachou o grande rival da competição nacional. Fato é que esse capítulo foi o principal o ponto alto da torcida cruzeirense em 2019.
Adeus ao sonho do tri
Poucos dias depois de superar o time atleticano, a equipe estrelada voltou a tomar uma dura pancada. Desta vez, nas oitavas de final da Copa Libertadores. No sorteio, o time de Mano Menezes deu azar e pegou o River Plate que, na altura, era o campeão da América. Nos dois jogos, nenhum time marcou, e a decisão foi às penalidades máximas, onde o Cruzeiro foi eliminado.
Fim da Era Mano
O péssimo início de Brasileirão e a eliminação na Libertadores pressionaram o vitorioso treinador, que se manteve por toda sua história no clube e por ser um escudo da corrompida diretoria celeste. Contudo, após a derrota por 1 a 0, para o Internacional, pelo primeiro jogo das semifinais da Copa do Brasil, chegou ao fim o ciclo de Mano Menezes no Cruzeiro.
Após três anos, quatro títulos e muitas alegrias, Mano deixou a Raposa em trágica situação na tabela do Campeonato Brasileiro.
A conturbada passagem de Rogério Ceni
Depois da saída de Mano, os dirigentes azuis buscaram Ceni, que vinha de bom trabalho no Fortaleza. De início, os resultados não eram os esperados, e goleadas sofridas para Grêmio e Internacional balançaram o comandante. Além disso, atritos com o elenco eram recorrentes. Dessa forma, após empate contra o Ceará, jornalistas informaram uma discussão envolvendo os jogadores e o comandante. Os atletas pediam Thiago Neves no time, que havia sido sacado por Ceni na partida.
Posterior ao ocorrido, a diretoria cruzeirense, extremamente perdida em suas convicções, demitiu Ceni. Diversas correntes da torcida e da imprensa afirmam que Rogério salvaria o Cruzeiro da queda à Série B.
Buscando um apaziguador
Com a demissão de Rogério, o Cruzeiro trouxe Abel Braga, e apostou no seu estilo paizão e pragmático. No início, até deu certo. Vitórias contra São Paulo, Corinthians e Botafogo, além de uma sequência de invencibilidade. Mas não durou muito, e o Cruzeiro voltou ao Z4, principalmente pelo empate com o rebaixado Avaí e a derrota para o fraco CSA.
Abel Braga foi demitido faltando três jogos para o fim do campeonato.
Thiago Neves: o grande vilão
Se em 2017 e 2018, o jogador se tornou um dos atletas mais queridos pela torcida, em 2019 ele jogou isso fora. Más atuações, atritos internos, presenças em baladas e outras atitudes fizeram Neves ser um dos principais culpados pela queda azul.
O episódio principal veio diante o CSA, onde o camisa teve a oportunidade de empatar o jogo em um pênalti e… chutou pra fora.
Após isso, um áudio do atleta cobrando salários atrasados a Zezé Perrella, gestor de futebol do clube, foi vazado e muito rejeitado pela torcida. Como se não bastasse, ele, que havia sido diagnosticado com uma contusão depois do duelo contra o CSA, foi flagrado numa festa no Mineirão.
O fato rendeu a ele uma afastamento do elenco do clube, promovido por Zezé Perrella.
Adilson de volta
O quarto técnico do Cruzeiro no ano, Adilson Batista, voltou ao clube nove anos depois, com a dura missão de salvar a Raposa do rebaixamento em apenas três jogos. Sem sucesso. Apesar disso, Adilson continuará no time azul em 2020.
Cruzeiro rebaixado
A tragédia anunciada se confirmou. Após um ano rodeado de incompetência, desmandos e e vergonhas, o Cabuloso foi rebaixado para a segunda divisão pela primeira vez em sua história.
Com derrota por 2 a 0 para o Palmeiras, na última rodada, o Cruzeiro caiu.
Caldeirão político
Entretanto, o 2019 ainda deu o que falar, porém, internamente. Após a degola, Wagner Pires demitiu Zezé Perrella e afirmou que continuaria no clube até o final do mandato. Todavia, após fortes pressões da torcida cruzeirense, a chapa que rebaixou o clube, composta por Wagner, Hermínio Lemos e Ronaldo Granata renunciou e deixou o comando da instituição.
Nova direção
Depois disso, um grupo de renomados empresários assumiu o poder no quase centenário clube. Os últimos dias de 2019 vêm sendo de forte trabalho para eles que, dia após dia, se surpreendem com a situação financeira do Cruzeiro.
2019 para se esquecer… ou não
O pior ano da história do clube precisa ser lembrado, e muito. O clube e os torcedores necessita sempre se recordar dele para não cometer mais erros como em 2019. As pessoas que botaram o clube nessa situação devem ser cobradas.
O Cruzeiro precisa olhar para 2019 e aprender.