De 19 a 27 de julho, a UFMG realiza a 55ª edição de seu tradicional Festival de Inverno. De volta ao formato presencial, o evento vai promover conversas, shows, performances e mostras de diferentes manifestações culturais do país, em uma programação gratuita e aberta ao público, que pode ser consultada em www.ufmg.br/festivaldeinverno. Neste ano, o festival será realizado em parceria com o 22º Congresso Internacional de Estética – promovido pelos programas de Pós-Graduação em Filosofia e de Artes da UFMG -, que ocorrerá entre os dias 24 a 28 de julho na Universidade. As atualizações do festival podem ser acompanhadas por meio das redes sociais: facebook.com/festivalufmg e instagram.com/festival_ufmg.
“Neste momento de profundas transformações, é preciso reconhecermos que as múltiplas crises em que estamos imersos são também (talvez, antes de tudo) uma crise cultural”, assim começa o texto de apresentação do 55º Festival de Inverno UFMG. A proposta desta edição é justamente evidenciar como a cultura, mais do que nunca, está no centro das disputas políticas no Brasil hoje. Assim, a 55ª edição busca trazer para o debate as diferentes culturas que praticam e compartilham outras economias, políticas, sociabilidades e poéticas que se traduzem em outras estéticas.
Durante os 9 dias de evento, o público poderá acompanhar essas discussões por meio de uma programação diversificada, que inclui mesas redondas, lançamento de livros, oficinas e uma residência. Haverá ainda três exposições e doze apresentações artísticas, entre shows e performances. As atividades serão realizadas nos espaços culturais da Pró-reitoria de Cultura da UFMG (Procult): Centro Cultural UFMG, Conservatório UFMG, Espaço do Conhecimento UFMG, Espaço Acervo Artístico UFMG e também em outros locais no Campus Pampulha.
Abertura nesta quarta-feira
A abertura do Festival será no dia 19 de julho, quarta-feira, às 19h30, no Conservatório UFMG, com apresentação do pianista pernambucano Amaro Freitas. Um dos grandes nomes do jazz contemporâneo, Amaro apresentará um show solo, onde explora sonoridades experimentais num piano de cauda, que ora soa como piano, ora como percussão e outros instrumentos. Na apresentação, ele volta-se para a cultura nordestina, traduzindo o frevo, o baião, o maracatu, a ciranda e o maxixe para a linguagem do jazz moderno.
Mais cedo, às 14h, Freitas inaugura as atividades formativas do festival com o workshop ‘O piano moderno na rítmica afro-brasileira’, também no Conservatório UFMG. No minicurso, o pianista abordará temáticas que envolvem produção musical e o seu processo criativo e de improvisação.
Da Amazônia Central vem a artista indígena Uýra, que apresenta performance Espiral da Morte no dia 26/7, às 13h, na Praça de Serviços da UFMG, no Campus Pampulha. Na intervenção, a artista questiona “O que podemos aprender com as formigas sobre a diversidade da vida e a história dos povos indígenas nos mundos?“ e aborda dois fenômenos biológicos e dois fenômenos socioculturais no Brasil. Espiral da Morte foi apresentada em São Paulo, Rio de Janeiro, Nova York e Toronto e será apresentada pela primeira vez em Belo Horizonte.
No dia 28/7, Maurício Tizumba apresenta o espetáculo Galanga Chico Rei, às 19h no Conservatório UFMG. Na apresentação o ator, músico e congadeiro retoma a sonoridade do congado com composições inéditas de Paulo César Pinheiro, em performance que traça um panorama da fabulosa história da vida de Chico, rei de uma tribo do Congo que é trazido como escravo para o Brasil e se torna herói.
A programação traz ainda uma Jornada Hip Hop, que conta com a mesa redonda ‘Hip Hop, pesquisa e conhecimento’ e shows de MC Colombiana e Radical Tee. As duas atividades serão no dia 22/7, às 17h e às 19h30, respectivamente, no Conservatório UFMG.
Samba como patrimônio Cultural de Belo Horizonte
A programação cultural do 55º Festival de Inverno da UFMG promove também uma Jornada do Samba, que reúne oficinas sobre história do samba de BH, Mestre-sala e Porta-bandeira, enredo e percussão e a presença da mulheres na história do samba, além de uma grande roda de samba do Coletivo de Sambistas Mestre Conga, que encerra o Festival de Inverno no dia 27/7, às 19H, no Conservatório UFMG.
Com a Jornada do Samba, o Festival de Inverno soma esforços ao Projeto República, do Departamento de História da UFMG, e ao Coletivo de Sambistas Mestre Conga para o reconhecimento do samba como Patrimônio Cultural Imaterial de Belo Horizonte. Em 2023 iniciaram-se os trabalhos do Inventário Participativo, visando a construção de um dossiê que será apresentado ao Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Belo Horizonte para o reconhecimento do samba como Patrimônio Imaterial.
“A jornada do samba tem tudo a ver com a temática do festival, porque representa uma manifestação cultural que é insurgente, ou seja, ela se rebela contra a tristeza, a intolerância, a ausência de diversidade, contra muitos setores da sociedade que, infelizmente não entendem que existe uma diversidade sexual, racial, religiosa. Historicamente o samba é um elemento de revolta”, avalia o historiador Marcos Maia e um dos coordenadores do Coletivo de Sambistas Mestre Conga.
Cartas, fotografias e filtros de ar
O 55º Festival de Inverno UFMG apresenta três exposições inéditas, ‘Cartas aos escritores do meu ramo’, ‘RESPIRAÇÃO’ e ‘marco a n c e s t r a l’, e duas já em cartaz, ‘Culturas de Resistência – Substratos Transformadores’ e ‘Mundos indígenas’.
‘Cartas aos escritores do meu ramo’, apresentam cartas, manuscritos e publicações da escritora portuguesa Maria Gabriela Llansol (1931/2008) trocadas com a escritora e professora da UFMG Lucia Castello Branco e seus alunos, ao longo de anos de convívio poético e literário. Essas cartas e documentos abordam questões relativas à escrita, à psicanálise, à educação, aos textos de Llansol e Lucia, em particular, e à vida, em geral, ou ao “vivo”, como Llansol o nomeou.
Em ‘RESPIRAÇÃO’, a artista Shirley Paes Leme transforma filtros de ar condicionado de carros em obras de arte. A proposta é trazer a noção de alerta e a percepção aguçada do tempo, rememorando pistas, rastros e restos da vida cotidian. Os filtros evocam a relação estreita com o ar da cidade, o ar que respiramos.
Já a exposição ‘marco a n c e s t r a l’, de Edgar Kanaykõ, reúne fotografias do artista que trazem o olhar indígena para a universidade e para os espaços de arte da cidade. As obras se baseiam em registros fotográficos da sua comunidade e de outros povos, assim como de manifestações do movimento indígena no país.
Serviço:
55º Festival de Inverno UFMG – Emergências e insurgências: estética, políticas e culturas
19 a 27 de julho de 2023
Locais:
Centro Cultural UFMG, Conservatório UFMG, Espaço do Conhecimento UFMG, Espaço Acervo Artístico UFMG e Campus Pampulha.
Programação completa no site:
Toda a programação é gratuita.