O documentário “1964: o Brasil entre armas e livros” tem pouco mais de duas horas de duração e analisa as ações de guerrilhas de esquerda nos anos de 1960 e defende a tese de que o golpe que abriu o caminho para 21 anos de regime militar no país são consequência da “ameaça comunista”.
O longa, produzido pela produtora Brasil Paralelo, foi transmitido no último domingo em salas de cinema de São Paulo, Brasília e Belo Horizonte, por ocasião do aniversário de 55 anos do golpe, que o presidente Jair Bolsonaro determinou ao Ministério da Defesa que fizesse as “comemorações devidas”.
Após protestos nas redes sociais, a rede de cinemas Cinemark emitiu uma nota onde garantiu que o documentário foi exibido por “um erro de procedimento”. “Por padrão, não autorizamos em nossos complexos a divulgação de mídia partidária tampouco eventos de cunho político”, afirmou a empresa.
Na última terça-feira (02), os autores do documentário publicaram o vídeo na íntegra no YouTube, onde já registra mais de 3 milhões de visualizações e está em terceiro lugar nos vídeos em alta, isso até o final da noite desta quinta-feira (04). Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, também promoveu o filme em sua conta no Twitter: “Compartilhe, assista com a família e amigos!”, disse ele.
Mais tarde, Eduardo Bolsonaro publicou nova mensagem no Twitter criticando a rede de cinema por deixar de exibir o longa: “Total falta de respeito com seu consumidor. Cinema se presta a exibir filmes pouco importando se de direita ou esquerda. Então, por coerência, não deveriam exibir o filme do Lula e do Marighella. Liberdade é botar o filme em cartaz e permitir que o cidadão decida o que ver”.
Entre as personalidades entrevistadas no filme está Olavo de Carvalho, considerado o “guru” de Jair Bolsonaro; o escritor e jornalista Percival Puggina e o também jornalista Fernão Mesquita. O longa-metragem começa com vozes de alunos e professores que foram censurados nas universidades por conta do filme: “Eu me manifestei como voluntário para reproduzir esse filme na minha faculdade e eles me disseram que não era possível reproduzir esse filme, porque não condiz com a diretriz da faculdade”, disse a voz de um aluno.
“Nós não recebemos dinheiro público. Este trabalho depende do seu financiamento.”. Isso é deixado bem claro no início do vídeo e mais à frente, na metade do vídeo, através de uma legenda. A direção é de Filipe Valerim e Lucas Ferrugem que também assina o roteiro ao lado de Henrique Zingano.
Vídeo na íntegra sobre o regime militar:
https://youtu.be/yTenWQHRPIg