O clima de carnaval é descontraído e animado, mas não quer dizer que seja um espaço para ignorar a cidade vizinha da capital mineira. Nesse domingo (03), o bloco “Chama O Síndico” trouxe diversas placas em seu trio elétrico lembrando da tragédia, além de escritas de protestos contra a empresa mineradora Vale: “Não foi um acidente”.
Entre músicas agitadas, gritos de “Fora Vale!” foram cantados pelo público. Além disso, manifestações artísticas foram feitas pelos dançarinos, deitando no chão quente e com placas escritas: “Vale assassina”. Ao final do bloco, o cantor leu o poema de Carlos Drummond de Andrade “O Rio? É Doce, a Vale? Amarga”, para finalizar as considerações sobre o crime ambiental.
Dentre os dançarinos, Felipe Marcelo, morador da cidade de Brumadinho, marcou presença, junto de sua família no bloco à convite do “Chama O Síndico”, já que em sua cidade não há carnaval para se comemorar.
“Foi um mês muito difícil na nossa cidade, uma tragédia, devastou tanto, perdi amigos de casa, aí junta com pessoas próximas, somam vinte pessoas, aí conhecidos já dão cinquenta, no total eu cheguei a perder quase cem pessoas. A gente querendo dar o apoio, indo atrás, mas todos nós nos enfraquecemos. Mas temos que nos instituir, da mesma forma que recebemos muitas forças lá, trouxe, de certa forma, uma força maior. E também viemos aqui para poder espairecer, ter uma válvula de escape, porque nosso corpo cansa e pede um alívio.”