O ano de 2017 foi bem conturbado no campo político. E um dos assuntos que mais “deu pano pra manga” foi a Reforma da Previdência. Os planos do governo Temer de inciar 2018 com novas regras de aposentadoria foram frustrados devido aos muitos escândalos envolvendo, inclusive, o presidente.
Existem dois principais argumentos que os defensores da reforma usam para defender as mudanças: o primeiro é de que há um deficit na previdência, esse argumento é muito questionado entre especialistas que argumentam que as contas do governo são questionáveis. Há inúmeros relatórios questionando a metodologia de cálculo usada pelo planalto que apresenta o tal deficit, além do relatório da CPI da Previdência que concluiu que não há deficit. O outro argumento é de que é preciso acabar com privilégios, sim é preciso, mas cuidado. O próprio Michel Temer recebe uma aposentadoria bem gorda desde os 55 anos de idade.
Veja bem leitor, a ideia aqui é pensar se realmente há a necessidade de uma reforma tão dura com o povo. Explico melhor: no dia 2 de junho de 2017 o jornal Gazeta do Povo, publicou uma matéria com a lista dos 500 maiores devedores da previdência. São grandes empresas que devem bilhões ao sistema previdenciário do país. Se os cálculos do governo estão realmente corretos, a cobrança das dívidas dessas empresas sanaria os problemas de deficit sem mexer com o tempo de contribuição e os benefícios do trabalhador. A conta é simples. No entanto, essas dívidas não vão ser cobradas pelo governo Temer, não foram cobradas pelo Governo Dilma e também não foram cobradas pelos antecessores Lula e FHC. Quando a dívida fica muito alta, o governo federal lança um programa de refinanciamento, muito favorável as empresas. Inclusive esse foi um recurso utilizado por Michel Temer para conseguir votos para barrar as denúncias de envolvimento com Joesley Batista.
E sabe por que é mais fácil cobrar de mim e de você, caro leitor? Porque essas empresas investem em campanhas eleitorais, veja o caso da JBS, dos irmãos Batista, que foi a maior doadora de campanha em 2014 e é a segunda maior devedora da previdência. Coincidência, não?
É fato, que existem muitos privilégios em algumas aposentadorias, mas a grande parcela da população que é o alvo da Reforma da Previdência e que trabalha duro a vida inteira, não chega perto de receber um benefício que seja realmente proporcional e justo a sua vida de trabalho. Longe de mim querer que as empresas vão à falência, só que fico cansado desse sistema injusto em que as pessoas que passam a maior parte do tempo de suas vidas fora de casa, trabalhando para colocar comida na mesa, paguem com o próprio suor a boa vida daqueles que já têm muito. Essas mudanças que estão propondo não são para melhorar a vida financeira do país, elas existem por uma necessidade de mercado. E existem muitos outros privilégios que governo nenhum tem coragem de fazer um discurso de corte tão duro. Por exemplo, no auxílio terno, auxilio moradia, auxilio creche e outros benefícios que juízes, promotores e políticos recebem. Enquanto você leitor, com seu salário tem que pagar aluguel, sua comida, suas roupas.
Será que existe mesmo a necessidade de uma Reforma da Previdência que tenha o objetivo de sacrificar mais ainda a vida do trabalhador? A discussão não terminou, apenas foi adiada e vai retornar com o ano novo. Vamos pensar, refletir, criticar. O ano que se aproxima promete dias intensos, além de 12 feriados prolongados. Nos vemos em 2018 com muito assunto e muitas discussões.
Boas festas!
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