Celebrar a potência da cultura periférica, fomentando a produção artística local e gerando mobilização social em vilas e favelas de Belo Horizonte. Esses são alguns objetivos do Festival da Quebrada, cuja segunda edição acontece neste mês, em três comunidades da capital mineira: no dia 21 de abril, sexta-feira, no Aglomerado da Serra, com sarau do Lá da Favelinha; no dia 22, sábado, no Ribeiro de Abreu, com baile do Uai Soundsystem; e no dia 23, domingo, no Conjunto Santa Maria, com mais de 20 atrações gratuitas e dez horas de música.
A programação no Santa Maria, local de origem do projeto, inclui os blocos carnavalescos Pata de Leão, Chama o Síndico (convidando a cantora Janamô) e Swing Safado (convidando a rapper Mac Júlia e o vocalista Raoni, do grupo baiano ÀTTØØXXÁ), além do Grupo Axtral, que chama o coletivo Filhas da Mãe e a cantora Ana B para seu “pagode de quebrada”.
O evento conta, ainda, com discotecagens de Poetry, Camis e Jemim, ações de grafite, projeções e uma grande feijoada coletiva, preparada por cozinheiras da comunidade.
Criado por Jeffim DaBazi, Jabez Souza e Nelson Pombo Júnior – músicos e produtores da banda 12duoito e do bloco Swing Safado –, a iniciativa surgiu no Conjunto Santa Maria, em 2017, por meio da ação “Se Essa Rua Fosse Minha”. O objetivo inicial era fomentar a produção cultural e o debate político na comunidade a partir de bate-papos, revitalizações de espaços públicos e algumas poucas apresentações artísticas.
Em 2018, coproduzida pelo Fora do Eixo e pela CUFA (Central Única de Favelas), a ação ampliou sua programação, promovendo shows de dezenas de artistas e grupos do Santa Maria e de outros territórios. “Isso nos motivou a inscrever o projeto em um edital da prefeitura de BH, no qual fomos contemplados. Reformatamos a ideia e selecionamos atrações culturais pela relevância nas periferias onde moram. Assim, o projeto cresceu e foi rebatizado de Festival da Quebrada. A primeira edição, em 2019, contou com cerca de 20 apresentações distribuídas no Santa Maria, no Morro das Pedras, na Serra e no Ribeiro de Abreu”, relembra Nelson Pombo Júnior.
Nesta edição, o evento dá seguimento à proposta de 2019, celebrando a volta das atividades presenciais e jogando luz sobre os talentos de origem periférica da cidade, que nem sempre se apresentam em suas comunidades. “O Festival da Quebrada é uma forma de resgatar o artista periférico que muitas vezes, mesmo em ascensão, não tem condições de fazer apresentações na sua ‘quebrada’. Buscamos, então, uma aproximação dos artistas com suas comunidades, através de um festival em seu próprio território, criando mais que um elo, uma representatividade e orgulho em fazer parte”, afirma Jeffim DaBazi.
“A seleção das três quebradas se deu por conta dos encontros dos agentes culturais de cada região, que já atuam na cidade e nos seus respectivos guetos, fortalecendo essas frentes: a Serra e o Centro Cultural Lá da Favelinha; o Ribeiro de Abreu e o Uai Soundsystem; o Santa Maria e nós, do Swing Safado e da 12duoito”.
Sobre a programação, Jeffim DaBazi destaca atrações que misturam participações inusitadas. “No show do Swing Safado, teremos a Mac Júlia, grande nome do cenário atual do rap mineiro, além do Raoni, vocalista da banda ÀTTØØXXÁ, que irá somar a energia do Carnaval de Salvador à folia de Belo Horizonte. Funk, rap e muita ‘suingueira’, tudo junto e misturado. Vamos contar, ainda, com o show pulsante do Chama o Síndico, que convida a cantora Janamô, com o maracatu do Pata de Leão e com o pagode contagiante do Grupo Axtral, num show cheio de participações inusitadas”, afirma o produtor. “O Santa Maria, por ser o local de criação do festival, vai receber a maior gama de atrações. Será uma espécie de Carnaval fora de época, para quem ainda está com saudades da folia. Mas, claro: também vale muito a pena curtir o sarau do Lá da Favelinha e o baile do Uai Soundsystem”.
O produtor ressalta, ainda, que o Festival da Quebrada contará com uma feijoada coletiva preparada por cozinheiras do Santa Maria e Morro das Pedras, com atividades direcionadas a todos os públicos e discotecagens que trarão vários tipos diferentes de som. “Queremos potencializar ações culturais, criando novas possibilidades e perspectivas. O festival é uma ação de nos feita por nós, da comunidade. A ideia é oferecer para a cidade um dia de lazer dentro das comunidades, para que as pessoas possam entender como acontece o fomento à cultura nesses locais”, afirma DaBazi.
“A ideia é trazer de volta aos moradores dessas ‘quebradas’ o prazer de conviver com a arte e a cultura no espaço público. Acredito que esta edição será a celebração da diversidade e da diversão em um espaço periférico comunitário e plural e afetuoso”, finaliza.
Este projeto é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.
SERVIÇO | 2º FESTIVAL DA QUEBRADA
Aglomerado da Serra | Dia 21 de abril, sexta-feira
Local: Remexe Favelinha (R. Regência, 249) – Entrada franca
- 19h às 0h – Sarau Lá da Favelinha
Ribeiro de Abreu | Dia 22 de abril, sábado
Local: Espaço Vitrine (R. Antônio Ribeiro de Abreu, 885) – Entrada franca
- 14h às 22h – Baile Uai Soundsystem
Conjunto Santa Maria | Dia 23 de abril, domingo
Local: Rua Gentios, 1.053 – Aberto ao público
- 14h às 15h30 – Grupo Axtral convida Filhas da Mãe e Ana B.
- 15h30 às 16h10 – DJ Camis
- 16h10 às 17h10 – Chama o Síndico convida Janamô
- 17h10 às 17h50 – DJ Jemim
- 17h50 às 19h50 – Swing Safado convida Mac Júlia e Raoni (ÀTTØØXXÁ)
- 19h50 às 20h30 – Pata de Leão
- 20h30 às 21h20 – DJ Poetry