A CineBH – Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte chega a sua 13a edição no próximo dia 17 de setembro, seguindo com intensa atividade de exibição de filmes e várias outras atrações até o dia 22. Serão cinco espaços culturais ocupados na cidade: Fundação Clóvis Salgado (Palácio das Artes), Sesc Palladium, Cine Theatro Brasil Vallourec, Teatro Sesiminas e MIS Cine Santa Tereza. Durante os seis dias de programação gratuita, a mostra exibe 85 filmes nacionais e internacionais, entre pré-estreias e retrospectivas (24 longas, 3 médias e 58 curtas-metragens), num total de 43 sessões de cinema, produções de 11 estados brasileiros e o Distrito Federal (BA, DF, ES, MG, PB, PE, PR, RJ, RS, SC, SE, SP) e seis países – Argentina, Brasil, Colômbia, EUA, França e Portugal.
“A Mostra CineBH é o evento de cinema da capital mineira. Um espaço de formação, intercâmbio, lançamento e discussão da mais significativa produção cinematográfica atual. A cada edição renova seu compromisso de estabelecer diálogo entre as culturas, ampliar as oportunidades de negócios para o cinema brasileiro e promover a conexão de profissionais com o mercado audiovisual em intercâmbio com o mundo”, destaca Raquel Hallak, coordenadora geral do evento.
Na noite de abertura, agendada para o 17 de setembro, terça-feira, às 20 horas, no Cine Theatro Brasil Vallourec, a Universo Produção, empresa responsável pela Mostra CineBH, fará a entrega do Troféu Horizonte à produtora mineira Filmes de Plástico, homenageada desta edição que completa uma década de atuação e se tornou um dos casos mais interessantes e conhecidos de projeção mundial do cinema brasileiro. Na sequência, o público poderá assistir, em pré-estreia nacional, “A Vida Invisível”, novo longa-metragem do diretor cearense Karim Aïnouz, que saiu vencedor da mostra Un Certain Regard, no Festival de Cannes (em maio) e acaba de ser escolhido para representar o Brasil no Oscar 2020. O filme é uma adaptação do romance de Martha Batalha sobre duas mulheres enfrentando opressões e dificuldades na sociedade brasileira dos anos 1950.
Tanto a escolha da homenageada, quanto a escolha do filme de abertura dialogam com a temática central da Mostra desta edição, “A internacionalização do cinema brasileiro e os desafios para o futuro”, que será apresentada em performance durante a abertura e, no decorrer da programação, em filmes e debates com a proposta de gerar uma reflexão sobre a presença marcante da produção brasileira nas telas dos festivais e eventos internacionais.
Integra a programação da 13a Mostra CineBH, o Brasil CineMundi – 10th International Coproduction Meeting, importante evento de mercado que celebra uma década de realização promovendo a conexão entre a produção brasileira e a indústria audiovisual internacional, além de ser um espaço formação, difusão de ideias e de projetos de coprodução. A Mostra ainda conta com debates, masterclasses, painéis, oficina, workshops, Mostrinha, sessões cine-escola e atrações artísticas.
TEMÁTICA E HOMENAGEM
Diante do atual cenário de incertezas políticas e econômicas que acometem mais uma vez o audiovisual brasileiro, a 13a CineBH adota o tema “A internacionalização do cinema brasileiro e os desafios para o futuro”. A ideia é colocar em discussão a presença maciça da nossa produção no exterior e as suas contradições dentro do próprio país, onde está constantemente lutando para continuar existindo e se mostrar relevante diante de seu público. Sob curadoria dos críticos Francis Vogner dos Reis e Marcelo Miranda, a temática foi pensada num ano especial, em que filmes como “Bacurau”, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, e “A Vida Invisível”, de Karim Aïnouz, receberam prêmios importantes em Cannes. “Com esforço profissional e governamental para consolidar relações de coprodução e a estruturação de um circuito de festivais locais, com quase 200 eventos anuais que ajudaram a criar um campo de visibilidade de filmes independentes e de debates em torno dessa produção, o cinema brasileiro ganhou o país e o mundo”, destaca Francis Vogner.
Desde 2015, somam-se 166 títulos brasileiros selecionados em mostras competitivas, paralelas ou sessões especiais de Cannes, Berlim, Locarno, Roterdã e Veneza – considerados os eventos mais importantes para exibição no mundo. Além destes, coproduções brasileiras e longas, médias e curtas-metragens do país estiveram em vários outros espaços importantes, como FID-Marseille, Toronto, Indie Lisboa, Sundance e Bafici, além de projetos selecionados para laboratórios ou encontros de mercado nos circuitos da Europa, Estados Unidos e América Latina.
A partir da proposta de internacionalização do cinema brasileiro, a 13a CineBH vai homenagear a produtora mineira Filmes de Plástico, que completa uma década de atuação neste ano de 2019. Criada por André Novais Oliveira, Gabriel Martins, Maurílio Martins e Thiago Macêdo Correia, a empresa virou um “case” mundial ao se tornar uma das principais caras do cinema brasileiro em festivais e eventos internacionais. Isto se deve a uma constante e bem-sucedida presença de trabalhos do grupo em grandes circuitos de exibição desde 2013, quando o curta-metragem “Pouco Mais de um Mês”, de André Novais e exibido na Mostra de Cinema de Tiradentes, foi selecionado para a seção Quinzena dos Realizadores, no Festival de Cannes.
Os quatro integrantes da Filmes de Plástico estarão presentes na abertura no Cine-Theatro Brasil Vallourec. No dia seguinte (18), vão promover uma masterclass nas dependências do Palácio das Artes para apresentar sua história e formas de trabalho, produção e circulação. A programação da mostra exibirá ainda três sessões de retrospectiva da Filmes de Plástico, com títulos que marcam sua trajetória – entre eles o primeiro projeto, o curta “Filme de Sábado” (2009), e o mais recente, o longa “No Coração do Mundo” (2019).
Em mais uma edição da mostra Diálogos Históricos, a atenção deste ano é para filmes que completam quatro décadas desde seu lançamento, refletindo um Brasil que, em 1979, estava à beira de sair da ditadura militar, apesar de ainda mal resolvido com suas questões históricas mais urgentes. Em vários sentidos, estes longas-metragens fazem uma ponte instigante com o atual momento da política e sociedade brasileiras, mostrando que a complexidade do país é cíclica e muitas vezes chocante. Todos os três filmes serão comentados pelo conservador-chefe da Cinemateca do MAM Hernani Heffner. São estes: “República dos Assassinos”, de Miguel Faria Jr; “Inquietações de uma Mulher Casada”, de Alberto Salvá, e “Maldita Coincidência”, de Sérgio Bianchi.
PRÉ-ESTREIAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS E A CIDADE EM MOVIMENTO
Na Mostra Contemporânea presente no CineBH, com curadoria de Francis Vogner dos Reis e Marcelo Miranda, destaques brasileiros e internacionais em pré-estreia em Belo Horizonte. Do Brasil, serão exibidos vários títulos com repercussão internacional, refletindo a temática do evento. Os filmes são “Animal Indireto”, de Daniel Lentini (RJ); “Os Príncipes”, de Luiz Rosemberg Filho (RJ); “Os Filhos de Macunaíma”, de Miguel Antunes Ramos (SP); “Diz a Ela que me Viu Chorar”, de Maíra Büheler (SP); “A Noite Amarela”, de Ramon Porto Mota (PB); “Os Dias sem Tereza”, de Thiago Taves Sobreiro (MG); “Os Jovens Baumann”, de Bruna Carvalho Almeida (SP); e “Nietzsche Sils Maria Rochedo de Surlej”, de Julio Bressane e Rodrigo Lima (RJ).
Nos títulos estrangeiros, haverá exibições de “Paul Sanchez Está de Volta!” (França), de Patricia Mazuy; “Danças Macabras, Esqueletos e Outras Fantasias” (França/Portugal), de Rita Azevedo Gomes, Pierre Léon e Jean-Louis Schefer; “Por El Diñero” (Argentina), de Alejo Moguilansky; “Nightmare Cinema” (EUA), de Mick Garris, Joe Dante, David Slade, Ryuhei Kitamura e Alejandro Brugués; “A Vingança de Jairo” (Colômbia), de Simón Hernández; e o curta “O Mar Enrola na Areia” (Portugal), de Catarina Mourão.
A seleção de curtas-metragens brasileiros que integra a Mostra Contemporânea exibe 14 filmes de seis Estados (MG, PE, PR, RJ, SE, SP). Os filmes se dividem em três grupos: a radicalidade inventiva do experimento com imagens, sons e símbolos; o testemunho da história, seja como intervenção no presente ou evocação da memória política; e a narrativa como exploração potente do imaginário popular, além de uma sessão especial de Curtas no Almoço que propõem exercícios narrativos nada ortodoxos.
Em sua quarta edição, a mostra A Cidade em Movimento tem curadoria da pesquisadora Paula Kimo e propõe a exibição, reflexão e discussão de produções audiovisuais feitas na capital mineira e que tratem da vivência e experiência de estar e ocupar a cidade e sua região metropolitana. Serão 24 títulos, entre curtas e médias-metragens, divididos em cinco sessões temáticas, todas acompanhadas por Rodas de Conversa com convidadas especiais depois das exibições. As sessões acontecem diariamente, entre 18 e 22, às 19 horas de quarta a sábado e às 18 horas no domingo, no Cine Sesc Palladium – Sala Prof. José Tavares de Barros e, para o bate-papo, no foyer do Sesc Palladium.
BRASIL CINEMUNDI – O EVENTO DE MERCADO DO CINEMA BRASILEIRO
A capital mineira é a sede do Brasil CineMundi – International Coproduction Meeting, que acontece em edições anuais e consecutivas desde 2010 e chega a sua 10a edição em 2019. Consolidado e caracterizado como evento de mercado do cinema brasileiro, o empreendimento promove um encontro internacional de coprodução com atividades diversas de formação, capacitação, difusão e negócios que visam a inserção do cinema brasileiro no mercado global, a profissionalização do setor, a conexão de profissionais, ações de intercâmbio e cooperação internacional. Neste ano, um total de 22 projetos vêm a Belo Horizonte em busca de parceria e coprodução nos encontros com profissionais no Brasil CineMundi.
A seleção foi feita pelos produtores Paulo de Carvalho (Alemanha), Gudula Meizolt (Alemanha) e Séverine Roinssard (França), pelo crítico Pedro Butcher (Brasil) e pela Universo Produção. Os 22 projetos estão distribuídos em três categorias: CineMundi (10), DocBrasil Meeting (6) e Foco Minas (6). Os selecionados vêm de oito estados brasileiros: Minas Gerais (9), Rio de Janeiro (5), São Paulo (3), Bahia (1), Espírito Santo (1), Pernambuco (1), Rio Grande do Sul (1) e Ceará (1). Os projetos serão discutidos e analisados numa série de encontros promovidos pelo Brasil CineMundi com a presença de 25 profissionais do audiovisual, entre produtores e programadores vindos de 15 países: Alemanha, Argentina, Benin, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Cuba, Espanha, Equador, França, Itália, México, Portugal, Suíça e Uruguai. Todos estarão disponíveis para trocas de ideias e experiências, orientações sobre métodos e caminhos para coprodução internacional, workshops, masterclasses e outras atividades.
Dentro das celebrações da primeira década de Brasil CineMundi, uma mostra especial, com curadoria de Pedro Butcher, vai exibir quatro longas-metragens cujos projetos iniciais passaram pelas conversas e rodadas de negócio do programa: “Rifle”, de Davi Pretto; “A Sombra do Pai”, de Gabriela Amaral Almeida; “Elon não Acredita na Morte”, de Ricardo Alves Jr; e “Éden”, de Bruno Safadi.
PROGRAMA DE FORMAÇÃO
Com o propósito de fornecer ferramentas conceituais e práticas para capacitação de profissionais, troca de experiências entre diferentes agentes do setor audiovisual, ao mesmo tempo, que propõe gerar intercâmbio, promover encontros, diálogos, discussões e estabelecer redes de contato e conexões globais com foco no mercado audiovisual, o Programa de Formação Audiovisual integra a programação da 13ª Mostra CineBH e do 10º Brasil CineMundi – Encontro Internacional de Coprodução. Nesta edição, o programa reúne 40 profissionais brasileiros e estrangeiros de destaque na cena audiovisual no centro de oito painéis, dois debates, quatro masterclasses, três laboratórios de roteiro, dois workshops e uma oficina.
CINEMA PARA A FAMÍLIA
Para formar novas audiências e inserir famílias e crianças na programação, a CineBH conta com a Mostrinha, apostando em futuros espectadores de cinema brasileiro. Serão exibidos 10 filmes, sendo nove curtas e o longa-metragem “D.P.A. 2 – O Mistério Italiano”. As sessões acontecem no Sesc Palladium e também no MIS Cine Santa Tereza.
Outra atividade de formação na Mostra é o Cine Expressão – A Escola vai ao Cinema, que une as linguagens cinema e educação para atender estudantes e educadores da rede de ensino com programação especial. Ao todo serão promovidas seis sessões de cinema que visam beneficiar mais de 3.000 alunos.