Silenciando vozes: o protagonismo de um vírus

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Temos sido testemunhas de situações nunca antes vivenciadas, a não ser nas telas do cinema que contavam histórias de ficção, mas que, com certeza, não supúnhamos que poderiam ser simulações de uma anunciação de tempos sombrios. Desses, que fazem parte da nossa realidade atual

A virulência de um vírus microscópico, invisível, tem derrubado fronteiras, inviabilizado recursos, isolando pessoas de todo o globo. Aliás, algo que tem testado até onde vai a nossa sanidade e a capacidade de nos colocarmos no lugar daqueles e daquelas que estão no último ato de suas vidas terrenas. Ele rouba a cena, atrai multidões, cria o dissenso de vida e de morte e protagoniza o pior dos espetáculos, o que silencia vozes e corpos.

Maldição? Previsão?  Não sabemos. O que podemos enxergar por um lado é uma resposta da Mãe Gaia, e por outro, um momento para ressignificarmos a vida, que nesse momento, traz para a visibilidade concreta da vida por um fio…sem saber da onde vem, onde está e para onde vai…. E essa caminhada no escuro da noite é que traz a certeza do nada.

Pode ser que tenhamos que conviver com isso para além da quarentena…pode ser que seja mais uma doença a fazer parte de um roll que se agiganta…pode ser que seja tudo e nada. Mas o certo, é que não teremos como voltarmos atrás no tempo para fazermos diferente, mas teremos sim, que pensar daqui para a frente…. E diante de uma incerteza, de um futuro que nem sabemos como será.

“Nada será como antes, amanhã”, o grande Milton já disse em seus versos lindamente sensíveis e politizados. Tudo será o agora, e assim mesmo, num presente tão fugaz

A vida por um fio…a fé na disputa por um amanhecer.. a incerteza compartilhando com nossa intimidade, anonimato se tornando público diante de rostos devastados, cansados, espoliados pela luta de mais um, na corrente do bem…

No fio de esperança que nos resta, no ar que nos esforçamos para sugarmos, temos ainda a certeza que nossas vozes ecoarão novamente, pode ser que não com o mesmo brado aguerrido, mas com as cicatrizes e as dores que moldarão os corpos que resistirão à guerra estabelecida.

É o que no hoje acalenta nossas almas. Só…somente…

Do “tudo” o que um dia sabíamos, sobrou o nada de um tempo sombrio e desesperançoso.

Alguns dos nossos caíram no breu, foram embora, mas estamos (en)lutando e resistindo, como soldados feridos, com o coração ensanguentado, mas fortificados na união de intenções generosas que rogam ao alto por alento e paz.

Com a participação especial nesse mês de maio da professora Mônica Macedo.

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