Em um Carnaval surpreendente e em franco crescimento como o de Belo Horizonte também há espaço para a tradição.
É o que prometem mostrar os blocos caricatos que desfilam na segunda-feira, dia 12, a partir das 19h, na avenida Afonso Pena.
A história dos blocos caricatos se confunde com a do Carnaval de Belo Horizonte.
Nascidos ainda na primeira metade do século passado, eles teriam origem nos grupos de trabalhadores que se reuniam com os rostos pintados, batendo latas e tambores em cima de carroças.
Mais tarde, os blocos se tornaram personagens centrais da folia, na década de 1960, quando mais de 40 deles desfilavam no Carnaval da cidade.
Com o tempo, entretanto, foram perdendo popularidade e apoio do poder público e praticamente caíram no ostracismo na década de 1990, quando os desfiles foram cancelados.
Em 2018, 11 blocos caricatos desfilarão tentando provar que a retomada do Carnaval de Belo Horizonte não se restringe aos blocos de rua.
A maioria deles, seis, foi fundada a partir de 2008.
Também haverá um estreante na avenida, o que comprova um movimento de resgate da tradição dos blocos caricatos.
Apoio Com exceção do Real Grandeza que, como estreante, desfila no chamado Grupo de Avaliação, todos os blocos caricatos receberam um auxílio financeiro de R$ 37,5 mil da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), por meio da Belotur.
O valor disponibilizado em 2018 representa um aumento de 50% em relação ao ano passado.
Além disso, os três primeiros colocados receberão uma premiação em dinheiro: R$ 25 mil, R$ 12,5 mil e R$ 6,25 mil, respectivamente.
A estrutura montada para os desfiles dos blocos caricatos e das escolas de samba, na avenida Afonso Pena, também será alvo de um cuidado especial neste Carnaval.
Entre as novidades estão à pintura do asfalto na cor branca, que valoriza as fantasias e adereços, a instalação de um cronômetro visível na avenida, melhorias na estrutura de som e na iluminação do espaço e arquibancadas com mais conforto.
ORDEM DOS DESFILES Início: 19h Grupo Especial Unidos da Zona Norte Corsários do Samba Estivadores do Havaí Infiltrados de Santa Tereza Bacharéis do Samba Por Acaso Invasores do Santo Antônio Mulatos do Samba Inocentes de Santa Tereza Vila Estrela Grupo De Avaliação Real Grandeza Conheça os Blocos Caricatos do Carnaval de Belo Horizonte 2018 e seus sambas Unidos da Zona Norte (UZN) Responsável por abrir o desfile, o UZN foi fundado em 2015 e faz neste ano sua segunda participação no Grupo Especial.
De vermelho e branco, o bloco pretende celebrar as antigas brincadeiras de criança.
Nesse espírito, os cerca de 90 integrantes prometem relembrar na avenida a bola de gude, o bambolê e o carrinho de rolimã, ao som do samba tema de Janjão e Mandruvá.
Lembrança das Antigas Brincadeiras de Criança (Janjão/ Mandruvá) Entra nessa roda Vamos cirandá Eu quero vê a passarela balançar Vê se lembra sinhô Vê se lembra sinhá O Carnaval que a Zona Norte Vem mostrar Ainda guardo na minha lembrança As brincadeiras que papai nos ensinou No palco da vida já rodei pião O futebol que sempre foi minha paixão Até o céu nesse chão vamos marcar Sou criança, amarelinha quero pular Corrida de saco, passa anel Bola de gude, bambolê Pêra, uva ou maçã, Vem passear no meu carrinho de rolimã Corsários do Samba Fundado em 1962, tradição é o que não falta ao Corsários do Samba: é o bloco mais antigo entre todos os que participarão do Carnaval de Belo Horizonte.
Com cerca de 100 integrantes, o bloco se mantém fiel às origens e vai para a avenida sem divisão em alas, celebrando a folia através do tema “A Beleza do Carnaval”.
Embalado pelo samba de Guilherme Mocidade, um dos destaques do desfile deve ser a participação da Corte Momesca.
A Beleza do Carnaval (Guilherme Mocidade) Diretamente do bairro Floresta Com o peito em festa e o coração a gargalhar A beleza do Carnaval Na passarela alegremente vou mostrar Olha a bruxa e o arlequim Cigana, odalisca e pierrot Palhaço e marinheiro Nesse turbilhão de esplendor (bis) A mulata sambando, o confete caindo O couro comendo e o povo aplaudindo (bis) Meu bloco vem fazendo a festa Encantando a multidão Bailarina, índio, havaiana Vem cantar comigo este refrão É Carnaval, estou nos braços do povo Com meu corsário desfilando aí de novo A festa é nossa, vamos brincar A noite inteira até o dia clarear (bis) Estivadores do Havaí “Ilusionismo, magia ou feitiço?” é a pergunta que o Bloco Caricato Estivadores do Havaí, fundado em 1984, fará para o folião neste Carnaval.
Abordando quatro mil anos de espetáculos de mágica, o bloco vai para a avenida com 160 integrantes e cinco alegorias móveis e promete confundir e intrigar o público com um desfile repleto de truques de mágica.
Ilusionismo, Magia ou Feitiço? (Juólison Luiz) Tem história tem magia Nessa estrada que é real Infiltrados contagia ao chegar no Carnaval Quem te conhece não esquece jamais Terra de riqueza, oh Minas Gerais Nas terras de Minas encontram Tanta riqueza que o mundo encontrou Negros foram feitos de operários Em suas costas tanto ouro carregou Tudo começou em Ouro Preto Em Diamantina também passou Mariana, Itabira, Sabará Em Paraty o ouro chegou A alegria de ver nossa riqueza brotar Abram alas que os infiltrados vão passar Nessa estrada real agora cantar Nesta cidade tudo é festa e carnaval Aleijadinho que bom ter você Nessa história pro mundo vê José Joaquim da Silva Xavier Tiradentes é o que é Infiltrados de Santa Tereza Fundado em 2009, por moradores da Vila Dias, no bairro Santa Tereza, o bloco Infiltrados de Santa Tereza exaltará a história da Estrada Real no Carnaval de 2018.
Com música e letra de Gugu de Souza, o samba enredo fala dos caminhos do interior pelos quais a estrada passava, cortando todo o estado de Minas Gerais.
O bloco promete levar cerca de 90 integrantes para a avenida.
Estrada Real (Gugu de Souza) Tem história tem magia Nessa estrada que é real Infiltrados contagia ao chegar no Carnaval Quem te conhece não esquece jamais Terra de riqueza, oh Minas Gerais Nas terras de Minas encontram Tanta riqueza que o mundo encontrou Negros foram feitos de operários Em suas costas tanto ouro carregou Tudo começou em Ouro Preto Em Diamantina também passou Mariana, Itabira, Sabará Em Paraty o ouro chegou A alegria de ver nossa riqueza brotar Abram alas que os Infiltrados vão passar Nessa Estrada Real agora cantar Nesta cidade tudo é festa e Carnaval Aleijadinho que bom ter você Nessa história pro mundo vê José Joaquim da Silva Xavier Tiradentes é o que é Bacharéis do Samba Fundado em 1º de dezembro de 1965, o bloco é composto por integrantes dos bairros São Pedro, Morro do Papagaio, Vila Estrela e Vila Santa Rita e já conquistou o título de campeão do Carnaval em 2007 e 2008.
Em 2018, o Bacharéis vai para a avenida com o tema “Pintando o Sete”, abordando a simbologia da expressão, além de outras curiosidades sobre o número sete.
Com 160 integrantes, divididos em quatro alas, o bloco promete fazer um desfile alegre e bem humorado, ao som do samba de Guilherme Mocidade.
Pintando o Sete (Guilherme Mocidade) Vamos colorir nossa folia Contagiando corações Pintores e suas paletas Sambando com sete anões O cavaquinho dá o tom da alegria E a bateria, arrepia que legal Vem comigo nessa festa Vamos lá, a hora é essa Dias da semana, notas musicais Cores do arco-íris, pecados capitais De amarelo e preto, vou desfilar E o sete na avenida exaltar (bis) Palhaços no camarim Retocando a maquiagem Todo povo a aplaudir Hoje tem sessão de traquinagem Por favor, não me leve a mal Vou fazer estripulia neste carnaval (bis) Meu Bacharéis querido Pisa forte na passarela Vem pintando o setembro Em forma de uma linda aquarela (bis) Por Acaso Criado em 2008, o bloco vai homenagear a Pampulha, cujo conjunto arquitetônico recebeu, no ano passado, o título de Patrimônio Cultural da Humanidade.
Os 180 integrantes entrarão na avenida vestindo fantasias de pescadores, turistas, ciclistas, jogadores, entre outras.
Haverá, ainda, uma homenagem a Iemanjá.
O samba do bloco Por Acaso, que foi campeão em 2010 e 2013, é de autoria de Wanderley Moreira, Marcos Valente e Everton do Cavaco.
Neste Carnaval o Por Acaso Apresenta a Pampulha Patrimônio Mundial (Wanderley Moreira, Marcos Valente e Everton do Cavaco) Explode a emoção ôôôô O Por Acaso anunciou: é Carnaval Eu sou Pampulha, patrimônio da cultura mundial (BIS) Otacílio Negrão de Lima seu idealizador Construída por Juscelino Kubitschek, e com teus traços Niemeyer eternizou Ó pescador está em festa o gigante, no clássico tradicional De emoção eu vou correndo, na Volta Internacional Janaína êêêê eis teu novo mar ááá Para ti jardins, salve a Rainha Mãe Iemanjá (BIS) Famílias e familiares no domingo vêm pra ver os animais Por tuas ruas a modernidade vê manhãs inigualáveis Cria tardes imortais, passando vou pra Casa do Baile nos Festejos da virada da nossa BH Pampulha… Tens na fé o teu tesouro Portinari com teus pincéis de ouro louva São Francisco de Assis Na maior roda gigante quero estar Chegou a hora o Por Acaso vai passar… Invasores do Santo Antônio “Rua da Bahia, a porta da cidade, em cada esquina uma saudade” é o enredo proposto pelo Invasores do Santo Antônio.
O bloco vai falar de bares famosos, de personalidades que têm a história ligada à rua e de locais que estão intimamente ligados à história de Belo Horizonte, como o Edifício Maletta e o Minas Tênis Clube.
Ao som do samba composto por Murilo José dos Santos, o bloco deve levar cerca de 80 integrantes à avenida.
Rua da Bahia, a porta da cidade, em cada esquina uma saudade (Murilo José dos Santos) Com a cara e a coragem Agora é pra valer Os Invasores faz a festa E o convidado é você Tem cheiro de festa no ar A passarela é o nosso salão Só quero sorrir, só quero brincar Na rua do meu coração A vida é esta meu amor… A vida é esta (BIS) Subir Bahia e depois descer Floresta Tô cansado vou de bonde No Maletta vou passar, Minas Tênis, Izabela, Meu amor estuda lá, Como era bom iá-iá, como era bom… Chope gelado, Bar do Ponto e Trianon Me abraça, me beija Me leva pra lá (BIS) É na Rua da Bahia Que as águas vão rolar Mulatos do Samba Fundado em 2008, o Mulatos do Samba é o atual campeão do Carnaval de Belo Horizonte.
Para defender o título, o bloco aposta em um enredo que alerta para a necessidade de preservação da Amazônia, denunciando o desmatamento ilegal, as queimadas e o tráfico de animais.
Os 170 integrantes participarão do desfile divididos em cinco alas, ao som do samba composto por Betô.
Amazônia Perfeita Criação Pulmão do Mundo Tesouro da Terra Se Não Cuidar Essa Riqueza Vai Embora (Betô) Amazônia, pulmão do mundo Oh tesouro da Terra O leito do rio, a fauna e a flora Se não cuidar essa riqueza vai embora (2x) Ó formosa é a floresta soberana desse chão Raízes profundas, paraíso verde da imensidão O índio verdadeiro dono da floresta Emite um alerta de preservação Sente a reação da natureza que responde com tristeza Aquecimento global, a chuva que cai forte A fonte da vida que sofre O homem causa a dor da sua morte Sangue na mata é derramado, solo queimado E a lei do machado Salve a mãe natureza antes que o mal aconteça E não tenha mais solução Tupã guardião das matas Estende as mãos e pede com razão Que cuidem do verde sem ganância E parem com a destruição Que te quero verde, Mulatos do Samba Cantem com emoção Seu intenso verde, Amazônia é a perfeita criação (2x) Amazônia… Inocentes de Santa Tereza O bloco, que participa do Carnaval de Belo Horizonte desde 1973, vai levar 160 integrantes divididos em cinco alas.
O enredo proposto é uma homenagem ao seriado ‘Chaves’ e ao protagonista: “Criança gulosa demais, transmite tanta alegria e no outro dia quero mais”, como explica o samba composto por Gugu de Souza.
Chaves (Gugu de Souza) Que maravilha um programa de TV Turma do Chaves alegria para você É o Inocentes feliz com raça e tradição Que vem falando dessa turma com emoção (2xBIS) E a Chiquinha invejosa pra danar Quico exibido que chora sem parar Olha a bruxa ai que ta nervosa demais e não consegue conquistar o seu rapaz Com os Inocentes feliz o meu sonho se satisfaz Na minha TV turma do Chaves quero mais Dona Florinda A Dona Florinda convidou pra um café o seu amor Professor linguiça aceitou E o seu buquê ele entregou… Dona Florinda (2xBIS) E o a toa não quer trabalhar, o Seu Madruga o aluguel não vai pagar O Seu Barriga não desiste de cobrar, quatorze meses ele espera sem cansar O Chaves criança gulosa demais Transmite tanta alegria E no outro dia quero mais (2xBIS)
Acadêmicos de Vila Estrela Fundado em 2011, o bloco do Aglomerado Santa Lúcia, que foi campeão em 2014, levanta o estandarte da causa feminista neste Carnaval.
Serão homenageadas cinco mulheres que, ao longo da história do Brasil, lutaram por seus ideais: Dandara, Chica da Silva, Tia Ciata, Bertha Lutz e Maria Bonita.
Os cerca de 200 integrantes vão agitar a Afonso Pena ao som do samba enredo “Mulher brasileira: heroína nacional”, de Vavá Maia, Julio Braga, Klarck Almeida e Toninho Gentil.
Mulher brasileira: heroína nacional (Vavá Maia, Julio Braga, Klarck Almeida e Toninho Gentil) Hoje Vou com meu bloco pra avenida Exaltar a quem dá vida Abraçar a flor mulher Deusa da beleza universal Na meiguice na bravura Heroína nacional Mulher ô mulher Tu és a arte, és a luz do criador És a força mais vibrante A pureza do amor Chica da Silva Companheira do contratador Dandara, guerreira Que à escravidão não se curvou Tia Ciata, baiana da festança e do tambor Na Praça Onze onde o samba começou Bertha Lutz, grande feminista que lutou Pelo voto e a igualdade da mulher O seu sonho conquistou No sertão a musa destemida do Nordeste Maria Bonita deu o seu amor a Lampião Vai Vila Estrela Vermelho e branco Arrastando a multidão Com as mulheres na avenida Fazendo a revolução Real Grandeza O Bloco Real Grandeza é estreante no Carnaval.
Por estar no Grupo de Avaliação desfila por último e sem patrocínio, mas com muita alegria.
O enredo faz uma crítica à situação atual do país, mesclada com a magia do palhaço de circo, em busca da leveza dos antigos carnavais.
O bloco deve levar cerca de 70 integrantes à avenida.
Na brincadeira e na alegria somos palhaços (Ubiratan dos Santos Custódio) Vem cair no samba, vem sambar Se divertir, extravasar Real Grandeza no maior astral Somos todos palhaços nesse carnaval (bis) Vamos homenagear dois grandes artistas De azul, vermelho e branco na avenida vou desfilar Das suas gravações tem o sapo Jururu, E os escravos de Jó e o samba Lelê Alô criançada o circo chegou ôô E o palhaço que é… É ladrão de mulher Ôôôô na brincadeira e na alegria Ôôôô o palhaço Bozo e o palhaço Carequinha (bis) Somos todos palhaços na arte, saúde e educação De azul, vermelho e branco alegra o meu coração.
Real emoção até o fim eu quero ver Aplaudir do Oiapoque ao Chuí.